Mercedes acaba com espera e renova contrato de Hamilton para temporada 2021

A novela mais longa da Fórmula 1 nos últimos tempos teve um final feliz. Lewis Hamilton renovou por mais um ano seu contrato com a Mercedes e vai seguir no grid do Mundial, agora pronto para superar as marcas que faltam, chegar às contagens centenárias de vitórias e poles e se colocar no caminho do oitavo título mundial

A novela mais longa do esporte a motor nos últimos meses finalmente teve seu desfecho. E foi um final feliz. Nesta segunda-feira (8), Mercedes e Lewis Hamilton enfim assinaram a tão esperada renovação de contrato, assegurando oficialmente o heptacampeão mundial e o mais vencedor da Fórmula 1 em todos os tempos por ao menos mais um ano no grid. O britânico de 36 anos completados no último dia 7 de janeiro agora tem caminho livre para buscar os recordes e marcas que lhe faltam, como o oitavo título mundial e as contagens centenárias de poles e vitórias, por exemplo.

Foram muitas as nuances desta novela, que parecia seguir de forma tranquila para um desfecho antes do fim de 2020. Contudo, o fato de ter testado positivo para Covid-19 nos dias finais de novembro foi algo que atrasou os planos das duas partes e fez com que as conversas se arrastassem por mais algum tempo. Finalmente, através de um vídeo postado nas redes sociais, a Mercedes confirmou o novo vínculo.

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“Estou animado de ir para minha nona temporada com a Mercedes. Nossa equipe alcançou coisas incríveis junta e estou ansioso para levar nosso sucesso ainda mais longe, enquanto busco melhorar, tanto dentro quanto fora da pista”, disse Hamilton.

“Estou determinado em continuar a jornada que começamos para fazer o esporte a motor mais diverso para as futuras gerações e sou grato de que a Mercedes tem me apoiado extremamente para dar atenção a essa questão”, seguiu.

2020 foi o ano do Lewis Hamilton. E ele vai por mais em 2021 (Foto: AFP)

“Estou orgulhoso em dizer que estamos indo ainda mais longe neste ano com uma fundação dedicada a diversidade e inclusão no esporte. Estou inspirado por todos para o que podemos construir juntos e mal posso esperar para voltar às pistas em março”, completou o heptacampeão.

Nas primeiras semanas de 2021, com Hamilton juridicamente desempregado, uma vez que seu último vínculo com a Mercedes havia se encerrado no fim do ano passado, a imprensa europeia listou pontos que empacavam o tão esperado acordo. No novo contrato, por exemplo, há um compromisso de apoio do time ao piloto na busca por inclusão no esporte.

“Sempre estivemos alinhados com Lewis para continuar, mas o ano atípico que foi 2020 fez com que levasse um tempo para encerrarmos o processo. Juntos, decidimos estender a relação esportiva por outra temporada e começar um projeto de longo prazo para dar outro passo em nosso compromisso de promover a diversidade em nosso esporte. Os recordes de Lewis estão entre os melhores que o mundo do esporte já viu e é um valioso embaixador de nossa marca e dos nossos parceiros. A história de Lewis com a Mercedes já entrou para os livros de história de nosso esporte nas últimas oito temporadas, e estamos famintos para competir e adicionar mais capítulos aí”, resumiu o chefe Toto Wolff.

Um dos impasses ocorreu pelo aspecto financeiro da coisa. De acordo com o jornal Corriere della Sera, o heptacampeão não estava disposto a abrir mão de receber € 45 milhões (R$ 295,7 milhões). A quantia informada pelo diário italiano é um pouco maior que a informação trazida pelo periódico britânico Express, que deu conta de € 40 milhões (R$ 262,9 milhões) pedidos por Lewis para colocar a assinatura no novo contrato.

LEWIS HAMILTON; TOTO WOLFF; FÓRMULA 1;
Final feliz na Mercedes: a novela que se arrastou durante meses se encerrou (Foto: Mercedes)

Ocorre que foi reportado que a Daimler, empresa-mãe da Mercedes, não concordou em pagar o valor exigido por Hamilton na sua totalidade, uma vez que a matriz não deseja manter os custos elevados em tempos de incerteza econômica e de um panorama ainda bastante crítico para o mercado automobilístico. Por isso, a companhia presidida por Ola Kallenius tem como opção mais barata, George Russell, que impressionou a todos pela sua performance no GP de Sakhir, realizado no primeiro domingo de dezembro, em prova que o prodígio de 22 anos substituiu Lewis — que se recuperava após ter testado positivo para a Covid-19 — e quase venceu.

