Na Garagem: Massa brilha, domina e quebra jejum brasileiro de 13 anos em Interlagos

Felipe Massa impôs ritmo espetacular desde o início e venceu o GP do Brasil de 2006, quebrando jejum de triunfos brasileiros em Interlagos que durava desde Ayrton Senna. Corrida completa 15 anos

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Foi em 22 de outubro de 2006 que o Brasil viveu um de seus mais mágicos dias no esporte a motor. Com a Ferrari, Felipe Massa venceu o GP do Brasil, em Interlagos, quebrando um jejum de vitórias brasileiras em São Paulo que durava desde 1993, ainda com Ayrton Senna. Foi o segundo dos 11 triunfos de Felipe na Fórmula 1.

A etapa marcou também o encerramento do Mundial de 2006, e o foco estava em Fernando Alonso e Michael Schumacher. O jovem espanhol, então na Renault, precisava apenas de um oitavo lugar para conquistar o título mundial. O lendário alemão, aos 37 anos de idade, anunciou anteriormente que estava se aposentando da Fórmula 1, decisão que seria revertida três anos depois, e precisava de um resultado bem improvável para levar o oitavo título.

“O clima naquela corrida ainda era sobre a disputa de título, que o Schumacher ainda tinha uma chance muito pequena, mas nada era impossível. Logicamente, ele precisava de uma quebra ou uma posição muito ruim, praticamente sem pontos, do Alonso e ele vencendo a corrida. Mas depois da classificação, ele largando mais para trás, com o problema que teve na classificação, já era uma situação bem complicada”, disse Massa ao GRANDE PRÊMIO.

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Segunda vitória de Massa veio em São Paulo (Foto: Ferrari Media)

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“Então, a gente analisou a corrida inteira, de tudo aquilo que estava acontecendo, mas não teve nenhuma situação onde existiria alguma chance de título, então tudo foi no caminho normal para que vencesse a corrida e ele tentasse recuperar as posições da melhor maneira possível”, completou o hoje piloto da Lubrax | Podium Stock Car Team.

Em sua primeira temporada pela Ferrari, Massa teve um começo sem brilhos, mas engatou uma boa sequência na segunda metade do campeonato, com direito ao primeiro triunfo da carreira, na Turquia, que o fortaleceu na disputa pelo terceiro lugar do campeonato contra Giancarlo Fisichella, da Renault. Para a primeira prova no Brasil com um carro de ponta, preparou uma surpresa: um macacão verde e amarelo.

Felipe contou que a ideia de um uniforme diferenciado para a corrida em Interlagos surgiu meses antes, ao ver o macacão especial que Michael Schumacher usou durante o GP de Mônaco.

“A ideia do macacão verde e amarelo veio porque no GP de Mônaco, o Schumacher correu com um macacão diferente, meio laranja e amarelo, meio fluorescente, e a Phillip Morris resolveu fazer isso porque era a corrida de Mônaco. Não tinha muito a ver, se fosse a corrida da Alemanha até tinha alguma coisa a ver, mas foi na corrida de Mônaco”, relembrou o brasileiro.

Massa no pódio de macacão verde e amarelo (Foto: Ferrari Media)

“E ele tendo um macacão diferente na corrida de Mônaco, eu até falei para a Ferrari e a Phillip Morris que seria sensacional correr com um macacão verde e amarelo no Brasil, já que o Schumacher estava correndo com um macacão diferente em uma corrida. Eles adoraram a ideia, e aí surgiu a possibilidade de correr com o macacão verde amarelo, o que foi sensacional, uma ideia espetacular, marcante, que veio até da minha parte essa ideia, olhando que a Marlboro e a Phillip Morris tinham inventado um macacão diferente para ele na corrida de Mônaco”, seguiu.

A classificação em Interlagos mostrou que o ritmo da Ferrari era o melhor, com Massa mais rápido no Q1 e Schumacher superior no Q2, mas o alemão sofreu um baque: problema na bomba de combustível logo que saiu para a volta rápida no Q3. Sem tempo marcado, foi forçado a largar do décimo lugar. Massa foi imparável, anotando a pole com 1min10s680, 0s619 mais rápido que Kimi Räikkönen, da McLaren.

