Na Garagem: Schumacher vai ao pódio na Bélgica e conquista hepta antecipado na F1

Michael Schumacher fez temporada dos sonhos em 2004, venceu 13 das 18 corridas disputadas e não deu chances aos adversários, conquistando o heptacampeonato com quatro etapas de antecedência, no GP da Bélgica

Imparável e avassalador são adjetivos que traduzem bem o que foi Michael Schumacher na temporada 2004 da Fórmula 1. Depois de começar o ano engatando uma sequência de cinco vitórias consecutivas, nem mesmo o infortúnio no GP de Mônaco foi capaz de atrapalhar o alemão a conquistar o sétimo e último título mundial da carreira. Há 20 anos, ao vencer 13 das 18 corridas disputadas (72,22% de aproveitamento) — marca que foi igualada por Sebastian Vettel em 2013, e superada por Max Verstappen em 2022 e 2023 —, o piloto da Ferrari quebrou todos os recordes da época e ganhou status de lenda do esporte.

De fato, o início dos anos 2000 pode muito bem ser conhecido como ‘era Schumacher’ na principal categoria de monopostos. Quando já tinha dois títulos no currículo, com a Benetton, em 1994 e 1995, Michael embarcou no projeto de reconstrução do time de Maranello, em 1996, e demorou quatro anos para colher todos os frutos do trabalho árduo realizado ao lado de figuras importantes como Ross Brawn, Rory Byrner e Jean Todt. Mas a recompensa veio.

No quinto ano da parceria, Schumacher foi capaz de conquistar nove vitórias e derrotou o bicampeão reinante naquele momento, Mika Häkkinen, por 19 pontos. O feito voltou a se repetir em 2001, 2002 e 2003, em disputas travadas com David Coulthard, Rubens Barrichello e Kimi Räikkönen, respectivamente. Contra o finlandês, inclusive, o Mundial de Pilotos foi definido apenas na última etapa e terminou com uma diferença de somente dois tentos — 93 a 91 a favor do ferrarista.

Chegou 2004, e com ele uma das temporadas mais acachapantes da história da Fórmula 1. O pontapé inicial foi o GP da Austrália, no início de março. Depois de conquistar a pole-position em Melbourne, o alemão não teve dificuldades para cruzar a linha de chegada com 13s605 de vantagem sobre Barrichello, enquanto Fernando Alonso fechou o pódio. Cenário parecido foi visto nas quatro corridas seguintes, na Malásia, Bahrein, San Marino e Espanha — o que mudava mesmo eram os personagens que o acompanhavam na cerimônia final, porque o primeiro lugar já tinha dono.

Michael Schumacher conquistou a sexta vitória da temporada no GP da Europa (Foto: Ferrari)

Mas o imprevisível às vezes costuma assumir o papel de protagonista na F1, principalmente quando o palco do espetáculo são as estreitas ruas de Monte Carlo. Na sexta rodada da temporada, Schumacher conseguiu apenas o quarto lugar no grid de largada e ainda perdeu duas posições quando as luzes se apagaram. Entretanto, o início ruim não foi nem de perto o pior que lhe aconteceu naquele domingo. Durante a entrada do segundo safety-car, na volta 42, ao decidir acelerar e frear de maneira mais brusca em alguns momentos para tentar manter os pneus e os freios na temperatura ideal, o alemão acabou sendo atingido em cheio por Juan Pablo Montoya, que vinha logo atrás e foi pego de surpresa com a manobra, sendo forçado a abandonar por causa da quebra da suspensão dianteira esquerda. Jarno Trulli aproveitou-se da ausência do rival para conquistar a primeira e única vitória da carreira.

Tudo voltou ao normal na etapa seguinte. Apenas alguns dias depois, a classe rainha desembarcou em Nürburgring para o GP da Europa, onde Michael conquistou o primeiro triunfo de uma sequência de sete, subindo no degrau mais alto do pódio também no Canadá, Estados Unidos, França, Inglaterra, Alemanha e Hungria. Ou seja, de 12 corridas realizadas até aquele momento, o piloto da Ferrari havia vencido 11.

Logo em seguida, Schumacher amargou um jejum de três etapas sem marcar presença no degrau mais alto do pódio, mas que não fizeram a menor diferença no rumo do campeonato. No GP da Bélgica, 14ª etapa da temporada, realizado no dia 29 de agosto, há exatos 20 anos, o alemão ficou apenas 0s076 de distância do tempo mais rápido da classificação, tendo de se contentar com o segundo lugar no grid de largada, atrás de Trulli, que cravou 1min56s232 e colocou a Renault no primeiro colchete.

Quando as luzes se apagaram no dia seguinte, Michael acabou sendo ultrapassado por Alonso e Coulthard já nos primeiros metros, caindo para a quarta posição. Antes mesmo do início da segunda volta, o primeiro safety-car foi acionado por causa de um acidente envolvendo os italianos Gianmaria Bruni, da Minardi, e Giorgio Pantano, da Jordan, logo na saída da Eau Rouge. Momentos antes, na curva 1, alguns carros se tocaram, incluindo Barrichello, principal concorrente do companheiro de equipe na disputa pelo título, que caiu para a 14ª posição depois de começar em sexto.

Michael Schumacher conquistou o heptacampeonato com quatro corridas de antecedência (Foto: Ferrari)

Após quatro voltas de paralisação, a bandeira verde foi agitada e a corrida reiniciada. Na relargada, Schumacher mais uma vez perdeu posição, desta vez para Räikkönen, caindo para o quinto lugar — a manobra do finlandês da McLaren foi crucial para o resultado final. No giro seguinte, foi a vez de Montoya, da Williams, se aproximar muito do alemão no setor intermediário do circuito belga e efetuar a manobra de ultrapassagem antes de chegarem a última chicane, nas curvas 19 e 20.

Ao longo das 44 voltas, muita coisa aconteceu em Spa-Francorchamps, e o safety-car precisou ir à pista em mais duas oportunidades. Quando restavam 15 giros para o fim, Jenson Button sofreu com um furo de pneu e rodou sozinho na reta Kemmel, mas acabou batendo no húngaro Zsolt Baumgartner, deixando os dois parados em posição perigosa. A última interrupção aconteceu quando restavam cinco voltas, causada por um toque entre Coulthard e Christian Klien, da Jaguar, que deixou muitos destroços no traçado.

No fim, a prova na Bélgica foi tão caótica que apenas nove dos 20 pilotos conseguiram cruzar a linha de chegada. Räikkönen soube tirar proveito dos inúmeros incidentes e venceu pela primeira e única vez naquela temporada, recebendo a bandeira quadriculada 3s132 à frente de Schumacher. Apesar de não ter vencido, bastava ao alemão superar Barrichello, terceiro colocado, para garantir o sétimo título da carreira de maneira antecipada, já que ainda restavam as provas na Itália, China, Japão e Brasil.

Em Monza, o brasileiro da Ferrari dominou o fim de semana e não deu chances ao colega de garagem, que teve de se contentar com o segundo lugar mais uma vez. Alguns dias depois, em Xangai, Michael largou do pit-lane depois de trocar o motor da F2004 e não conseguiu ir além do 12º lugar. O heptacampeão venceu a prova subsequente, em Suzuka, e foi sétimo em Interlagos, no encerramento da temporada 2004. Desta forma, Schumacher chegou ao fim do certame com 148 pontos somados, 34 a mais do que Barrichello, vice-campeão.

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