Na Garagem: Barrichello leva GP da Itália e conquista última vitória do Brasil na F1

Em corrida marcada por estratégia de combustível no GP da Itália, Rubens Barrichello conquistou a última vitória da Brawn na temporada 2009 e o que viria a ser também a derradeira do Brasil até os dias atuais da Fórmula 1

Enquanto os torcedores brasileiros vivem a expectativa de voltar a ver um piloto nascido em solo nacional competindo na Fórmula 1, com Gabriel Bortoleto seriamente considerado para uma vaga na Sauber em 2025, o país também alcança uma data que dá a dimensão do buraco deixado na história entre o Brasil e a categoria: nesta sexta-feira (15), completam-se 15 anos da última vitória tupiniquim, com Rubens Barrichello no GP da Itália de 2009.

A disputa, tradicionalmente realizada em Monza, foi a 13ª de 17 etapas na temporada de 2009, marcada pela estreia mágica da Brawn. Com uma estrutura montada às pressas, Ross Brawn adquiriu o espólio da Honda, manteve a equipe e aproveitou uma área cinzenta do regulamento para surgir com o decisivo difusor duplo — que definiria toda a história do campeonato.

De imediato, ficou claro que a Brawn era a força a ser batida, o que deixou todo o universo da F1 atônito. Como assim uma operação que acabou de chegar vence logo na primeira corrida do campeonato, com Jenson Button na Austrália? Pois é, e não parou por aí: das sete primeiras rodadas, britânico levou seis, o que o deu uma gordura e tanto na liderança da competição.

Na chegada a Monza, entretanto, a situação já era bem diferente. As rivais, em especial a Red Bull, entenderam o conceito do difusor duplo e aplicaram evoluções em seus próprios carros, o que efetivamente encerrou o domínio da Brawn. Se Button conquistara seis vitórias em sete corridas, não voltou ao primeiro lugar do pódio nenhuma vez até o fim do ano.

Barrichello fez corrida consciente e estratégica em Monza (Foto: Bridgestone)

E Barrichello? O brasileiro, companheiro de equipe de Button, não teve o mesmo início de campeonato. Com Jenson forte em ritmo de classificação, Rubens não conseguia superá-lo em voltas lançadas e sofria mais nas corridas. Mesmo assim, conseguiu quatro pódios na primeira metade da temporada e ainda venceu o GP da Europa. Depois de um sétimo lugar na Bélgica, chegava à Itália ainda com chances de título.

Na classificação, dois problemas: o câmbio de Barrichello apresentou um vazamento de óleo na etapa anterior, em Spa, e a equipe ficou em dúvida sobre trocá-lo. No fim, decidiu não fazer. Além disso, em épocas de reabastecimento, a Brawn decidiu largar com o tanque mais cheio para fazer um pit-stop a menos, o que deixou Rubens em quinto no grid, a 0s949 do pole Lewis Hamilton.

Adrian Sutil largaria em segundo, com Kimi Räikkönen em terceiro e Heikki Kovalainen em quarto. Button aparecia logo atrás de Barrichello, enquanto Vitantonio Liuzzi, Fernando Alonso, Sebastian Vettel e Mark Webber completavam o top-10 no grid de largada.

Hamilton segurou a ponta no início, mas Kovalainen não saiu bem e perdeu posições para Barrichello e Button. Na parada inicial dos ponteiros, na volta 15, Hamilton foi o primeiro a entrar, enquanto Sutil foi aos boxes na 17 e Räikkönen, na 19. As estratégias, então, alçaram Rubens à liderança da corrida, enquanto Jenson seguia atrás.

Brasileiro estourando champanhe: cena que não se vê mais na F1 (Foto: Brawn GP)

A partir daí, a estratégia era a seguinte: abrir o máximo possível em relação aos que haviam parado, ir aos boxes e seguir acelerando para aproveitar o segundo pit-stop dos rivais. Barrichello seguiu à frente até o 29º giro, quando resolveu entrar. Button já havia trocado os pneus e feito o reabastecimento uma volta antes, mas retornou atrás do brasileiro.

Ao voltar à pista, Rubens acelerou fundo e buscou se manter sempre em uma distância suficiente para atacar os carros da frente após a segunda janela de paradas. Nem precisou: Hamilton parou na 34 e voltou atrás de Barrichello e Button, enquanto Räikkönnen e Sutil entraram ainda mais tarde e também não recuperaram terreno.

Barrichello, então, manteve o controle da corrida até a última volta, quando Hamilton — que tinha mais ritmo do que Button devido aos pneus mais conservados — tentou um ataque sobre o compatriota e errou na Lesmo. O heptacampeão, que na época só tinha o título da temporada anterior, se chocou com força na barreira de pneus, o que ativou a entrada do safety-car. Neste momento, não haveria mais como passar Rubens.

Barrichello cruzou a linha de chegada 2s8 à frente de Button, enquanto o terceiro colocado Räikkönen só chegou 30s6 atrás do líder. Sutil, Alonso, Kovalainen, Nick Heidfeld e Vettel completaram a zona de pontuação, que só incluía os oito primeiros na época.

Brawn comemora o 1-2 de Barrichello e Button em Monza (Foto: Brawn GP)

Rubens cortou a vantagem de Button na ponta para 14 pontos e manteve o sonho do título, mas não conseguiu voltar ao lugar mais alto do pódio e viu o britânico ser campeão no fim. Além disso, ainda acabou ultrapassado por Vettel — que viria a ser tetra nos quatro anos seguintes — e fechou o Mundial de Construtores na terceira posição.

Se aquele 13 de setembro terminou com a esperança de o Brasil voltar a ser campeão da Fórmula 1, já que a fase de Barrichello era consideravelmente melhor que a de Button, o que nenhum brasileiro imaginava é que aquela seria a última oportunidade em 15 anos de ver um conterrâneo celebrando um triunfo na categoria. Terceiro maior vencedor de todos os tempos, com oito títulos, o país agora torce para que outro nome retome o caminho das glórias.

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