Rosberg reconhece luta de Vettel, mas alfineta: “Contribui para crise climática”
Campeão mundial de 2016 adotou tom mais cordial ao falar sobre suposta hipocrisia do compatriota, mas não negou: vê, sim, conflito entre defesa ambiental de Vettel enquanto piloto de F1
Nico Rosberg adicionou mais uma voz ao debate sobre a militância de Sebastian Vettel, enquanto piloto de Fórmula 1, em prol do meio ambiente. Constantemente nos holofotes quanto à incompatibilidade entre a defesa de um mundo mais sustentável energicamente e o que faz da vida, o tetracampeão mundial agora viu seu compatriota opinar sobre a questão.
“Por um lado, ele (Vettel) está emocionalmente envolvido na luta para apoiar o meio ambiente com várias ações. Por outro, contribui para a crise climática com suas viagens e a queima de combustível. Infelizmente, sua grande paixão ainda não é neutra em relação ao clima”, apontou Rosberg, dando sua famosa cutucada.
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O próprio Vettel, que corre por uma equipe patrocinada por uma das maiores companhias petrolíferas do mundo, sempre assumiu tal dubiedade. O piloto já revelou, inclusive, que tal dilema o faz repensar sua carreira na F1 – mas, ainda assim, não deixa isso atrapalhar a essência das mensagens que tenta passar com seus protestos.
Ao lado de Lewis Hamilton, Vettel mostra-se cada vez mais uma das principais vozes da Fórmula 1 no que diz respeito à defesa de causas socioambientais. Seja denunciando a extração de petróleo no Canadá, seja apresentando um capacete em apoio às abelhas na Áustria, o tetracampeão mundial não se esconde da luta por um mundo mais sustentável.
“Acho louvável que ele esteja fazendo tanto por essa área. Esperava que fosse impossível transmitir isso de maneira crível às pessoas, mas Sebastian faz isso com a mais profunda convicção e acho isso muito bom. Seria pedir muito para ele desistir de sua maior paixão. Se (Vettel) está comprometido em lutar contra a crise climática e apoiar isso, então tudo bem”, continuou a analisar Rosberg.
O ex-piloto da Mercedes, é verdade, adotou tom mais cordial do que muitos outros críticos ao abordar a militância de Vettel. Por exemplo: ao chegar em Montreal para o GP do Canadá vestindo uma camiseta com as mensagens “Stop Mining Tar Sands” (em tradução livre, parem de minerar areias betuminosas) e “Canada’s Climate Crime” (crime climático no Canadá), denunciando a extração de petróleo em Alberta, estado canadense, o membro da Aston Martin foi alvo de críticas pesadas por parte da ministra da Energia local, Sonya Savage – que chamou o alemão de “hipócrita”.
Rosberg, entretanto, apontou fator que passa despercebido pela maioria dos críticos. Em Silverstone, antes do GP da Inglaterra, Vettel pilotou o histórico FW14B da Williams para comemorar os 30 anos do carro, campeão de tudo em 1992 e projetado por Adrian Newey, considerado até hoje uma joia da aerodinâmica. No entanto, o dono do chassi 08 do bólido optou por abastecê-lo com combustível neutro em carbono, para celebrar a ocasião “de maneira responsável”, sem contribuir para a crise climática.
Segundo o campeão mundial de 2016, de nada adianta tomar tal decisão se o caminho para o combustível chegar até o carro não é, em si, sustentável.
“Se ele pilota o carro de Nigel Mansell, a cadeia de suprimentos também deve ser neutra em relação ao clima – não é algo que possa ser ignorado. Sabemos que o combustível ‘sintético’ será usado em outros meios de mobilidade no futuro, como caminhões, aviões e navios. Portanto, faz sentido para a Fórmula 1. No entanto, essa tecnologia não será usada em carros convencionais, porque é muito cara. Mas se a F1 pode ser pioneira nisso, então é relevante e penso que um bom caminho. No entanto, o combustível sustentável também tem que ser neutro para o clima ao chegar no carro”, disse Rosberg.
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