Nissany campeão da F1? Como bilionário quer “conquistar o mundo” pela Williams

De pires na mão, a Williams tem um histórico recente de envolvimento de empresários bilionários. Lawrence Stroll puxou a fila ao levar o filho Lance Stroll para o time de Grove em 2017, e agora é a vez de Nicholas Latifi, impulsionado pelos dólares do pai, Michael. Mas Sylvan Adams, israelense de origem canadense, faz do que parece um delírio seu objetivo na Fórmula 1: ajudar Roy Nissany a ser campeão do mundo pela equipe fundada por Frank Williams

A presença de bilionários no mundo do esporte é algo até comum nas últimas décadas. O russo Roman Abramovich fez do Chelsea, um time outrora do meio da tabela, uma das potências da Premier League britânica. Outros tantos investem no automobilismo. O mexicano Carlos Slim, dono de uma das maiores fortunas do mundo, banca há anos a carreira de Sergio Pérez na Fórmula 1. O exemplo mais claro recente é de Lawrence Stroll, que não somente colocou o filho, o canadense Lance Stroll no grid da categoria por meio da Williams, como até comprou uma equipe ao liderar o consórcio para adquirir a Racing Point. Nicholas Latifi, impulsionado pelos bilhões de dólares do pai, o iraniano Michael Latifi, vai ter a chance de estrear na F1 pela Williams em 2020. Agora, há outro bilionário que almeja deixar sua marca com um objetivo que parece mais um devaneio: fazer do israelense Roy Nissany campeão mundial de F1.

Depois de Stroll e Latifi, eis que surge um novo mecenas que também deseja entrar no mundo da Fórmula 1 tendo a Williams como porta de entrada. Sylvan Adams, canadense de 63 anos e dono de nacionalidade israelense, é herdeiro de um império estimado em US$ 1,6 bilhão (R$ 8,7 bilhões) criado pelo pai, Marcel Adams, romeno que sobreviveu ao holocausto na Segunda Guerra Mundial antes de migrar para o Canadá e fazer fortuna em empreendimentos imobiliários por meio da Iberville Developments. Sylvan, presidente e CEO da empresa, se mudou para Israel em 2015 e passou a investir maciçamente no seu esporte preferido, o ciclismo, criando não apenas uma equipe profissional como sendo também o responsável por construir o primeiro velódromo do Oriente Médio em Tel Aviv, onde mora.

Devaneio bilionário? Sylvan Adams quer levar Roy Nissany ao título da F1 (Foto: Williams)

Adams agora quer colocar de vez seu nome na Fórmula 1 e, de quebra, também almeja posicionar Israel no mapa da categoria. O piloto escolhido para a empreitada é Roy Nissany, que, em janeiro deste ano, foi anunciado como piloto de testes da Williams. O local do anúncio foi justamente Tel Aviv.

Filho de Chanoch Nissany, que chegou a participar do terceiro treino livre do GP da Hungria de 2005 pela Minardi, mas não chegou a disputar um GP, Roy tem um currículo bastante modesto no automobilismo. Nascido também em Tel Aviv, o piloto de 25 anos tem quatro vitórias na hoje extinta Fórmula V8 3.5 (antiga World Series by Renault) entre 2016 e 2017. No ano seguinte, disputou sem brilho a F2 e marcou só 1 ponto em 20 corridas disputadas pela Campos. No fim de 2019, teve a chance de acelerar o carro da Williams em Abu Dhabi em sessão de testes coletivos. Antes, em 2014, o israelense chegou a guiar um carro da Sauber em teste no circuito de Valência, na Espanha.

Nissany levou para a Williams o patrocínio da Israel Start-Up Nation, a equipe de ciclismo criada por Adams. É o início de uma relação que o empresário acredita que pode ir muito além de simplesmente estampar a sua marca nos carros da equipe de Frank Williams.

“Estamos planejando lançar âncora na Williams e obter todo o sucesso. O objetivo final é vencer o Mundial de Pilotos”, disse Sylvan em entrevista à revista Motor Sport. E o escolhido para trilhar o que Adams define com o caminho para o sucesso é justamente Nissany. “Roy é um vencedor”, comentou o homem que se descreve como “autoembaixador geral para Israel”.

“A ideia de ver a bandeira israelense no carro, e Roy sendo transmitido para 350 milhões a 400 milhões de espectadores a cada duas semanas me anima bastante. Meus projetos almejam alcançar a mídia para alcançar pessoas, pessoas comuns, e mostrar a elas o país e dizer: ‘Estamos lá, é isso o que somos, uma sociedade democrática muito aberta, tolerante, e fazemos coisas interessantes’”, bradou.

Adams não poupa dinheiro para realizar seus objetivos. A publicação conta que o empresário já investiu em programas educacionais e de saúde de Israel, contratou Madonna para se apresentar no concurso de música Eurovision, em 2019, e bancou a ida da Seleção Argentina para um amistoso contra Israel em Tel Aviv. A sua equipe de ciclismo planeja ser a primeira de origem israelense a participar da Volta da França, marcada neste ano entre 29 de agosto e 20 de setembro. A ideia do bilionário é contratar Chris Froome, tetracampeão da prova, para liderar a equipe.

Sobre aumentar o seu envolvimento com a Fórmula 1, Adams revelou que a ideia é colocar Nissany no grid no ano que vem. “O plano é que Roy seja um piloto de F1 até 2021. Acho que temos um vencedor aqui, então, para mim, o nível é muito alto”.

Roy iniciou a parceria com Adams no ano passado, quando o piloto ficou fora do grid da Fórmula 2. Nesta temporada, Nissany assinou para defender a equipe Trident, formando dupla com o japonês Marino Sato.

Ao falar sobre o seu pupilo, Adams se empolgou. “Roy é um talento especial. A Williams o testou, e eles ficaram impressionados com duas coisas: sua habilidade real de pilotar e seu talento para comunicação. O feedback que ele deu aos engenheiros sobre o carro — no simulador e no carro, em Abu Dhabi — os deixou impressionados. Basicamente, eles me disseram que não haviam visto um jovem piloto com esse tipo de equilíbrio e talento de compreensão e comunicação para retribuir esse tipo de feedback”.

“Estou super empolgado”, assumiu. “Para mim, foi válido ouvir os engenheiros da Williams falarem sobre Roy e exaltar suas qualidades e virtudes. Tinha uma noção de que ele era muito bom, e agora estou bem confiante de que esse menino vai longe”, encerrou o empresário.

No momento em que a Williams está de ‘pires na mão’ e em busca de um investidor que possa garantir a sobrevivência da empresa, Sylvan Adams mostra ter dinheiro suficiente para isso. Falta só combinar com Nissany, que só tem 8 pontos, que vencem neste ano — obtidos com o quarto lugar na World Series em 2017 — dos 40 necessários para conseguir a superlicença e poder ser piloto da Fórmula 1. Assim, a única opção é terminar a temporada da F2 pelo menos em terceiro lugar.

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