Na Garagem: Desorganização provoca tragédia e mortes no 1º GP da Argentina

A realização de uma corrida com torcedores à beira da pista em Buenos Aires resultou na morte de pelo menos sete espectadores quando Nino Farina perdeu o controle do carro para desviar de um homem que atravessava o traçado

O primeiro GP de F1 propriamente dito a ser realizado longe da Europa ficou marcado por uma tragédia. Em 18 de janeiro de 1953, Alberto Ascari venceu o GP da Argentina, mas a morte de espectadores no que foi uma calamidade cometida pela organização é que foi o principal acontecimento do dia.
 
As informações a respeito daquela prova são um tanto desconexas.
 
Embora as 500 Milhas de Indianápolis fizessem parte do calendário, pilotos e equipes não costumavam correr nos EUA. Assim sendo, o GP da Argentina seria a primeira real corrida de F1 na América. O “mecenas” que bancava a festa: Juan Perón.
 
O palco foi o Autódromo Oscar Galvez, que, à época, chamava-se Autódromo 17 de Outubro. Era uma referência ao dia em que Perón saiu da prisão em 1945 — ele havia sido detido após um golpe de estado.
Oscar Gálvez, que hoje dá nome ao autódromo, disputou aquele GP (Foto: Forix/Vicente Alvarez)
No melhor estilo ‘pão e circo’, não houve cobrança pelos ingressos. Os portões ficaram abertos para quem quisesse ver de perto as máquinas da F1. Os números divergem, mas os relatos começam com a presença de pelo menos 200 mil pessoas. A superlotação fez com que a multidão rompesse as barreiras e ficasse à beira da pista para acompanhar a prova. A largada foi dada mesmo assim — receita para o desastre.
 
Mas antes que se condene a opção por largar, é preciso ponderar que a presença de tanta gente à beira da pista, especialmente para europeus na América do Sul em plena década de 1950, gerava o medo de uma revolta caso a corrida fosse cancelada.
 
O vídeo, apesar da baixa qualidade das imagens, dá uma noção do cenário:
 
Ascari largou na pole e puxou a fila. Juan Manuel Fangio o perseguia, e o campeão de 1950, Nino Farina, vinha na terceira colocação.
 Na volta 21, a quebra do eixo do carro de Adolfo Schwelm-Cruz lançou uma roda em direção a plateia. Mas foi na volta 31 que a tragédia ocorreu. Farina rodou ao fazer um movimento brusco para desviar de um espectador que atravessava a pista. Seu carro foi parar no meio do público. Fontes de informações históricas da F1 não apresentam um consenso a respeito de quantas mortes ocorreram. O site ‘Grand Prix’, por exemplo, fala em “pelo menos uma morte (e provavelmente mais)”. No entanto, buscas em diversas páginas na internet apontam para números diferentes — alguns relatos chegam a dígitos duplos. Todos estão acompanhados de “pelo menos”. Incidentes continuaram acontecendo, alguns deles envolvendo ambulâncias que faziam o resgate com a prova ainda em andamento.
A dobradinha da Ferrari teve Luigi Villoresi em segundo após a quebra de Fangio, e o argentino José Froilán Gonzalez chegou em terceiro. Oscar Gálvez disputou aquela prova e chegou em quinto, atrás de Mike Hawthorn.
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.