Na Garagem: No sufoco, Fittipaldi é bicampeão com McLaren em 1974

Pela primeira vez desde 1968, um campeonato não chegava indefinido na última prova e, pela primeira vez desde 1950, os líderes não chegavam empatados. Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni tinham 52 pontos quando chegaram a Watkins Glen

O GP dos Estados Unidos de 1974 é especial para a história da F1 e para o Brasil. Pela primeira vez desde 1968, um campeonato não chegava indefinido na última prova e, pela primeira vez desde 1950, os líderes não chegavam empatados. Emerson Fittipaldi e Clay Regazzoni tinham 52 pontos quando chegaram a Watkins Glen – o brasileiro da McLaren levava vantagem sobre o suíço da Ferrari por ter uma vitória a mais. Jody Scheckter, da Tyrrell, vinha logo atrás com 45 pontos.
 
Para Emerson e Clay, a conta era simples: bastava ser pelo menos quarto e chegar à frente do rival para ser campeão do mundo. Para o sul-africano, a conta era mais complicada: precisava vencer e torcer para que Regazzoni ficasse de quinto para baixo e que Emerson fosse apenas sexto ou não pontuasse naquele 6 de outubro.
Scheckter fez uma grande temporada, resgatando a Tyrrell do limbo após a morte de François Cevert e da aposentadoria prematura de Jackie Stewart. Com três vitórias no ano, Jody fez frente aos carros da Ferrari e da McLaren. Regazzoni tinha o melhor carro do grid, mas teve problemas para transformar essa superioridade em vitórias: só triunfou no GP da Alemanha. Emerson, cumprindo o seu estilo cerebral, obteve três pódios nas últimas cinco etapas para brigar pelo caneco.
Emerson Fittipaldi foi campeão com a McLaren já em seu primeiro ano no time (Foto: Getty Images)
A temporada de 1974 foi muito equilibrada, com sete vencedores diferentes em 15 etapas. Além dos três candidatos ao Mundial, venceram: Carlos Reutemann, da Brabham, Ronnie Peterson, da Lotus, Niki Lauda, na outra Ferrari, e o veterano Denny Hulme, na outra McLaren. Nenhum piloto venceu mais do que três provas. Lauda flertou com o título até o GP do Canadá, mas um acidente a duas voltas do fim tirou o austríaco da disputa.
 
Fittipaldi arrancou nas duas provas antes da corrida decisiva. Foi segundo no GP da Itália e venceu no GP do Canadá, somando preciosos 15 pontos, contra seis de Regazzoni, quatro de Scheckter e nenhum ponto de Lauda. Ao austríaco, restou o consolo de marcar nove das 15 poles, confirmando a velocidade da Ferrari 312B3.
Ironicamente, nenhum dos quatro protagonistas treinou bem naquele fim de semana e quem marcou a pole foi a Brabham de Reutemann, com o tempo de 1min38s978. Apenas 0s017 depois, veio um novato chamado James Hunt, pilotando a Hesketh. No terceiro posto, carro e piloto da casa: a Parnelli de Mario Andretti. Em quarto, veio a outra Brabham, do brasileiro José Carlos Pace. Scheckter apareceu em sexto, a exatos 0s5 do pole.
Clay Regazzoni estava empatado com Emerson Fittipaldi (Foto: Mark´s Watkins)
A McLaren de Emerson estava instável e o carro saía de frente na entrada das curvas de baixa velocidade. Assim, ele se contentou com o tempo de 1min39s538, quase 0s6 atrás de Reutemann, largando em oitavo. Regazzoni não teria melhor sorte: ele treinou com um motor reserva por causa da quebra do motor original e ficou com a nona colocação. “Passei a noite em claro, mas quando olhei nos olhos dele, no grid, vi que ele estava mais nervoso que eu. Sabia que eu seria campeão”, disse Emerson.
Na largada, Reutemann sustentou a ponta, trazendo com ele Hunt, Pace, Lauda, Scheckter, Fittipaldi e Regazzoni. O austríaco tinha uma missão importante: segurar Scheckter e Fittipaldi para que Regazzoni pudesse ultrapassá-los. Os dois rivais ficaram lado a lado na primeira curva, mas não houve manobra desleal.
 
Emerson pediu um ajuste de suspensão mais duro aos mecânicos e isso deu resultado: com um carro mais “mole”, Regazzoni começou a sofrer problemas na suspensão e a Ferrari ficou inguiável. O suíço caiu para nono no terceiro giro e, na volta 15, já era o 17º. Regazzoni perdeu sua chance mais clara de ser campeão do mundo e terminou em 11º, com quatro voltas de atraso.
Jody Scheckter chegou com chances na corrida final (Foto: Mark´s Watkins)
Com o suíço fora de combate, Fittipaldi precisava apenas marcar Scheckter para ser bicampeão. Durante 44 das 59 voltas da prova, o brasileiro da McLaren fez uma prova tática, ficando exatamente atrás da Tyrrell do sul-africano. Na ponta, Reutemann seguia tranquilo, com grande vantagem para Hunt, enquanto o inglês tinha a Brabham de Pace em seu encalço.
 
Ao fim da 44ª volta, o motor da Tyrrell cedeu e o sul-africano encostou o carro na grama. O campeonato estava decidido. Mesmo se Fittipaldi abandonasse, seria campeão por ter uma vitória a mais do que Regazzoni. A Brabham obteve a dobradinha, com Reutemann e Pace – o brasileiro passou Hunt, que teve problemas nos freios. E os três chegaram mais de 1min à frente do resto do pelotão.
 
Festa para a equipe McLaren, campeã inédita do Mundial de Pilotos e de Construtores. Fittipaldi era o sétimo piloto a ganhar o bicampeonato – até 2015 somente 16 pilotos conseguiram essa façanha. O brasileiro respondia a Colin Chapman: o brasileiro deixou a Lotus brigado após Chapman se recusar a fazer ordens de equipe, dar a vitória a Emerson em Monza e manter o brasileiro na luta pelo título em 1973.
 
Esse GP tem algumas notas tristes: na volta 9, o austríaco Helmut Koinigg, da Surtees, saiu da pista e morreu após seu carro se chocar com o guard-rail. A prova marcou o último GP de Denny Hulme e Jean-Pierre Beltoise.
 

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