Na Garagem: Schumacher leva 1º título na F1 em batida com Hill na Austrália. Mansell vence

Se hoje é Max Verstappen quem ganha o protagonismo quando o assunto são 'lances polêmicos' na Fórmula 1, Michael Schumacher experimentou o primeiro da carreira em 1994, na famosa batida com Damon Hill no GP da Austrália, há 30 anos

Se vira e mexe, o desfecho da temporada 2021 é pauta quando o assunto são ‘finais polêmicos na Fórmula 1‘, certamente 1994 tem o seu lugar especial na discussão, ainda que a batida entre Michael Schumacher e Damon Hill no GP da Austrália de 13 de novembro seja aquele clássico lance de corrida que sempre terá os dois lados da moeda. Afinal, o alemão bateu ou não de propósito?

Certo é que ele fechou a porta para evitar a ultrapassagem e deu no meio da Williams do inglês. Levou a pior ao ser catapultado direto à barreira de proteção, só que Damon, que até tentou seguir, também teve de recolher aos boxes, com a suspensão avariada.

A batida, portanto, deu o título a Schumacher, o primeiro de um total de sete, e quis o destino que viesse em um ano que marcou tragicamente a história da Fórmula 1. É importante trazer o contexto de 1994 e como a passagem de bastão de um gênio para outro aconteceu da forma mais cruel e repentina possível.

A Williams era, de fato, a esperada grande candidata ao título, porém pelas mãos de Ayrton Senna. Mas o acidente fatal no GP de San Marino, a terceira etapa da temporada, colocou Hill no protagonismo da competição para frear o ímpeto de um ousado Schumacher, imbatível no começo do ano com a Benetton.

Michael Schumacher chegou ao primeiro título em 1994 (Foto: Paul-Henri Cahier)

A chance de Damon, na verdade, abriu-se da Espanha em diante, quando se valeu de um problema no câmbio de Schumacher e venceu. O alemão terminou a prova em segundo, mas o pior ainda estava por vir, e tudo por birra do chefão da equipe italiana, Flavio Briatore.

Na Inglaterra, oitava etapa, Michael ultrapassou o rival inglês na volta de apresentação e tomou um stop-and-go de 5s, só que Briatore recusou-se a cumprir a punição. A questão é que os comissários endureceram e decidiram não apenas desclassificar Schumacher como ainda aplicar duas corridas de banimento por ele ter terminado a prova em Silverstone mesmo desclassificado.

Hill, claro, não deixou a oportunidade de ouro passar e venceu cinco das oito corridas que se seguiram, incluindo Inglaterra. Chegaram, portanto, separados por apenas 1 ponto para a decisão em Adelaide, em uma época em que o sistema de pontos era completamente diferente do atual — 10 tentos para o vencedor, 6 para o segundo e 4 para o terceiro. E só o top-6 pontuava.

O primeiro round foi no sábado, e por míseros 0s018, Nigel Mansell se meteu na briga e colocou a outra Williams na pole ao cravar 1min16s179, enquanto Schumacher teve de se contentar com o segundo posto no grid. Hill, por sua vez, tomou 0s6 da dupla, mas ainda obteve um tempo de volta suficiente para assegurar-se em terceiro.

Quando as luzes se apagaram, eis que Mansell praticamente andou para trás em uma partida esquisitíssima, porém o bastante para Hill sair à caça do alemão da Benetton, que assumiu a liderança e começou a abrir pequena vantagem para o rival. Mika Häkkinen vinha em terceiro, com Rubens Barrichello logo atrás, em quarto. O ‘leão’, todavia, caía para quinto.

Pouco a pouco, Hill buscava tirar a diferença, ao mesmo tempo em que Mansell tentava abrir caminho e travava interessante duelo contra o brasileiro, então na Jordan. A ultrapassagem definitiva aconteceu no giro 14. Mais seis voltas, e foi a vez de Häkkinen ficar para trás depois de passar por cima da zebra.

Pouco antes, na 18, os líderes entraram juntos nos boxes para troca de pneus e reabastecimento. As posições seguiram inalteradas, com Michael à frente de Damon. Mais dois giros, e eis que o inglês surgiu apenas 0s7 atrás do piloto da Benetton, que se via a poucos instantes de chegar no tráfego de retardatários e negociar ultrapassagens.

Damon Hill ficou com o vice-campeonato em 1994 (Foto: Williams)

Pouco mais atrás, Barrichello e Häkkinen entraram juntos nos boxes na volta 28, e o trabalho da Jordan foi melhor que o da McLaren, o que fez Rubens voltar à pista à frente do finlandês. Só que Mika recuperou o posto na sequência em espalhada do brasileiro. Até então, Schumacher sustentava a liderança, com Hill, Gerhard Berger e Mansell em seguida.

A passagem pelos retardatários permitiu ao alemão um respiro de 1s5, só que ao chegar em Heinz-Harald Frentzen, que não facilitou a vida do compatriota, perdeu tempo e viu Damon chegar ainda mais perto. Foi quando, no giro 36, o campeonato foi decidido.

Bastante pressionado, Schumacher escapou na curva 6 e bateu com a roda dianteira direita no muro. Ali já era nítido que dificilmente seguiria sem ter de passar ao menos pelos boxes. Hill, então, viu a clara chance de fazer a ultrapassagem que valeria o título e mergulhou por dentro na curva 7, porém Michael não aliviou e dividiu o espaço. O carro da Benetton foi catapultado em direção à barreira de pneus. O da Williams arrastou-se até os pits, mas não teve jeito: suspensão quebrada e abandono.

Até hoje, a discussão se Schumacher jogou ou não o carro de propósito sobre Hill existe, embora tenha sido muito menor do que a vivida pelo alemão três anos depois, contra Jacques Villeneuve — essa, sim, sem perdão para a F1, que o julgou antidesportivo por lance semelhante e o desclassificou não só da corrida, mas do campeonato.

Polêmicas à parte, o GP da Austrália continuou, e a briga pela vitória passou a ser entre Mansell e Berger. Na volta 54, quando o inglês entrou para fazer o segundo pit-stop, o piloto da Ferrari assumiu a liderança e começou a acelerar para buscar vantagem suficiente para retornar à frente quando também fosse a hora de parar, na 57. E a estratégia deu certo, até porque Mansell acabou atrapalhado por JJ Lehto.

Dali em diante, começou a perseguição de Mansell a Berger, que se defendia de todas as formas para levar a Ferrari à vitória, mas o austríaco resistiu apenas até o giro 64: na curva que levava para a reta Brabham, passou sobre a zebra e foi parar na área de escape. O piloto da Williams não deixou a oportunidade escapar e assumiu a ponta para de lá não sair mais. Foi a última vitória de Mansell na F1. E Martin Brundle, da McLaren, terminou em terceiro.

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