No caos de Abu Dhabi, Räikkönen vence primeira da Lotus desde Senna. Vettel fecha em 3º e é líder

Kimi Räikkönen precisou se defender dos ataques de Fernando Alonso nas voltas finais do GP de Abu Dhabi para conquistar a primeira vitória da Lotus em 25 anos. O finlandês assumiu a ponta após quebra de Lewis Hamilton

O calor do deserto conseguiu esquentar o GP de Abu Dhabi. Monótono em outros anos, a corrida deste domingo (4) teve dois safety-cars, além de um monte de toques e muito drama. A alta temperatura só não foi capaz de derreter Kimi Räikkönen, o homem de gelo. O finlandês assumiu a liderança da corrida ainda no começo, quando Lewis Hamilton abandonou com uma quebra mecânica, e seguiu firme para conquistar a primeira vitória neste retorno à F1, além da primeira vitória da Lotus em 25 anos.

O último triunfo da equipe inglesa, com o nome de Lotus, havia sido conquistado por Ayrton Senna, no GP de Detroit de 1987.

No entanto, a tarefa do finlandês não foi nada fácil. Para terminar com a primeira colocação, o campeão da temporada 2007 foi obrigado a segurar Fernando Alonso nas voltas finais. O espanhol fez volta mais rápida atrás de volta mais rápida e conseguiu se aproximar do adversário perigosamente. Só não conseguiu passar, sendo obrigado a se contentar com o segundo lugar.

Kimi Räikkönen festeja vitória épica em Abu Dhabi (Foto: Red Bull/Getty Images)

A terceira colocação foi de Sebastian Vettel, que ultrapassou Jenson Button nas voltas finais. O alemão, que havia largado dos boxes, precisou fazer duas corridas de recuperação, já que se envolveu em um acidente no meio da prova. Todo o esforço foi recompensado, e ele pôde minimizar o prejuízo do fim de semana e permitir que Alonso descontasse apenas três pontos no campeonato. A vantagem ainda é de dez em favor do germânico.

Pastor Maldonado, que também se envolveu em alguns toques, concluiu a corrida em quinto, seguido por Kamui Kobayashi. Felipe Massa, outro que chegou a rodar, encerrou em sétimo, com Bruno Senna completando em oitavo. O piloto da Williams se envolveu em um acidente na largada, mas também conseguiu se recuperar. Paul Di Resta e Daniel Ricciardo completaram o top-10.

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Assim que a volta de apresentação e aquecimento dos pneus foi autorizada, bandeiras amarelas foram acenadas com intensidade no fundo do grid. Pedro de la Rosa ficou empacado e, assim como Sebastian Vettel, teve de partir dos boxes.

Quando as cinco luzes vermelhas se apagaram, os pilotos deram a largada, uma das mais surpreendentes da temporada. Hamilton largou muito bem e sustentou a primeira posição. Mas do segundo lugar para trás, muita coisa mudou. Webber, que dividia a primeira fila com Lewis, não teve a melhor tração e perdeu a posição para Maldonado. Melhor ainda foi Räikkönen, que passou tanto Pastor quanto o veterano da Red Bull e se colocou em segundo.

Räikkönen começou a ganhar a corrida na largada em Marina de Yas (Foto: Red Bull/Getty Images)

Webber, em quarto, ficou pressionado por Alonso. Disposto a dar tudo de si para se manter vivo na luta pelo título, o espanhol partiu para cima do australiano e conseguiu fazer a ultrapassagem. Destaque para Kamui Kobayashi, Sergio Pérez e Michael Schumacher, em oitavo, nono e décimo, respectivamente.

Quem levou a pior na largada foi Senna. Partindo da zona intermediária, em 14º, o brasileiro dividiu a primeira curva com Nico Hülkenberg. O piloto da Force India acabou acertando Paul di Resta — que teve o pneu furado — e também tocou no carro de Senna, que rodou. De contrato assinado com a Sauber para 2013, Hülkenberg encerrou sua corrida ali, enquanto Bruno e Di Resta seguiram na prova. Romain Grosjean teve o pneu furado na primeira volta, mas, dessa vez, não teve culpa, já que foi acertado pela asa dianteira de Nico Rosberg.

Vettel, por sua vez, seguia abrindo caminho. Largando dos boxes, o alemão aproveitou o desempenho muito acima dos carros das equipes novatas e, contando com os incidentes da primeira volta, ganhou muitas posições, fazendo a corrida de recuperação tão esperada por ele, pela Red Bull e pelo público presente ao circuito de Marina de Yas. Mesmo com a asa dianteira ligeiramente danificada em um toque ao tentar uma ultrapassagem em Bruno Senna, Vettel seguia em ótimo ritmo.

