Na Garagem: bicampeão da F1, Graham Hill morre em acidente aéreo na Inglaterra

 

Em um tempo em que toda largada era dada na F1 com o temor de que algum daqueles pilotos não voltasse para casa, foi um acidente aéreo que chocou o mundo do automobilismo há exatos 40 anos. Em 29 de novembro de 1975, retornando de um teste em Paul Ricard, na França, o avião que Graham Hill pilotava caiu nos arredores de Londres. Todos os seis passageiros morreram.

 

Campeão da F1 em 1962 e em 1968, vencedor das 500 Milhas de Indianápolis de 1966 e das 24 Horas de Le Mans de 1970, Hill é até hoje o único piloto a conseguir as três conquistas mais importantes do automobilismo. Também tem no currículo cinco vitórias na corrida mais famosa do Mundial de F1, o GP de Mônaco.

 

Ele chegou a começar o campeonato de 1975, mas obteve resultados modestos nas duas primeiras provas e, após o GP de Mônaco, anunciou sua aposentadoria da F1. Naquele ano, estava promovendo a estreia de sua própria equipe, a Embassy Hill, que teve vários outros pilotos ao longo do campeonato: François Migault, Rolf Stommelen, Tony Brise, Vern Schuppan e o futuro campeão mundial Alan Jones.

 

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Na verdade, Hill já inscrevia os carros sob a bandeira ‘Embassy Racing with Graham Hill’ desde o início de 1974, sendo que o nome Embassy surgiu na categoria em 1973, porém o GP da Espanha de 1975 marcou a estreia do primeiro chassi construído pela Hill, o GH1. Esse debute foi em uma corrida igualmente trágica, em Montjuïc, Barcelona, em que Stommelen perdeu o controle do GH1 em um acidente que vitimou cinco espectadores nas ruas catalãs — o alemão sobreviveu, com fraturas.

Aposentado, Hill pretendia dedicar-se, também, a impulsionar a carreira do jovem Brise, um inglês de apenas 23 anos que era bem cotado para o futuro. Formado em administração na Universidade de Aston, o promissor piloto colecionava troféus: 26 vitórias na F-Ford. Em 1975, na F1, teve como melhor resultado um sexto lugar no GP da Suécia, mas chegou a andar entre os líderes em algumas outras oportunidades.

 

Brise era mais um dos passageiros do voo a bordo do bimotor Piper Aztec. Avião, diga-se, que havia sido comprado por Hill com o prêmio pela vitória na Indy 500 e que era frequentemente pilotado por ele mesmo. Ainda estavam na aeronave o gerente Ray Brimble, o designer Andy Smallman e os mecânicos Tony Alcock e Terry Richards.

 

Hill pousaria na base aérea de Elstree, em Arkley, porém a visibilidade estava bastante ruim naquela noite. Pouco antes das 22h, o avião acabou atingindo árvores de um campo de golfe, caiu e entrou em chamas. A investigação concluiu que o avião estava a apenas 18 metros de altitude quando bateu contra a primeira árvore.

 

“A visibilidade estava terrível. As ambulâncias não conseguiam sequer enxergar os bunkers quando estavam chegando”, disse Ted Dickins, diretor do campo de golfe, à reportagem da BBC após o acidente.

 

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Spencer Flack, diretor do Aero Clube de Elstree, destacou a capacidade de Hill como piloto de avião. “Ele era um piloto muito habilidoso que tentou fazer um pouso e falhou. Nestas condições, é uma questão de metros e de segundos entre a vida e a morte”, afirmou.

 

O funeral de Graham aconteceu uma semana mais tarde, em 5 de dezembro, e reuniu três mil pessoas.

 

A ausência de um seguro adequado, no entanto, teve consequências para a família de Graham, que precisou vender diversas propriedades para poder pagar indenizações às famílias das demais vítimas. Apesar disso, o filho do bicampeão, Damon, que tinha 15 anos em 1975, conseguiu fazer carreira no esporte, primeiro nas motos e depois nos carros para se tornar campeão da F1 em 1996.

 

Damon é o único filho de campeão mundial a também conquistar um título.