Na Garagem: Alonso corre com cautela no Brasil e se torna campeão mais jovem da F1

15 anos atrás, Fernando Alonso foi ao Brasil precisando apenas acompanhar os movimentos de Kimi Räikkönen para ser campeão. O finlandês foi segundo, enquanto o espanhol surgiu em terceiro. Era mais do que necessário para ser campeão apenas aos 24 anos

Fernando Alonso passou a primeira metade da década de 2000 como um talento para o futuro. Alguém que podia tomar as rédeas da Fórmula 1 tão logo o reino de Michael Schumacher chegasse ao fim. Pois esse futuro virou presente exatos 15 anos atrás, em 25 de setembro de 2005: mesmo superado pela dupla da McLaren no GP do Brasil, Alonso cruzou a linha de chegado com a Renault e se sagrou campeão pela primeira vez.

Alonso chegou a Interlagos 15 anos atrás em situação confortável no campeonato. Mais regular do que o vice-líder Kimi Räikkönen, o espanhol tinha 25 pontos de vantagem com 30 ainda em jogo. A matemática era simples: para ser campeão em Interlagos, bastava a Alonso um terceiro lugar. Para seguir com esperanças, Kimi precisava vencer e torcer por Fernando no máximo em quarto.

As esperanças da McLaren, que já eram pequenas, ficaram ainda menores após a classificação. Alonso fez pole e, de quebra viu Räikkönen em quinto no grid. Entre os dois, Juan Pablo Montoya, Michael Schumacher e Jenson Button. É verdade que Kimi fez volta com tanque mais cheio e teria a vantagem de parar mais tarde, mas a missão seria árdua.

Alonso manteve a liderança na largada, mas viu o safety-car acionado de imediato. David Coulthard e Antônio Pizzonia se enroscaram em plena reta principal, com ambos abandonando no ato. A relargada veio na terceira volta, e com mudança importante: Montoya partiu melhor e tomou a primeira colocação. Räikkönen fez sua parte, despachando Schumacher e Fisichella para aparecer em terceiro.

Fernando Alonso comemora título mundial, confirmado em 25 de setembro de 2005 (Foto: Getty Images)

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Era um começo encorajador para o finlandês, mas ainda era pouco. Não só seria seria necessário ultrapassar Montoya e Alonso, o espanhol também teria de perder posição para Schumacher. Era uma combinação improvável, ainda mais que o colombiano não parecia disposto a fazer jogo de equipe para um título já quase perdido.

Räikkönen deu o primeiro passo na árdua missão no primeiro ciclo de pit-stops. O finlandês retardou a primeira parada e, com pista livre, voou baixo e ultrapassou Alonso. O segundo lugar estava no papo, mas Montoya ainda tinha a prova sob controle.

Do posto de vista de Alonso, a cautela era necessária. Seria bom atacar a dupla da McLaren e brigar por resultado melhor, mas o espanhol fez uma prova livre de riscos. Schumacher seguia em quarto, mas sem se aproximar muito.

A corrida ficou morna nas primeiras posições. Montoya só ajudaria Räikkönen se houvesse chance de levar a briga pelo título para Suzuka, o que não seria possível enquanto Schumacher não se aproximasse de Fernando. Nenhum dominó caiu e, após 71 voltas, Alonso cruzou a linha de chegada em terceiro e se sagrou campeão.

Fernando Alonso colocou ponto final na série de títulos de Michael Schumacher (Foto: Reprodução)

A briga pelo título em 2005 não foi particularmente memorável, mas certamente simbólica. O título de Alonso acabava com a série de cinco canecos seguidos de Schumacher, finalmente derrubado pela nova geração. Na época, a Folha de S. Paulo deixou isso claro com manchete que dizia ‘Schumacher quem?’.

Mais do que isso, chamava atenção a juventude de Alonso. Aos 24 anos, o espanhol se tornou o mais jovem campeão da F1, derrubando recorde que pertencia a Emerson Fittipaldi desde 1972. Em entrevista após a corrida, o espanhol refletiu sobre o significado do feito: “Tenho apenas 24 anos e depois disso não tenho muito a fazer. Agora preciso encontrar novos objetivos, porque esse eu já alcancei”, refletiu.

Como se sabe, os objetivos de Alonso não mudaram muito. O espanhol seguiu na F1 de forma ininterrupta até o fim de 2018, sempre em busca de novos títulos. O que realmente não se sabia era se seria possível repetir a dose em 2006: “Ainda não dá para dizer muita coisa. Neste ano, Renault e McLaren melhoraram muito, mas para 2006 teremos de começar do zero com os motores V8. Vai ser tudo diferente”, disse.

As coisas, bem, não foram diferentes. O único campeão espanhol se tornaria o único bicampeão espanhol 12 meses depois, mas aí superando Schumacher em briga bem mais apertada.

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