“O dinheiro é rei”: Hamilton se diz chocado por F1 correr em meio ao caos por coronavírus

Com a autoridade de quem é o maior nome da F1 atual e um dos maiores de todos os tempos, Lewis Hamilton criticou a categoria por manter a programação do GP da Austrália em meio ao caos global em razão da pandemia de coronavírus: “Estou muito, muito surpreso por estarmos aqui”

GUIA 2020
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Hexacampeão mundial, recordista de poles e um dos maiores nomes da F1 em todos os tempos, Lewis Hamilton sabe o tamanho da voz que tem e não se furta a colocar o ‘dedo na ferida’ quando se faz preciso. Em sua primeira aparição pública neste fim de semana de GP da Austrália, na entrevista coletiva promovida pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em Melbourne, nesta quinta-feira (12), o piloto da Mercedes criticou a F1 por seguir com a programação do evento mesmo em meio ao caos global provocado pela pandemia do novo coronavírus.

 
Sentado ao lado de Nicholas Latifi, Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo em frente aos jornalistas, Hamilton não poupou palavras para mostrar sua indignação pelo fato de a F1 levar adiante o evento que abre a temporada 2020 mesmo em meio a um cenário de enorme crise em razão do Covid-19.
Lewis Hamilton criticou a F1 por levar adiante o GP da Austrália em meio ao caos pelo coronavírus (Foto: AFP)
“Estou muito, muito surpreso por estarmos aqui. É ótimo termos corridas, mas, para mim, é chocante estarmos todos sentados nesta sala e que haja tantos fãs na pista. Parece que o restante do mundo está reagindo, provavelmente um pouco tarde. A NBA foi suspensa, mas a F1 continua trabalhando", declarou o piloto da Mercedes.
 
Quando questionado sobre o fato de a F1 insistir em correr neste fim de semana, Hamilton disparou. “O dinheiro é rei, mas, sinceramente, não sei. Não tenho muito mais a acrescentar”.

O tom adotado por Hamilton é de bastante preocupação, sobretudo com pessoas mais idosas e com o público que está em Melbourne para o GP da Austrália. “Vi Jackie Stewart nesta manhã aparentemente em forma, saudável e bem, e algumas pessoas bem idosas quando entrei no paddock. Portanto, é uma preocupação em relação às pessoas daqui. Definitivamente, é preocupante para mim”.

 
“Não acho que devo esquivar de emitir minha opinião. O fato é que estamos aqui e peço a todos que realmente tomem cuidado em tocar portas e superfícies. Espero que todos tenham desinfetante para as mãos. E que os fãs tomem muitas precauções. Andei e fiquei vendo tudo o que acontecia, como se fosse um dia normal. Então, eu só espero que todos os fãs estejam seguros, e espero que passemos este fim de semana sem ver mortes”, alertou.

Questionado sobre os rumos do GP da Austrália, sobretudo caso o resultado dos funcionários de Haas e McLaren, colocados em quarentena por suspeita de coronavírus, for positivo, Hamilton bradou. “Não cabe a mim tomar a decisão. Mas ouvi dizer que os resultados não vão voltar por cinco dias ou algo assim. Coincidentemente”.

 
A última quarta-feira marcou mais uma série de anúncios sobre eventos esportivos cancelados ou adiados. A NBA, por exemplo, decidiu suspender, até segunda ordem, a temporada em razão do diagnóstico positivo do pivô francês Rudy Gobert, do Utah Jazz, para coronavírus. 
A MotoGP também adiou o início de sua temporada (Foto: Yamaha)
O GP da Argentina de MotoGP foi transferido para o fim do ano, adiando assim o início da temporada para maio. Segundo o site norte-americano ‘Motorsport.com’, os ePs de Seul e Paris da Fórmula E também vão ser adiados, levando a sequência do campeonato para maio. Por fim, o Mundial de Endurance anunciou o cancelamento das 1.000 Milhas de Sebring, prova que seria realizada na semana que vem, em razão da ampla suspensão de viagens de cidadãos não-americanos da Europa para os Estados Unidos.
 
A opinião de Hamilton contrasta com a de Ricciardo. O piloto da casa foi sucinto ao falar sobre o assunto. “Estou aqui para correr”.
 
Em contrapartida, Kimi Räikkönen, piloto mais experiente da F1 na atualidade, entende que a categoria erra em levar adiante a programação do GP da Austrália.
 
“Não sei se é a coisa certa estarmos aqui. Provavelmente, não. Mas não cabe a nós, não é uma decisão nossa. Acho que, se fosse uma decisão de todas as equipes, provavelmente não estaríamos aqui”, disse o ‘Homem de Gelo’.
Companheiro de equipe de Hamilton na Mercedes, Valtteri Bottas adotou um tom bem menos assertivo em relação ao britânico. "É muito, muito bom estar aqui e correr, muito provavelmente. Não ouvi nada além disso e não sou um especialista na situação mundial", comentou o finlandês.
 
"Obviamente, nós, enquanto equipe, recebemos algumas atualizações e, obviamente, há pessoas monitorando tudo. Com certeza, a segurança de todos da equipe, de todos os fãs, de todos os envolvidos neste tipo de evento, é muito importante. Não tenho muito mais o que dizer, a não ser que quero muito competir e que estamos aqui para competir, e se tivermos permissão, claro que estarei muito feliz por isso", emendou Valtteri.
 
Alexander Albon, piloto da Red Bull, foi na mesma linha de Bottas e evitou críticas à F1. "Não estou muito em posição de falar a respeito, mas sei que a F1, a FIA e as equipes estão conversando muito e estão tentando encontrar uma solução".
 
"Sei que eles têm muitos especialistas tentando lidar com o problema e precisamos confiar neles, de verdade. Acho que eles conhecem a situação melhor do que nós. E quando se trata disso, eles vão ser os que vão tomar a decisão correta. E acho que todos podemos confiar neles", falou o anglo-tailandês.
 
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