Na Garagem: Alemanha ‘reserva’ data e vê predomínio de vitórias da Ferrari

O 2 de agosto na história da F1 curiosamente só registra histórias de um mesmo GP, sendo que houve conquistas com supremacia da Ferrari e a última vitória de Jochen Rindt na F1. A última vez que um GP foi disputado nesta data aconteceu em 1998

O que há de comum nas seis provas de F1 disputadas em 2 de agosto na história da F1? Todas elas foram disputadas na Alemanha nos anos de 1953, 1959, 1964, 1970, 1981 e 1998. Metade dessas seis vitórias são da Ferrari com Giuseppe Farina, Tony Brooks e John Surtees. As outras são da Lotus (com Jochen Rindt em 1970), Brabham (com Nelson Piquet em 1981) e McLaren (com Mika Hakkinen em 1998).
 
A vitória de Brooks em 1959 é marcante por ser a única corrida alemã no Mundial de F1 que não aconteceu em Nürburgring ou Hockenheim, ambas pistas dentro de florestas e adoradas pelos fãs de F1. Em 2 de agosto de 1959, ela aconteceu em Avus. Localizada nos arredores de Berlim, essa pista pode ser descrita como duas retas ligadas por duas curvas inclinadas a quase 45º. No entanto, essa descrição não faz justiça a uma pista onde o piloto precisa estar o tempo todo de pé no fundo – a média de velocidade era de mais de 230 km/h.
A vitória de Tony Brooks em 1959 em Avus (Foto: Divulgação)
Disputada em duas baterias, a corrida foi praticamente um desfile das três Ferrari, com Brooks seguido dos norte-americanos Dan Gurney e Phil Hill. Eles impuseram uma volta ao quarto colocado. A vitória foi o canto do cisne do inglês na temporada de 1959 e na F1: com o triunfo em Avus, a diferença entre ele e Jack Brabham na tabela era de apenas 3 pontos. Mas o australiano asseguraria o título com um terceiro e um quarto lugar na Itália e nos EUA, respectivamente. O GP da Alemanha de 1959 também seria a última vitória de Brooks na categoria.
 
Além de Brooks, dois outros pilotos obtiveram sua última vitória em um GP alemão em 2 de agosto: o primeiro deles é Farina, campeão mundial da primeira temporada da F1. A conquista de Farina em 1953 foi a única num ano dominado por Alberto Ascari – vitórias em cinco das oito corridas daquela temporada.
 
Os italianos se envolveram numa batalha com Juan Manuel Fangio e Mike Hawthorn pela ponta. Ascari terminou em oitavo por conta de problemas mecânicos e Farina venceu numa estratégia que faria inveja ao francês Alain Prost: assistiu à briga entre Fangio e Hawthorn poupando equipamento, e na oitava das 18 voltas tomou a ponta e lá ficou até a bandeirada final.
 
Jochen Rindt é o outro piloto a ter sua última vitória em terras germânicas nessa mesma data. E o motivo dessa coincidência é trágico. Ele morreria um mês depois, em 6 de setembro, nos treinos para o GP da Itália de 1970. Foi a última de uma sequencia de quatro vitórias consecutivas – a série garantiu o título do austríaco mesmo sem a sua participação no último terço da temporada, num ano onde Jack Stewart e Jack Brabham lideraram a tabela, mas não mantiveram a regularidade.
 
Com a recusa dos pilotos em correr no inseguro Nürburgring, Hockenheim foi convocada às pressas para sediar o GP da Alemanha. Largando em segundo, Rindt comboiou Jack Ickx, pole e seu rival na segunda metade da temporada, acompanhado por Clay Regazzoni, Jo Siffert e Henri Pescarolo. Esses cinco se desgarraram do pelotão, mas foram sucumbindo por conta de quebras mecânicas. Rindt e Ickx se alternaram na liderança, mas depois de dois terços da prova, sustentou uma diferença de 0s7 para o belga e sacramentou a vitória que lhe garantiria o título post-mortem.
Jochen Rindt, 1970 (Foto: Reprodução)
O GP da Alemanha de 1964 também seria a arrancada para um título, mas com circunstâncias menos traumáticas. John Surtees venceu em Nürburgring e iniciou uma sequência de duas vitórias e dois segundos lugares para demolir a vantagem de 20 pontos em favor de Graham Hill antes do GP do “inferno verde”. Com isso, Surtees entrou para a história como o único competidor a ser campeão mundial nas categorias máximas do automobilismo e da motovelocidade.
 
Lorenzo Bandini roubou a primeira posição do pole Surtees na largada, mas logo seria ultrapassado por Clark, Gurney e Surtees. O inglês da Ferrari logo recuperaria a posição de Gurney e Clark e abriria larga vantagem na frente. Hill ainda chegaria em segundo, beneficiado pelas quebras de Gurney e Brabham, mas perderia o título por marcar apenas mais nove pontos até o fim da temporada de 1964.
 
Numa temporada com predomínio da Wiliams, a vitória de Nelson Piquet no GP da Alemanha de 1981 foi a sua terceira e última conquista na temporada. Assim como ocorreu com Surtees em 1964, o GP germânico em 2 de agosto marcou a arrancada de Piquet para o seu primeiro título. Nessa arrancada, Piquet marcou 24 pontos contra apenas 6 do líder Carlos Reutemann nas últimas cinco provas daquele ano.
 
Graças ao motor Renault turbo, Alain Prost marcou a sua primeira pole na carreira. Reutemann largou em terceiro e Piquet foi apenas sexto no grid. Prost parecia ter a corrida garantida, mas o desgaste dos pneus do francês, combinado com as falhas mecânicas das Williams de Retemann e Jones fizeram Piquet herdar posições e sair do quarto lugar para herdar a vitória. O triunfo em Hockenheim pavimentou o caminho para o primeiro título de Piquet.
Hakkinen vence GP da Alemanha (Foto: Getty Images)
Por fim, há a vitória de Mika Hakkinen no GP alemão de 1998. Com uma sequência de três vitórias e um terceiro lugar, Schumacher diminuiu sua diferença para o finlandês da McLaren de 22 para apenas 8 pontos na tabela. Falhas mecânicas nas flechas prateadas, aliadas à regularidade de Schumacher fizeram um campeonato que parecia fácil ficar complicado para Hakkinen: faltando duas provas para o fim da temporada ambos tinham 80 pontos e seis vitórias, com o desempate acontecendo apenas por causa dos segundos lugares.
 
Nesse sentido, o GP da Alemanha foi um desafogo para Hakkinen, permitindo ao finlandês abrir 16 pontos de vantagem após Hockenheim. A corrida acabou numa enfadonha dobradinha da McLaren e Schumacher chegou apenas em quinto, após largar em nono – ele ganharia as posições de Alexander Wurz, Ralf Schumacher, Eddie Irvine e Giancarlo Fisichella. Dificuldades no acerto do carro causaram essa péssima posição de Schumacher no grid e na corrida. Hakkinen se aproveitou e abriu pontos importantes para conquistar o título, o primeiro dele na F1.  
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