Mercedes cresce e Ferrari faz pouco: fio de esperança do GP da Rússia está na largada e na estratégia

A classificação do GP da Rússia apenas comprovou aquilo que já se desenhava desde a sexta-feira: um domínio assombroso da Mercedes. A única surpresa do dia foi ver Valtteri Bottas no lugar de Lewis Hamilton na pole-position. E a Ferrari ainda lambe as feridas depois de tomar 0s6 e tem na estratégia e na largada as únicas chances de reverter o doloroso cenário


As derrotas que sofreu para a Ferrari, especialmente em pistas que historicamente dominava, fizeram a Mercedes trabalhar duramente. Sim, a equipe italiana deu um passo enorme com relação ao desenvolvimento da SF70H e, durante a parte final da primeira metade de temporada e o início desta segunda fase do ano, se apresentou com o melhor conjunto do grid. Só que rival não ficou apenas observando e tratou de investir em suas deficiências – as mais visíveis: o comportamento dos pneus e a parte da traseira do carro, mas também de modo geral. Em Singapura, a esquadra alemã conseguiu minimizar aquilo que a fazia temer o circuito de Marina Bay, e Lewis Hamilton conquistou uma vitória importantíssima e ainda contou com o revés do erro de estratégia da adversária. Então, vem a Rússia com sua Sóchi pouco abrasiva e muito técnica, talvez um traçado mais propício à Ferrari, mas o que se vê é uma Mercedes forte de novo (ainda mais) e que lembrou muito dos anos de extremo domínio, não é coincidência. Por isso, a única surpresa da classificação acabou sendo mesmo Valtteri Bottas. 
 
Depois da nova dobradinha no terceiro treino livre, a Mercedes e Hamilton começaram a definição do grid esbanjando velocidade. Hamilton comandou com muito folga – inclusive para Bottas – as duas primeiras fases da sessão. Então, era de se imaginar que o inglês conquistaria uma pole fácil, talvez a mais fácil do ano. Mas surpreendentemente não foi o que aconteceu. Valtteri saiu forte para as voltas finais do Q3 e se colocou à frente de Hamilton, que – embora sobrando em um circuito que mal conseguia se entender no ano passado – exagerou nos momentos derradeiros e teve mesmo de se contentar com o segundo lugar. Depois da festa pela dobradinha, Lewis chegou a deixar transparecer certo incômodo com a derrota, o que é sempre perigoso – para os rivais. De qualquer forma, a performance apenas ratificou o nível de performance da esquadra da marca da estrela de três pontas. 
Lewis Hamilton e Valtteri Bottas celebram a primeira fila do grid (Foto: Mercedes)

A verdade é que os prateados trabalharam bem e souberam anular os problemas de superaquecimento dos pneus traseiros por meio de um eficiente pacote de atualizações – que começou a ser usado em Singapura, na verdade -, que incluiu também novas peças na parte traseira. No caso de Sóchi, os carros alemães se mostraram quase imbatíveis no terceiro setor do traçado e largam, sim, como favoritos à vitória, o que se configura em um duro banho de água fria para os ferraristas, uma vez que Vettel e companhia precisam de um resultado altamente expressivo diante dos seguidos contratempos nas últimas etapas, além da desvantagem preocupante de 40 pontos.

 
O problema é que a diferença de 0s6 na classificação deste sábado (29) é significativa. Os carros vermelhos encontraram dificuldades ao longo do dia, cometeram seus erros e jamais conseguiram equiparar os tempos no setor final da pista.Daí a razão para os resultados de hoje: Vettel e Kimi Räikkönen dividindo a segunda fila do grid, em um momento crítico para o time vermelho no campeonato.
 
Mas há um fio de esperança. E não só para a Ferrari, mas também para a corrida em si. A largada é sempre o momento de tensão e que pode até decidir a prova. Por isso, uma das chances é a esquadra vermelha tentar reproduzir aquilo que o mesmo Bottas fez em 2017. Ou seja, largar muito bem e superar os rivais antes mesmo da curva 2, lançando mão da enorme reta que separa o farol da freada forte. 
 
E esse cenário é interessante não só pela óbvia carga de adrenalina que envolve, mas também pela natureza do circuito russo, que oferece enorme dificuldades de ultrapassagem, como já se viu em edições anteriores com pouquíssimo número de ganho de posição. O próprio Vettel tem a experiência do ano passado. A questão aí é só conter o avanço de um Mercedes mais forte, ainda que seja necessário um ritmo muito maior para efetuar, de fato, a manobra. 
 
A outra possibilidade está na estratégia. Sem conseguir um mesmo nível de performance, a Ferrari acertadamente não arriscou e preferiu a marcação homem a homem com a Mercedes. Ou seja, todos largam com os ultramacios, ao contrário do restante do top-10, que vai mesmo de hipermacios para ter um desempenho mais veloz na parte inicial da corrida. Mas esse grupo não entra na briga da ponta, assim que as duas concorrentes vão mesmo por táticas idênticas, o que dá mais peso ainda à largada. Além disso, é a estratégia considerada mais veloz pela Pirelli. Dependendo do que aconteça na primeira volta e do ritmo nas seguintes, é provável que a prova se converta também em uma guerra estratégica. 
Esperança de Sebastian Vettel está na largada (Foto: AFP)
Mas a Mercedes ainda tem um Hamilton que desequilibra, e o #44 surge como elemento central aí. E pelo que vem demonstrando nas últimas corridas, o inglês não parece disposto a administrar a vantagem do campeonato e nem a dar chance a ninguém. Nem mesmo para o companheiro de equipe. 

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