Na Garagem: Torcendo nos boxes, Brabham se torna primeiro tri após Fangio

Jack Brabham, encostado na mureta dos boxes para acompanhar a corrida após abandono, entrava para história: era o primeiro tricampeão depois de Fangio e ganhou o caneco com um carro próprio. Somente Alain Prost e Sebastian Vettel, na década de 1990 e 2010, ultrapassariam a marca de Brabham

Quando a F1 chegou em Monza, para a sétima das nove etapas do Mundial de 1966, o australiano Jack Brabham estava com uma confortável vantagem na tabela: tinha 39 pontos contra apenas 17 do inglês Graham Hill, da BRM, 15 do também inglês John Surtees, da Cooper, e do austríaco Jochen Rindt, no outro carro da Cooper.
 
Os rivais, se quisessem ser campeões, tinham de vencer as três etapas restantes na Itália, Estados Unidos e México e precisavam que o velho Brabham não fosse segundo em nenhuma dessas etapas. Ou seja, o australiano só perderia o título numa combinação muito improvável.
 
Depois de abandonar a corrida em Mônaco, o australiano engatou um quarto lugar na Bélgica e quatro vitórias seguidas na França, Inglaterra, Holanda e Alemanha. Nessa sequência demolidora, Brabham praticamente garantiu o caneco.
 
A F1 viveu um longo intervalo entre essa sequência vitoriosa do piloto-construtor e o GP de Monza: o GP alemão aconteceu em 7 de agosto e a etapa italiana só ocorreu em 4 de setembro. Nesse hiato, as equipes puderam fazer experimentos para tentar reverter a vantagem do motor Repco, da Brabham. Uma delas era a Honda, com Ritchie Ginther pilotando o chassi equipado com o novo motor V12.
Temporada 1966 da F1 foi vencida por Jack Brabham (Foto: Reprodução/Twitter)
Mike Parkes, da Ferrari, cravou a pole com o tempo de 1min31s3; Ludovico Scarfiotti, no terceiro carro da equipe de Maranello, ficou 0s3 atrás. O primeiro dos rivais de Brabham, John Surtees, largava apenas em quarto, enquanto Rindt era oitavo e Hill era apenas 11o. Brabham, correndo só para chegar no pódio para ser campeão, partiu em sexto.
 
Na largada, os cavallinos rampantes mantiveram a ponta. Parkes em primeiro e Scarfiotti em segundo. A outra Ferrari, de Lorenzo Bandini, largou em quinto, mas, após uma grande largada, ocupava a ponta ao fim da primeira volta. Monza assistia uma tripleta vermelha naquele domingo de 4 de setembro.
 
Clark largou muito mal e era décimo ao fim da primeira volta. Hill, um dos desafiantes de Brabham, abandonou com um motor estourado logo depois da largada. Scarfiotti caiu para a sétima posição após um erro de marcha e na volta 5, Bandini e Stewart deixavam a prova com problemas na bomba de combustível na Ferrari e na BRM, respectivamente.
Jack Brabham em ação na temporada 1966 (Foto: Reprodução/Twitter)
Surtees precisava vencer se quisesse manter vivas as chances de título e, para isso, começou a atacar a Ferrari do líder Parkes. Brabham queria matar o campeonato em Monza e passou o inglês da Cooper para tomar a ponta. A quinta vitória seguida do australiano só não veio por culpa de um vazamento de óleo. Para ele, restava secar Surtees e Rindt para comemorar o título com o seu próprio carro.
 
Apesar de ter voltado à liderança, Surtees estava apertado pelas Ferrarri. Scarafiotti e Parkes usavam as longas retas de Monza para pegar vácuo. Essa troca constante de posição entretinha muito os espectadores. Na volta 31, o sonho do bicampeonato de Surtees evaporou com um vazamento de combustível.
Jack Brabham foi o campeão da temporada 1966 (Foto: LAT Photographic/Brabham)
Brabham, encostado na mureta dos boxes para acompanhar a corrida, entrava na história: era o primeiro tricampeão depois de Fangio e ganhou o caneco com um carro próprio. Somente Alain Prost e Sebastian Vettel, na década de 1990 e 2010, ultrapassariam a marca de Brabham. Com o título definido, faltava saber o ganhador da corrida.
 
Com as quebras dos pilotos da dianteira, a liderança voltou a ser disputada por Parkes e Scarfiotti. Hulme, com a outra Brabham, era o único que conseguia desafiá-los. Scrafiotti escapou um pouco na frente e venceu com seis segundos de vantagem: era o primeiro italiano a vencer em Monza (e com uma Ferrari) desde 1952. O segundo lugar foi definido no sprint final. Parkes passou a linha de chegada 0s3 à frente do neozelandês da Brabham.
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