A Ineos, nova acionista da Mercedes, entrou na jogada, segundo o Corriere della Sera, se comprometendo a bancar parte do salário exigido por Lewis e evitar que o heptacampeão deixe a equipe. Mas segundo informações do periódico holandês De Telegraaf, a gigante petroquímica britânica não está disposta a arcar com os altos custos por mais que uma temporada.

Em entrevista à revista britânica Autosport, Wolff, chefe de equipe da Mercedes, se disse tranquilo sobre a questão, mesmo tendo na retina a decisão abrupta tomada por Nico Rosberg cinco dias depois de ter conquistado o seu único título mundial, em 2016. Pouco depois de chegar à maior glória da carreira, o alemão surpreendeu o mundo e anunciou sua aposentadoria das pistas com efeito imediato.

“Não me preocupa nem um pouco, porque sempre vou respeitar as decisões de Lewis, seja para ficar conosco por muito tempo, seja para deixar o esporte e buscar interesses diferentes”, assegurou o ex-piloto e hoje chefe e acionista da Mercedes.

Entretanto, Toto não descartou a possibilidade de Hamilton simplesmente sair de cena da Fórmula 1, mas mostrou confiança na continuidade do projeto. “Acho que devemos estar prontos para qualquer coisa que foi lançada sobre nós. Mas, ao mesmo tempo, conversamos muito e somos muito transparentes uns com os outros. Acho que temos mais a conquistar juntos”, complementou o dirigente.

No último dia 12, o De Telegraaf reportou outro entrave para que o novo acordo seja assinado: a equipe prefere que o contrato seja de apenas um ano de duração, só que Lewis prefere um vínculo plurianual, como foi desde que se uniu ao time, em 2013, sempre assinando contratos com duração de três temporadas.

Recentemente, no entanto, Wolff reforçou as suas convicções — e da Mercedes — em determinados aspectos: George Russell, ao menos para 2021, não era uma opção para a equipe heptacampeã do mundo, que preferiu manter o prodígio na Williams por mais uma temporada.

A outra questão era sobre o tempo de contrato, e o ex-piloto austríaco reforçou que o novo acordo de Hamilton não seria válido por três anos, como desejado pelo piloto. O chefe da Mercedes falou também sobre as surpresas que marcaram e atrasaram as negociações.

Entraves resolvidos, arestas aparadas e com tudo acertado entre as partes, restou somente o tão aguardado anúncio da assinatura no papel, reforçando a permanência da união mais bem-sucedida de um piloto com uma equipe na Fórmula 1.

Com a Mercedes, Hamilton conquistou, além de seis títulos mundiais, 74 vitórias, 72 poles e 116 pódios em 156 GPs disputados. Números que certamente serão ainda maiores em um futuro próximo.

Lewis Hamilton chegou ao patamar de piloto mais importante da história da F1 (Foto: Mercedes)

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2021 será a nona temporada de Hamilton pela Mercedes, a quinta com Valtteri Bottas como companheiro de equipe. O contrato do finlandês foi renovado no já distante mês de agosto, e por um motivo simples: Valtteri é mais exposto aos rumores da ‘silly season’ e a escuderia quis acabar com qualquer dúvida tão cedo quanto possível.

A permanência de Hamilton, entretanto, não muda a sensação de que há uma passagem de bastão na Mercedes. Toto Wolff já admitiu sofrer com o peso da chefia e a busca por um substituto já é discutida abertamente, apesar de não haver sinais claros de quando exatamente isso vai acontecer. Para Hamilton, fica também a impressão de que a jornada no grid da F1 tem fim próximo. E é bem provável que este seja, no fim das contas, seu último contrato com a Mercedes.

O anúncio de Hamilton cumpre a formalidade de completar a última vaga ainda oficialmente sem dono no grid da F1. Os 20 pilotos de 2021, três dos quais serão novatos, agora todos conhecidos do público.

Com a novela encerrada, fica a expectativa para o que vai poder trazer, enfim, a temporada 2021. A temporada que poderá marcar de vez a chegada de Lewis Hamilton ao Olimpo como o mais bem-sucedido piloto de todos os tempos na Fórmula 1, superando Michael Schumacher em número de títulos e escrevendo uma página única e maiúscula na história do esporte.

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