Na Garagem: Schumacher vira 1º piloto da F1 a vencer dez corridas no mesmo ano

Em 1º de setembro de 2002, Michael Schumacher quebrava, de uma só vez, recordes estabelecidos por Ayrton Senna e Nigel Mansell. Avassalador naquele ano, o alemão vencia o GP da Bélgica e chegava à décima vitória no campeonato. Marca que foi superada pelo próprio alemão dois anos depois

Michael Schumacher é detentor de inúmeros recordes na F1, e vários deles foram obtidos nos seus anos da maturidade, entre 2002 e 2004. Apesar de 2004 ter sido o ano no qual ele obteve mais vitórias — foram 13, recorde igualado somente em 2013 por Sebastian Vettel — 2002 também foi uma temporada especial na vida do alemão. Naquele ano, Schumacher foi ao pódio em todas as corridas da temporada.

Com exceção do GP da Malásia, onde Schumacher ficou atrás das duas Williams após uma batida com Juan Pablo Montoya, o piloto de Kerpen foi primeiro ou segundo em todas as outras etapas da temporada: 11 vitórias e cinco segundos lugares. Somente no intervalo entre os GPs de Itália e Estados Unidos, o ferrarista ficou duas corridas consecutivas sem vencer.

Também foi naquele ano que Schumacher conquistou o título mais precoce da história: o pentacampeonato veio com seis corridas de antecipação, no GP da França. Com isso, ele tomava de Nigel Mansell o recorde de título mais rápido da história: dez anos antes, em 1992, Nigel Mansell foi campeão no GP da Hungria, em episódio já relembrado pelo ‘Na Garagem’.

Mansell tem outro motivo para ficar ‘bravo’ com o heptacampeão. O tedesco roubou do ‘Leão’ outro recorde muito difícil de ser batido: o de mais vitórias numa mesma temporada. Com a mágica Williams de 1992, Mansell obteve nove triunfos. Exatamente uma década depois, com uma espetacular F2002, Schumacher cravaria 11 vitórias.

Ao lado de Ross Brawn, Barrichello e Montoya, Schumacher comemora décima vitória em 2002 (Foto: Forix)

O recorde veio em Spa-Francorchamps, um circuito marcante na carreira de Michael. Lá Schumacher estreou, venceu a primeira e conquistou o hexa. No dia 1o de setembro de 2002, ele arrebanhou uma marca de outro gênio da F1: Schumacher ganhou a sua sexta corrida em Spa, tornando-se o maior vencedor do circuito belga. O dono do recorde era Ayrton Senna. O brasileiro, por sua vez, tinha destronado ninguém menos que Jim Clark.

A pista belga está localizada na cidade de Malmedy, na região das Ardennes. Lá, na Segunda Guerra Mundial, um pelotão norte-americano foi preso e metralhado por tropas nazistas. Em memória desses soldados mortos de maneira tão forte, há um memorial não muito longe do autódromo.

Mas no fim de semana daquele GP, outrora palco de guerra, o esporte mostrou uma das suas facetas mais vencedoras da sua história. Schumacher não estava satisfeito com as nove vitórias e os 13 pódios colecionados até então em 2002. No sábado, ele cravou 1min43s726, 0s424 à frente de Kimi Räikkönen, à época pilotando pela McLaren. Foi o único piloto a andar na casa de 1min43s. Apenas quatro pilotos andaram no mesmo segundo que ele e Anthony Davidson, da pequena Minardi, tomou 4s444 de Schumacher.

Na largada, o alemão manteve a ponta e Rubens Barrichello tomou a segunda posição de Kimi, fazendo o 1-2 para a Ferrari. O finlandês tinha Barrichello e Juan Pablo Montoya, da Williams, por dentro e Jarno Trulli, da Renault, por fora. O ‘Homem de Gelo’ precisou de muita calma para contornar a La Source tão espremido. E quando os carros chegaram ao topo do morro, para contornar a Les Combes, a ordem era Schumacher, Rubens, Kimi, Montoya e David Coulthard, na outra McLaren.

Diante da supremacia de Maranello, Juan Pablo Montoya foi o melhor do resto em Spa (Foto: Forix)

Daí em diante, os carros permaneciam num trenzinho de fazer inveja à chatice de Hungaroring. Durante a segunda volta, uma única ultrapassagem: Kimi errou na saída da curva Stavelot e Montoya aproveitou para tomar o terceiro posto. Schumacher massacrava o resto do pelotão e abria mais de 2s a cada volta: no 15º giro, com apenas um terço da corrida, ele tinha 30s de vantagem para o colombiano. Barrichello estava em algum lugar nessa terra de ninguém entre a Ferrari e os pilotos humanos, com carros normais.

Räikkönen perdeu tempo nos pits e trocou de posição com seu parceiro Coulthard. O escocês era o quarto colocado. Uma rodada de Ralf fez o caçula da família cair da quinta para a sétima colocação. Mas ele voltaria aos pontos por conta dos abandonos de Kimi e Trulli: os motores de ambos explodiram na volta 35. Com as duas quebras, Eddie Irvine, da Jaguar, entrou na zona de pontuação e, quando faltavam nove giros, a ordem era: Schumacher, Rubens, Montoya, Coulthard, Ralf e Irvine. E assim a corrida acabou.

Rubens Barrichello foi coadjuvante em meio ao domínio de Schumacher em 2002 (Foto: Forix)

Estranhamente, Spa recebeu uma corrida sem brigas por posições. Culpa do regulamento técnico, que fazia os carros muito dependentes da aerodinâmica e do controle de tração, que prevenia erros dos pilotos se apertassem demais o acelerador.

Schumacher, sem nada com isso, tomou os recordes de Mansell e Senna na mesma corrida. Para reafirmar o domínio ferrarista, Jean Todt, chefe de equipe, mandou o alemão tirar o pé nas duas últimas voltas, e Barrichello cruzou apenas 1s977 atrás do alemão. Todt queria as duas Ferrari na foto de chegada, assim como Alfred Neubauer fizera com Juan Manuel Fangio e Stirling Moss cinco décadas antes. A equipe de Maranello era dona da F1.

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