Verstappen golpeia Norris no round 1, mas luta ainda está longe do fim no GP dos EUA

Se Michael Buffer, o icônico locutor do boxe americano, fosse apresentar os dois rivais pelo título da F1, diante desta sexta-feira (18) nos EUA, diria, certamente, que Max Verstappen é aquele lutador astuto e forte, que tira proveito de cada vacilo do adversário, enquanto Lando Norris é o desafiante que tenta se esquivar de golpes certeiros. Mas que, neste primeiro round, não foi capaz de evitar a pancada. Só que é certo dizer também que o confronto está longe do fim, em Austin.

De fato, o tricampeão jogou Norris nas cordas ao cravar a pole da corrida sprint e será interessante entender como o inglês vai reagir, uma vez que precisa ganhar para se manter vivo na disputa. Lando sai apenas em quarto, tendo à frente Mercedes e Ferrari, além do próprio rival. Por isso, o cenário é tão complexo.

O caso é que o líder do campeonato obteve uma vantagem inesperada, especialmente devido aos problemas que a Red Bull enfrentava até o GP de Singapura. A pausa de quatro semanas fez bem aos taurinos, que voltaram revigorados, embora agora vivam sob uma nova polêmica. A controvérsia gira em torno de um dispositivo capaz de ajustar o ângulo do ‘front bib’ ou ‘T-Tray’ — ‘bandeja T’, em tradução livre, um suporte vertical localizado na parte frontal do carro, perto da suspensão dianteira, que cria um vão entre o bico e o início do assoalho.

Trata-se de um ajuste que provoca uma melhora significativa dos requisitos relacionados à altura do carro em volta rápida (com o tanque vazio) e na corrida (mais pesado por conta do combustível), podendo ser feito por um mecânico, mas o que levou a FIA a endurecer a fiscalização foi a possibilidade de haver um meio de isso ser feito pelo piloto dentro do cockpit. Há a suspeita de que a Red Bull usou do artifício em Singapura, com o carro ainda no parque fechado, o que é proibido pelas regras. A própria equipe confirmou a existência do dispositivo, mas garantiu que era um sistema “inacessível quando o carro fica totalmente montado e pronto para funcionar”.

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De toda a forma, o baile segue, porque a entidade que rege o esporte decidiu apenas inspecionar. Apesar do imbróglio, Verstappen impôs um revés duro em Norris. A pole não parecia tão fácil. Ainda que a Red Bull tenha encontrado um caminho para compreender melhor o RB20, o piloto #1 encontrou dificuldades ao longo da sexta-feira. O carro não apresentou um ponto forte e não liderou nenhum dos setores do circuito americano. Max fez a diferença em uma volta limpa e sem solavancos. De novo, tirou proveito das mazelas dos adversários.

E embora entenda que a prova de domingo é mais importante, o neerlandês também deixou claro que, neste momento, não dá para abrir mão de nada. E a pole da sprint ainda coloca em perspectiva a própria Red Bull, já que Sergio Pérez sequer se classificou para o Q3 — é claro que há um abismo técnico entre os dois companheiros taurinos, mas deixa uma pulga atrás da orelha sobre o verdadeiro desempenho do RB20. Talvez a sprint revele o ritmo real ou o mais próximo disso.

“Tivemos um bom dia. A classificação da sprint é sempre difícil, porque você usa médios, médios de novo e macios. Então, você nunca sabe o quanto pode forçar. Estou feliz com o dia de hoje, o carro funcionou bem o dia todo e estou feliz por estar em primeiro. Já fazia um tempo”, celebrou Verstappen, que não salta da pole desde o GP da Áustria. “Vamos fazer o melhor que pudermos na sprint, mas sabemos que a maior quantidade de pontos está no domingo. É lá que realmente queremos ir bem”, completou.

Mas se Verstappen pode se dar ao luxo de pensar mais no domingo do que no sábado, é o contrário que acontece com Norris. No papel de desafiante, o britânico da McLaren começa o fim de semana com muito o que se preocupar. Ainda que o Circuito das Américas não seja particularmente bom para o carro papaia, a equipe tem nas mãos um modelo que consegue se adaptar a todo tipo de pista. E apostando nisso, o chefe Andrea Stella ampliou as atualizações e, de fato, o MCL38 se mostrou rápido, como de costume. O problema é que a sexta-feira acabou sendo mais capciosa do que o time esperava.

Lando relatou problemas ao longo do dia, falou em falta de equilíbrio e entende que o acerto ainda não é o ideal, embora não culpe o pacote de novidades da McLaren. “Não muito bem — estou em quarto. Não foi um ótimo dia, tenho lutado o dia todo honestamente com o equilíbrio e a configuração. Então não foi um ótimo dia. Poderia ter sido pior ou melhor, mas vou aceitar. De certa forma senti que minha volta foi chocante”, disse o piloto #4.

“Espero seguir em frente, esse é meu plano, mas em ritmo, acho que estamos onde merecemos estar hoje, então meu plano é seguir em frente, mas não tenho ideia do quanto podemos”, emendou.

A frase reflete a posição de Verstappen, mas também de quem se classificou à frente. A verdade é que a F1 chega parelha aos EUA. Mercedes e Ferrari ainda serão elementos decisivos na batalha entre Max e Lando. Desta vez, George Russell surgiu forte nos instantes finais e quase roubou a posição de honra — ficou apenas 0s012 atrás do pole. Charles Leclerc figura logo atrás, a 0s2.

É bem verdade que se esperava mais da Ferrari, diante do início dos trabalhos em Austin — os pneus macios parecem ser o ponto de interrogação. Ainda assim, não dá para descartar os vermelhos, bem como as Flechas de Prata. Lewis Hamilton também poderia ter alcançado as primeiras filas, não fosse um erro primário na volta definitiva no Q3, acompanhado por uma bandeira amarela fora de hora.

Portanto, a sprint deste sábado será apenas um aperitivo da luta principal do domingo, mas nem por isso menos importante. Para Norris, vale tudo, mas o grid tão equilibrado joga a favor de Verstappen. Ao menos, neste primeiro round.

O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP dos Estados Unidos, em Austin e transmite sprint shootout, classificação e corridas em segunda tela, em parceria com a Voz do Esporte, na GPTV, o canal do GP no Youtube. Depois das atividades de cada dia, debate tudo o que aconteceu no Briefing. No sábado (19), a prova curta será às 15h (de Brasília, GMT-3), com a classificação às 19h. No domingo (20), a largada está marcada para as 16h.

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