A corrida seguia seu curso de maneira até tranquila, com Hamilton liderando com certa folga depois de ter sido pressionado por Räikkönen voltas antes. Maldonado sustentava a terceira colocação, seguido por Alonso e Webber. Mas a tranquilidade foi quebrada por um susto dos grandes e que por muito pouco não resultou em graves consequências.

Na nona volta, Rosberg vinha buscando sua recuperação depois do toque com Grosjean na largada. O piloto tinha à sua frente Narain Karthikeyan, da HRT, e a ultrapassagem era questão de tempo. No entanto, ao passar pela curva 16, o motor Cosworth do carro do indiano começou a ‘fumar’, ocasionando perda abrupta de performance. Rosberg não percebeu a perda repentina de velocidade, acertou a lateral direita do HRT do indiano e quase decolou, batendo em alta velocidade no softwall, na saída da curva. Narain teve muita sorte também, já que a roda traseira da Mercedes do alemão quase acertou seu capacete. No fim das contas, todos escaparam ilesos. Mas o safety-car foi acionado pela direção de prova para auxiliar na retirada dos inúmeros detritos que ficaram na pista naquele momento.

Vettel, àquela altura da corrida, era o 12º colocado e estava perto da zona de pontuação. No entanto, com a asa danificada, o alemão foi chamado pela Red Bull para, durante a vigência da bandeira amarela, ir para os boxes para efetuar a troca da peça e trocar os pneus, colocando os macios. A mudança da estratégia foi significativa, já que o alemão caiu para 21º. A aposta da Red Bull era que Sebastian não parasse mais, mesmo restando ainda 40 voltas para o fim da prova.

A relargada foi dada na 15ª volta, com a manutenção das posições dos primeiros colocados: Hamilton, Räikkönen, Maldonado, Alonso, Webber, Button, Massa, Pérez, Kobayashi e Schumacher. Além de Vettel, apenas Jean-Éric Vergne fez seu pit-stop durante a vigência da bandeira amarela.

Enquanto Hamilton era soberano e fazia seguidamente voltas mais rápidas, Vettel continuava sua luta pelos pontos em Abu Dhabi. Após superar Di Resta, Charles Pic e Pedro de la Rosa, o alemão teve o arrojado Romain Grosjean à sua frente. Depois de uma sequência de voltas atrás do franco-suíço, Vettel usou a asa móvel para ultrapassar o piloto da Lotus em uma manobra polêmica, feita com as quatro rodas fora do limite da pista. Para evitar uma punição da direção de prova, como aconteceu em Hockenheim, a Red Bull pediu que Sebastian devolvesse a posição para Grosjean, mas a recuperou, na pista, minutos depois.

Lá na frente, tudo parecia estar a favor de Hamilton, que rumava para a vitória em Abu Dhabi. Só que Lewis foi vítima do azar mais uma vez. Na 20ª volta, o britânico ficou lento e encostou seu carro no gramado, na área de escape. Fim de prova para ele.

Desolado, Lewis Hamilton retorna para os boxes da McLaren após abandonar a prova (Foto: McLaren)

Aí a liderança caiu no colo de Kimi Räikkönen, com Maldonado em segundo. Só que os pneus da Williams do venezuelano se desgastaram demais, resultado em uma perda significativa de desempenho. Alonso aproveitou a baixa performance de Pastor, foi para cima e fez a ultrapassagem, ganhando a segunda posição. Voltas mais tarde, Button também ganhou a posição de Maldonado, que caiu para quarto.

Vettel, com tática ousada, seguia ganhando muitas posições. Sem tomar conhecimento dos adversários de Vergne, Daniel Ricciardo, Senna e Schumacher, o piloto da Red Bull era o oitavo colocado, virando bem mais rápido que os rivais do pelotão da frente. Já seu companheiro de equipe, Webber, também lutava para ganhar posições e tentou ultrapassar Maldonado. Entretanto, o venezuelano não amoleceu, dividiu a curva com o australiano, que rodou. Contudo, a direção de prova optou por não punir nenhum dos pilotos envolvidos.

Em seguida, Webber tentou recuperar as posições perdidas. O veterano caiu para sétimo e voltou atrás de Massa, que também vinha mais lento devido ao baixo rendimento dos seus pneus macios. Ambos chegaram a se tocar, Webber passou pela área de escape e, quando retornou à pista, Massa rodou e perdeu a colocação. Assim como no incidente anterior, os comissários também optaram por não punir Webber e nem o brasileiro da Ferrari.

Massa, então, decidiu ir para os boxes para fazer seu pit-stop, abrindo assim a primeira — e, provavelmente, única — janela para troca de pneus. Todos os pilotos, com exceção de Schumacher, Senna e Vettel, largaram com pneus macios. Logo, a estratégia era substituí-los pelos compostos duros. Entre os ponteiros, apenas Sebastian estava com os macios e, em tática diferenciada, estava em uma incrível segunda colocação, atrás somente de Räikkönen. Massa vinha em 13º, uma posição à frente de Senna.

