O início na Williams, a parceria com Schumacher, a rivalidade com Hamilton e o fim inesperado: a carreira de Rosberg na F1

A carreira de Nico Rosberg na F1 durou 11 temporadas. O alemão correu por apenas duas equipes na sua trajetória: a Williams e a Mercedes, onde foi o primeiro vencedor desde Juan Manuel Fangio, bateu Michael Schumacher com sobras, travou uma luta ferrenha com Lewis Hamilton e chegou ao título mundial de F1 no último domingo, em Abu Dhabi, que surpreendentemente acabou por ser o último da sua carreira

 

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Foi com choque e enorme surpresa que o mundo da F1 recebeu a notícia da aposentadoria de Nico Rosberg. O alemão decidiu se retirar do esporte dias depois de conquistar o título mundial em Abu Dhabi, no último domingo (27). Rosberg encerra um ciclo iniciado em 2006, quando iniciou sua carreira como piloto da Williams. Desde então, foram nada menos que 206 GPs disputados, com 23 vitórias, 30 poles, 20 voltas mais rápidas e 57 pódios. 

 
Uma carreira que ganhou grande impulso a partir de 2010, quando foi contratado pela Mercedes, que voltava ao grid depois de 55 anos. Nico teve ao seu lado ninguém menos que o maior campeão da história da F1, Michael Schumacher, mas não teve dificuldades em bater o veterano, que estava na fase final da sua jornada no esporte. Depois, a partir de 2013, travou uma rivalidade ferrenha com outro que faz parte do rol dos maiores da história, Lewis Hamilton. Depois de finalmente derrotar o britânico e ser campeão mundial de F1, Rosberg saiu de cena da mesma forma que entrou: talentoso dentro das pistas e discreto fora delas.
 
Há 11 anos, o então jovem alemão faturava o primeiro título da história da GP2. Em um grid que contava com nomes como Nelsinho Piquet, José María ‘Pechito’ López, Scott Speed, Xandinho Negrão e seu grande adversário na luta pela taça, Heikki Kovalainen, Nico garantiu cinco vitórias e chegou ao título com a equipe francesa ART Grand Prix em 2005. 
 
No ano seguinte, o filho de Keke Rosberg estreava na F1 como piloto da Williams numa fase de transição para a equipe britânica. E Nico começou bem, somando pontos logo na corrida de estreia, no Bahrein. Mas era um período cheio de dificuldades para a Williams, de modo que o alemão só voltou a pontuar no GP da Europa, em Nürburgring, somando quatro pontos em seu primeiro ano na F1.

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Aos 20 anos, Rosberg foi o primeiro campeão da história da GP2 (Foto: GP2 Series)
Em 2007, Rosberg foi bem melhor e somou 20 pontos, o possível com um carro muito problemático e dotado do motor Toyota. Seu companheiro de equipe na maior parte daquele ano, Alexander Wurz, tinha somado apenas 13 pontos. Já no ano seguinte, ainda pela Williams, vieram os primeiros pódios na carreira como piloto de F1: terceiro lugar na abertura da temporada 2008, na Austrália, e seu melhor resultado no ano, o segundo posto no polêmico GP de Cingapura, ficando só atrás de Fernando Alonso. 
 
Em 2009, apesar de ter feito sua melhor temporada na Williams, faturando todos os 34,5 pontos da equipe no Mundial, ficando em sétimo lugar, Nico não voltou ao pódio.
 
Até que sua carreira ganhou novos horizontes ao fim daquele ano com a volta da Mercedes como equipe à F1. E a montadora alemã, que havia acabado de adquirir a BrawnGP, surpreendente campeã do mundo em 2009, trouxe o jovem Rosberg e resgatou da aposentadoria o maior campeão da categoria, Michael Schumacher. Uma dupla 100% alemã numa escuderia germânica. Muitos imaginavam que Nico seria facilmente surrado por Schumacher. Mas aconteceu justamente o contrário.
Em 2010, a Mercedes voltava à F1 como equipe e tinha Rosberg ao lado de Schumacher (Foto: Mercedes)
Rosberg foi muito melhor que Schumacher desde o primeiro ano da Mercedes. Nico fazia em 2010 sua então melhor temporada na carreira, com direito a três pódios (terceiro lugar nos GPs da Malásia, China e Inglaterra) e terminou em sétimo lugar, com 142 pontos, apenas dois a menos em relação ao sexto lugar, Felipe Massa. Schumacher fechava aquele ano apenas em nono, com 72 pontos.
 
