McLaren até dá passo à frente com pacote aerodinâmico, mas ainda é insuficiente para liderar pelotão intermediário

A McLaren enfim conseguiu introduzir novas peças no MCL33, mas, apesar da boa avaliação e do passo à frente, a equipe inglesa ficou longe do desempenho esperado. O pacote aerodinâmico usado no GP da Espanha fez diferença, mas a distância para o top-3 segue. E ainda não é o bastante para se colocar na liderança do grupo intermediário do grid

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A McLaren prometia uma nova direção e um carro totalmente diferente a partir do GP da Espanha, como forma de se aproximar do top-3 e de se instalar como força a ser batida no grupo intermediário. E apesar do otimismo da cúpula do time de Woking – leia-se Éric Boullier -, foi Fernando Alonso quem enxergou o cenário como ele realmente é. Principal interessado no pacote, o bicampeão deixou claro que o avanço não colocaria a equipe “como um passe mágica” mais perto das três ponteiras. Mas que a esperança era de dar realmente um passo adiante. E, de fato, foi. 

 
A esquadra inglesa desembarcou na Catalunha com uma série de mudanças técnicas. A principal delas se viu logo de cara na quinta-feira, durante os procedimentos dos comissários de prova. A parte dianteira do MCL33 surgiu radical. Os projetistas da McLaren introduziram uma nova asa, além de um bico que trouxe um trio de aberturas – em uma solução derivada da Red Bull. A peça ganhou aletas verticais que direcionavam para a suspensão e um plano horizontal embaixo da asa. A ideia por trás da inovação era a de melhorar o caminho do fluxo de ar da área dianteira do carro para a parte traseira, trabalhando melhor a pressão aerodinâmica. Ou seja, a equipe buscou estabilidade e maior eficiência em termos de downforce.
O novo bico da McLaren para o GP da Espanha (Foto: Reprodução/Twitter)
O resultado: Alonso conseguiu, pela primeira vez em 2018, entrar na fase final da classificação. Já na corrida, o espanhol perdeu posições na largada e precisou se recuperar, até porque vinha em uma estratégia de pneus diferente de seus rivais. Ainda assim, Fernando mostrou a combatividade de sempre e somou pontos do oitavo posto.
 

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O avanço em termos de performance fica ainda mais claro ao comparar os números conquistados até aqui. Na Austrália, a diferença para a pole foi de 2s5. No Q2 da classificação – até onde o time foi -, Alonso teve um déficit de 1s7 para Sebastian Vettel, o mais veloz. E 0s631 para Carlos Sainz, que foi o melhor do grupo intermediário naquele treino. As marcas não mudaram muito no Bahrein. A distância para a pole seguiu em 2s5, enquanto no Q2 a desvantagem foi de 1s8 – e 1s para Nico Hülkenberg do pelotão do meio. E o desempenho se repetiu no Azerbaijão. Ou seja, a equipe seguiu a 2s5 do primeiro colocado do grid, e a 1s5 do mais veloz na segunda fase do treino classificatório. Para os concorrentes diretos, a margem foi de 1s – no caso, a Force India de Esteban Ocon. 
 
Os melhores números foram mesmo na China, onde a McLaren ficou mais perto de suas rivais. Em Xangai, a diferença para a pole-position foi de 2s1, sendo que a distância no Q2 para o mais veloz ficou em 1s3. Entre os adversários do bloco intermediário, a desvantagem foi de 0s738. Sempre levando em conta a performance de Alonso, que pontuou em todas as quatro corridas.
 
Aí chegou a vez da Espanha e do novo pacote. Em Barcelona, a vantagem do pole em relação ao melhor McLaren (de Alonso) ficou em 1s5. E a diferença entre o espanhol e Kevin Magnussen – o melhor do grupo do meio – foi de apenas 0s035. Em corrida, a McLaren foi 0s5 mais lenta que a mesma Haas. Quer dizer, a esquadra britânica registrou uma melhora significativa, mas ainda longe da ideal. 
 
Mesmo tendo conseguido se aproximar de suas rivais diretas – Haas e Renault –, a McLaren perde muito para as equipes ponteiras – que como disse o próprio Alonso, correm em uma liga separada, tanto que o vencedor Lewis Hamilton cruzou a linha de chegada com uma volta de vantagem. E ainda sofre com a crônica falta de velocidade de reta, e isso ficou claro nos registros de speed trap tanto de classificação quanto de corrida. Sem contar que Stoffel Vandoorne não completou a prova por conta de uma falha da caixa de câmbio. Foi o primeiro abandono da McLaren no ano.
Fernando Alonso, o homem que carrega a McLaren nas costas (Foto: McLaren)

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Após a prova, o espanhol reconheceu a melhora, mas também entende que é necessário um passo ainda mais à frente. "Sabíamos que as melhorias nos colocariam em uma posição melhor no grupo intermediário. Acho que alcançamos a Renault e, provavelmente, a Haas também. Porém, quanto às três principais equipes, acho que eles estavam desenvolvendo seus carros na mesma velocidade que nós e estão mantendo essa diferença, infelizmente."

 
"Então vai ser difícil. Nós demos um passo importante aqui. Nós estávamos a 0s8 da Renault na China e 0s850 em Baku. Aqui [Barcelona] terminamos em um nível muito similar tanto na classificação quanto na corrida", completou.

Verdade. Mas será suficiente? A realidade é que a McLaren depende de Alonso. O espanhol faz enorme diferença nesse desempenho, porque consegue maximizar o que tem nas mãos. Ainda assim, terminou a corrida 4s atrás de Sainz e muito mais de Magnussen. E não teve chance de entrar em luta direta com eles, e é esse o grande problema. Os resultados também fizeram a McLaren cair para a quinta posição no Mundial de Construtores. Então, a sensação é de que a realidade do time parece ser mesmo o desempenho de Vandoorne.

 
Na verdade, o conjunto de peças novas chegou bem atrasado. A ideia inicial era de estrear no GP da Austrália, mas acabou ficando mesmo para Barcelona, devido a uma série de mudanças de configuração das peças e de avaliação. O déficit de performance nas primeiras etapas do ano gerou um enorme mal-estar dentro do time inglês. De concreto mesmo só a demissão do diretor-técnico Tim Goss, o que apenas ajudou a chamar a atenção para o ambiente na equipe.  Daí chegou-se a especular a palavra crise, além de colocar o nome de Éric Boullier na berlinda. 
 
O francês, que mudou de cargo e agora responde diretamente ao CEO Zak Brown como diretor-esportivo, vem sendo questionado pelas decisões tomadas nos últimos anos e também sobre qualidade de seu trabalho na chefia da equipe. Boullier obteve sucesso na Lotus, foi o responsável pelo trazer Kimi Räikkönen de volta à F1 e soube lidar quando a equipe sofreu com problemas financeiros. Aí decidiu trocar o time pela McLaren em 2014. Neste tempo, obteve apenas um pódio, no GP da Austrália. A partir de 2015, enfrentou anos de fracasso com a parceira com a Honda e ajudou a costurar o acordão que trouxe a Renault para essa temporada. O time, de fato, deu sinais de recuperação, mas a situação é de urgência, especialmente agora que perdeu a ‘muleta’ do motor. Quer dizer, está tudo à flor da pele. 
Éric Boullier já tem o cargo questionado (Foto: Divulgação)
O carro precisa de ajustes certeiros e resultados rápidos. O primeiro grande passo foi dado neste último fim de semana, mas ainda não parece suficiente para comandar o pelotão intermediário, que é o objetivo mais próximo dessa McLaren que ainda busca a redenção. 
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