Com 35 voltas completadas, a grande questão era saber se Vettel tinha condições de seguir na pista até o fim da corrida sem realizar outra parada para troca de pneus. A meta da Red Bull era fazer com que o alemão terminasse à frente de Alonso, que vinha em terceiro. A diferença que separava os dois adversários na luta pelo título era de 5s5, mas Fernando vinha ligeiramente mais rápido, cerca de 0s3, uma vez que seus pneus duros estavam em melhor estado.

Só que a Red Bull preferiu não arriscar e chamou Vettel para os boxes na 37ª volta. A escuderia taurina equipou o carro do alemão novamente com pneus macios. Sebastian voltou em quarto, atrás de Räikkönen, Alonso e Button. As chances de vitória do alemão pareciam bem remotas, mas tudo mudou graças a um incidente envolvendo três carros e que causou o segundo safety-car da prova.

Na disputa pela quinta colocação, Di Resta, que vinha em tática diferente e fazia corrida brilhante, liderava o pelotão que tinha ainda Pérez, Grosjean e Mark Webber. O mexicano da Sauber emparelhou contra o piloto da Force India, ‘espalhou’ e foi para a área de escape. Quando retornou à pista, ‘Checo’ foi abalroado por Grosjean. Webber não escapou ileso e também foi acertado pelo franco-suíço. Nova bandeira amarela na pista. A direção de prova considerou Pérez como culpado pelo incidente e o puniu com Stop & Go de dez segundos.

Vettel, então, mostrou que a sorte estava mesmo ao seu lado. Com pneus macios novos, o alemão à sua frente três pilotos com pneus duros bem mais gastos, faltando cerca de 15 voltas para o fim. O alemão, mesmo em quarto, passava de azarão para o grande favorito à vitória.

O safety-car recolheu de volta para o pit-lane na volta 42, com Räikkönen escapando na frente, e Alonso, Button e Vettel mais próximos. Nos giros seguintes, Kimi abriu nada menos que 3s para os rivais, que lutavam pelo segundo lugar. Sebastian era ligeiramente o mais rápido dos três. Maldonado, em quinto, parecia não ter fôlego para lutar por um pódio em Marina de Yas.

Depois de uma boa sequência de voltas rápidas de Räikkönen, Alonso respondeu e marcou 1min44s816, diminuindo em 0s2 a vantagem do finlandês e, consequentemente, abrindo vantagem para os adversários. Vettel, por sua vez, tentava não perder contato com o espanhol e pressionava Button, que resistia bravamente na terceira colocação. Enquanto isso, Alonso chegava ainda mais perto de Kimi, reduzindo a diferença do nórdico para apenas 2s2 faltando apenas seis voltas para o fim da dramática corrida em Abu Dhabi.

Pódio histórico em Abu Dhabi, com Kimi entre Alonso e Vettel, os postulantes ao título (Foto: Red Bull/Getty Images)

Que fantástico foi o fim desta corrida. Alonso se aproximava cada vez mais de Räikkönen, que caminhava rumo à sua primeira vitória desde 2009, o que coroaria uma temporada perfeita por parte do finlandês. Vettel sabia que tinha de arriscar para pelo menos beliscar um pódio em Marina de Yas. Por isso, deu tudo de si para finalmente ultrapassar Button e conquistar o terceiro lugar, heroico se for levada em conta a sua posição de largada.

Kimi abriu a última volta do GP de Abu Dhabi com 1s2 de vantagem para Alonso que, por sua vez, estava 3s8 à frente de Vettel. O quadro parecia definido, embora o alemão, no giro anterior, anotou 1min43s964, a melhor marca de toda a corrida. Não havia tempo para mais nada, e o fim da corrida foi apoteótico, com o finlandês colocando o nome Lotus no topo do pódio desde os tempos de Ayrton Senna, em 1987. Mais uma vez, Räikkönen faz história na F1.

Alonso conseguiu terminar em segundo, apenas 0s8 à frente de Kimi, com Vettel completando o pódio. Button ainda conseguiu um quarto lugar, resultado desastroso para a McLaren, se for considerado o infortúnio com Hamilton. Pastor Maldonado chegou em quinto, consolidando seu ótimo fim de semana em Marina de Yas. Kamui Kobayashi, em ótima corrida de recuperação, foi o sexto, fechando à frente de Massa, discreto neste domingo, e Senna, outro que teve bom rendimento na corrida. Di Resta, com estratégia de três paradas, e Daniel Ricciardo, completaram o top-10 em Abu Dhabi.

GP de Abu Dhabi, Marina de Yas, final:

 

 

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