A Mercedes ainda ficou num patamar inferior em relação à Ferrari, Red Bull e McLaren em 2011 e, desta vez, Rosberg não foi ao pódio. Em um 2011 bastante irregular, Nico fechou em oitavo e marcou 89 pontos, enquanto Schumacher veio logo atrás, em oitavo, com 76. Só que o destino reservaria a Nico a chance de voltar a levar a Mercedes ao topo do pódio, assim como fizeram ícones como Juan Manuel Fangio e Stirling Moss. 
 
Confirmando que a Mercedes caminhava, ainda que a passos lentos, rumo à glória na F1, Rosberg venceu pela primeira vez na carreira no GP da China de 2012 e ainda voltou ao pódio com o segundo lugar no GP do Canadá. Contudo, a Lotus havia feito um belo trabalho naquele ano e, graças a Kimi Räikkönen, Romain Grosjean e James Allison, o time aurinegro terminava em quarto, à frente da Mercedes.
Toto Wolff teve de mediar a rivalidade entre Hamilton e Rosberg desde 2013 (Foto: Getty Images)
Mas a realidade da escuderia prateada mudava drasticamente em 2013. Schumacher se aposentava definitivamente ao fim do ano anterior, e o time sediado em Brackley trazia o badalado Lewis Hamilton, contratado a peso de ouro da McLaren, para o seu lugar. A dupla rapidamente se tornou uma das mais consistentes da F1 e ajudou a levar a Mercedes ao vice-campeonato do Mundial de Construtores. Nico voltava a vencer, nos GPs de Mônaco e da Inglaterra, e conquistava também os pódios na Índia e em Abu Dhabi. 
 
Mas de uma forma que jamais havia acontecido em sua carreira na Mercedes, Rosberg era superado no fim da temporada por Hamilton. Nascia ali uma das grandes rivalidades da década na F1. E o embate entre os antigos amigos da época do kart acirrou a partir do momento em que a Mercedes passou a dominar a F1 com a nova ‘Era Turbo’. O time alemão desenvolveu a melhor tecnologia das novas unidades motrizes e iniciou uma era prateada na F1.
 
Com uma postura bem diferente da Ferrari, a Mercedes liberou a briga entre os dois. Hamilton se colocava como um piloto de melhor qualidade, mas Rosberg não se mostrava muito longe. Tanto que, mesmo tendo vencido apenas cinco corridas em 2014, contra 11 de Hamilton, Nico chegava a Abu Dhabi, palco da etapa derradeira do campeonato — única da história com distribuição de pontos em dobro — com chances de título. Mas uma quebra, aliada à vitória de Lewis, adiaram o sonho de Rosberg.
Nico Rosberg se tornou campeão do mundo na F1 em Abu Dhabi. Dias depois, encerrou sua carreira (Foto: Mercedes)
Em 2015, Rosberg teve seus momentos de brilho, venceu algumas boas corridas, como em Mônaco, mas nem de longe foi páreo para Hamilton, que venceu com três corridas de antecipação. Nico só conseguiu de fato ser mais efetivo depois que Lewis havia confirmado o título, em Austin. E aí, a partir do GP do México, o mundo da F1 via um outro Nico Rosberg, que depois de ser subestimado e até ter virado motivo de chacota, enfim virou o jogo. 
 
Pouco mais de um ano depois, na disputa do GP de Abu Dhabi, Rosberg soltou da garganta o grito de campeão com toda justiça. A prova do último domingo acabou tornando, sem que ninguém soubesse àquela altura, que seria a última da carreira como piloto de F1.
 
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