Hülkenberg carrega Haas e recebe chance merecida de liderar aventura da Audi na F1
Nico Hülkenberg definitivamente não se incomodou com as críticas recebidas quando chegou à Haas, entregou ótimos resultados e se tornou um dos grandes nomes da Fórmula 1 na temporada 2024. E mostra que a Audi acertou ao apostar em um piloto talentoso, experiente e comprometido com o projeto para 2026
Alvo de críticas da opinião pública após ser escolhido para ocupar a vaga deixada por Mick Schumacher na Haas, no início de 2023, Nico Hülkenberg não se intimidou e desbancou Kevin Magnussen logo no primeiro ano da dupla, algo que seu jovem compatriota não havia conseguido fazer. Com 9 pontos somados e apenas 16º na classificação do Mundial passado, o veterano piloto poderia ter alcançado muito mais, mas ficou limitado ao ritmo de corrida fraquíssimo do VF-23. Agora, sob o comando de Ayao Komatsu, o time norte-americano deu passos importantes, e o alemão pegou carona na evolução.
Após 14 corridas disputadas em 2024, Hülkenberg acumulou 22 pontos e ocupa a 11ª posição na classificação do campeonato, empatado com Yuki Tsunoda, da RB (Visa Cash App RB). Até aqui, os resultados mais expressivos aconteceram nos GPs da Áustria e da Inglaterra, quando cruzou a linha de chegada na sexta posição. Quem ganha é a esquadra de Gene Haas, que chegou aos 27 tentos e assumiu o sétimo posto entre as equipes.
Na chamada ‘F1 B’, Nico tomou para si o protagonismo e se colocou como ‘melhor do resto’. O alemão só não está à frente dos pilotos da Red Bull, McLaren, Ferrari, Mercedes — que dominam muito acima das demais — e Aston Martin, apesar de estar apenas 2 pontos atrás de Lance Stroll. Olhando para baixo, o #27 não tomou conhecimento de nomes como Daniel Ricciardo, Magnussen, Pierre Gasly e até mesmo Esteban Ocon, responsável por ocupar uma das vagas na Haas a partir de 2025, ao lado do novato Oliver Bearman.
Falando sobre as idas e vindas no imprevisível mercado de pilotos que se desenhou na Fórmula 1 em 2024, a Sauber foi uma das principais personagens. E há um motivo para isso, claro: em 2026, o time de Hinwil passa a ser controlado totalmente pela Audi, que ingressa no grid da classe rainha como equipe de fábrica. Começando um projeto praticamente do zero, a marca das quatro argolas não perdeu tempo e anunciou, no fim de abril, a contratação de Hülkenberg.
Mais uma vez, assim como aconteceu há pouco menos de dois anos, os críticos torceram o nariz e questionaram a nova oportunidade recebida pelo alemão. Aliás, como é possível que um piloto prestes a completar 37 anos de idade (no próximo dia 19) e que até aqui totalizou 217 corridas em quase uma década e meia nunca ter sequer chegado a ocupar um lugar no pódio, muito menos uma vitória e ainda consiga tirar o lugar de talentos que estão na fila esperando por uma chance? A resposta é simples.
Apesar da marca negativa que persegue — e, infelizmente para muitos, define — Nico é, sim, um piloto extremamente talentoso, experiente, bom de feedback e que possui os atributos que a Audi precisa para dar os primeiros passos na categoria máxima do automobilismo. E essa pode ser a última grande oportunidade para Hülkenberg alcançar algo maior no esporte.
Com uma carreira marcada por passagens em equipes de menor expressão e tendo de lutar da parte intermediária para trás do grid, a montadora alemã aparece como último suspiro de vida na tentativa de aprontar alguma coisa, ou pelo menos quebrar alguns tabus.
Por outro lado, a Audi está investindo pesado para que a participação na classe rainha faça jus à história vitoriosa que a marca já possui no automobilismo. Apesar da perda de nomes importantes como Andreas Seidl, que ocupava a função de diretor-executivo do projeto, e Oliver Hoffmann, ex-presidente do conselho de administração da empresa, a montadora apagou o incêndio às pressas e anunciou a chegada de Mattia Binotto, ex-Ferrari, para tomar as decisões importantes a partir de agora.
A primeira missão do italiano, inclusive, deve ser definir o colega de garagem de Hülkenberg já para 2025. Além de Guanyu Zhou e Valtteri Bottas, conhecidos da Sauber, a lista do engenheiro ainda conta com Álex Palou, bicampeão da Indy e atual líder do campeonato, e Gabriel Bortoleto, brasileiro que compete pela Invicta na Fórmula 2.
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A Audi também possui James Key na função de diretor-técnico, Stefan Strähnz como diretor do programa da equipe na Fórmula 1, Gernot Döllner como diretor-executivo e, mais recentemente, fechou acordo com Jonathan Wheatley, que trabalha como diretor-esportivo da Red Bull, para ser o chefe da esquadra quando o novo regulamento entrar em vigor. Quanto à infraestrutura, a empresa vem trabalhando na modernização de equipamentos e também na expansão de suas bases na Alemanha, em Donau e Neuberg.
“A chance de competir pela Audi é algo muito especial. Quando montadoras alemãs entram na F1 com tanta determinação, é uma oportunidade única. Representar uma fábrica desse tamanho e um carro com unidade de potência feita na Alemanha é uma honra para mim”, disse Hülkenberg logo após ser anunciado pela Sauber.
Uma parceria inesperada, mas que faz total sentido. Para o piloto, a chance de reproduzir os bons resultados vistos nesta temporada, mas desta vez em uma equipe que, embora seja uma grande incógnita, tem perspectivas maiores e também mais investimentos do que a Haas. Enquanto que a Audi, por sua vez, opta por um competidor talentoso, experiente, que entrega resultado tanto na classificação quanto na corrida, comprometido com o projeto e que comete pouquíssimos erros.
Hülkenberg é, sem dúvidas, um dos grandes nomes do campeonato em 2024, conseguindo extrair mais do que o VF-24 mostrou ser capaz de entregar até este momento, apesar da clara evolução em comparação com o carro do ano passado. Por isso, o alemão provou ser um acerto da Audi para abrir a trajetória no desafio imenso que é a F1. E vai em busca de quebrar os incômodos tabus. Merece quebrar, aliás.
A Fórmula 1 agora faz a tradicional pausa para as férias de verão na Europa e volta de 23 a 25 de agosto em Zandvoort, para a disputa do GP dos Países Baixos.
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