“Minha confiança naquela corrida estava muito boa, era uma pista que eu sempre amei, que era Interlagos, minha corrida de casa, em uma situação onde estava muito forte no campeonato, equilibrado e disputando de igual para igual com o Schumacher a partir da minha vitória na Turquia, e em algumas corridas antes também, então eu estava muito bem, preparado, com carro competitivo. Nos treinos de sexta-feira, eu não tinha ido muito bem, mas melhoramos o carro e sábado eu era um dos mais rápidos na pista. A situação estava muito boa para mim, forte, competitivo, tudo casando para uma grande corrida e uma grande possibilidade de estar brigando pela vitória desde a classificação, que foi o que aconteceu, fazendo pole e vencendo a corrida”, seguiu Felipe.

Massa na ponta na largada (Foto: Ferrari Media)

Logo na largada, Felipe deu a entender como seria o ritmo naquele domingo. Manteve o primeiro lugar com tranquilidade, enquanto Kimi Räikkönen seguiu em segundo e Jarno Trulli, de Toyota, era o terceiro. Nem o safety-car acionado por conta da batida forte de Nico Rosberg, da Williams, limitou o ritmo de Massa. Com 15 voltas, a vantagem para Räikkönen era superior a 10 segundos.

Já Schumacher viveu momentos de drama. Em recuperação, chegou a ultrapassar Giancarlo Fisichella, mas recebeu um toque que furou o pneu traseiro esquerdo. Em último, optou por um pit-stop longo e com bastante combustível, buscando permanecer na pista o maior tempo possível.

Massa só perdeu a liderança quando foi aos boxes pela primeira vez, na volta 24. Quando voltou para o primeiro posto, tinha uma vantagem de 18 segundos para Fernando Alonso, que virou o segundo após a estratégia ruim da McLaren, que jogou Kimi Räikkönen para a quarta posição.

“Não senti nenhuma dificuldade, acho que as coisas estavam indo em um caminho muito bom. A classificação foi muito boa, em todos os momentos fui o mais rápido. Minha luta era contra o Schumacher até o Q3, quando ele acabou tendo um problema no carro, mas acho que eu tinha condição de largar na pole mesmo assim. E a corrida foi mais tranquila porque ele não estava na luta comigo. Se estivessem os dois lutando e ele com a possibilidade de disputar o campeonato, mesmo que pequena a possibilidade, poderia existir uma ordem de equipe. Acho que as coisas foram bem tranquilas, eu estava bem, forte, preparado e sem dúvidas, sem a disputa com ele, me deixou mais tranquilo e mais forte ainda”, contou Felipe.

Massa celebra vitória (Foto: Ferrari Media)

De cara para o vento, Massa seguiu andando no melhor ritmo da pista o tempo inteiro. Realizou um novo pit-stop na volta 52, e a distância para Alonso era tão grande que seguiu no primeiro lugar, e assim caminhou até a bandeira quadriculada na volta 71, vencendo o GP de casa pela primeira vez e quebrando o jejum brasileiro, levando Interlagos ao delírio. O campeão mundial Fernando Alonso foi segundo, enquanto Jenson Button completou o pódio. Na despedida da Ferrari, Schumacher foi quarto, em grande recuperação.

“A sensação de vencer o GP do Brasil é única é algo que é muito difícil explicar, é a realização de um sonho, foi sem dúvida o dia mais feliz da minha vida profissionalmente, onde passou pela minha cabeça toda a dificuldade que tive, desde o kart até lá em cima, a evolução que eu tive, todos os momentos difíceis que eu tive de passar, falta de dinheiro, lado financeiro, começando campeonatos onde não tinha o dinheiro para fazer o campeonato inteiro, acabei fazendo e vencendo como na Fórmula Chevrolet, na Fórmula Renault chegando na Itália com dinheiro para fazer seis corridas do campeonato italiano, e eu acabei fazendo inteiro e o europeu inteiro, fui campeão dos dois. A dificuldade de entrar na Fórmula 1, a dificuldade de continuar e permanecer na Fórmula 1. Tudo isso acaba passando pela cabeça, e é uma sensação única, é uma realização de um sonho”, concluiu.

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