Opinião GP: Antes favorita, Ferrari se perde por causa dos pneus e entrega a Mercedes e Hamilton condição ideal

O GP da Espanha, de fato, parece ter mostrado do que é feita essa F1 em 2018. Em uma prova sem a interferência do acaso, revelou uma Mercedes dominante e sem os mesmos problemas de pneus. Já a Ferrari, apesar do início estonteante, tem lá suas fraquezas, e elas ficaram bastante evidentes na relação do carro vermelho com os pneus, além das decisões estratégicas

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O GP DA ESPANHA entregou aquilo que lhe é mais característico: a promessa de revelar a real ordem de forças do campeonato em uma corrida mais morna e até previsível. Nos últimos anos tem sido assim, ainda que pesem algumas edições em que o caos se fez por situações que fogem ao controle da normalidade – caso da corrida em 2016 e até a do ano passado. E obedecendo essa lógica, a etapa catalã destoou bem do que tem sido essa louca temporada 2018, em que nem tudo que parece é. Só que a imagem que ficou é de que, em um circuito conhecido por todos, a Mercedes possui alguma margem de frente
 
A escolha de pneus caiu como uma luva para os alemães. Ainda que o supermacio não tenha casado completamente com o W09, os compostos macios e médios representam uma arma poderosa para os prateados. E isso é um reflexo do que se viu na pré-temporada, quando Lewis Hamilton e Valtteri Bottas dedicaram inúmeros quilômetros em testes dos dois tipos de componentes, então não é realmente uma surpresa observar o rendimento dos carros prata com esses dois pneus, especialmente o jogo de compostos brancos. Os dados permitiram que a equipe alemã se garantisse com apenas uma parada, aliada ao um desempenho impecável de seu melhor piloto.
E diga-se, nessas condições, Hamilton se torna, de fato, imbatível. 
GP da Espanha viu uma dobradinha da Mercedes –  a primeira de 2018 (Foto: Beto Issa)

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Então, tudo se encaixou perfeitamente. Hamilton fez bom uso da pole, saltou na frente e foi abrindo vantagem até o momento da parada. Voltou atrás de Max Verstappen, mas era apenas uma questão de tempo até retornar para uma liderança tranquila – a Red Bull novamente deu o bote na base da estratégia, mas esse é um assunto para mais para frente. Em nenhum momento, Lewis foi ameaçado e seu ritmo consistente descartou qualquer problema ou preocupação com a durabilidade ou desgaste excessivo dos pneus. 
 
A surpresa do fim de semana foi mesmo a dificuldade enfrentada pela Ferrari. A equipe italiana viveu um início de ano estonteante, ganhando as duas primeiras corridas, mas, depois, Sebastian Vettel lidou com reveses dolorosos na China e no Azerbaijão, e ainda viu Hamilton lhe tomar a ponta. O tetracampeão quis minimizar sua condição após a corrida Baku, confiando na performance ferrarista, e parecia correto. Mas a Espanha mudou esse cenário. 
 
Antes senhora dos pneus mais macios da Pirelli, os italianos tiveram dificuldades para lidar com os supermacios, especialmente. O composto simplesmente não funcionou. Tanto é verdade que a equipe teve de ‘apelar’ para os amarelos na classificação. E na corrida, para os médios, que sequer havia experimentado ao longo do fim de semana. Ainda que pese a redução da banda em 0.4 mm – a fornecedora de Milão decidiu alterar a composição dos pneus para evitar o superaquecimento em um circuito de asfalto novo -, o time de Maranello se perdeu e não soube achar uma solução.
Os pneus foram o calcanhar de Aquiles da Ferrari (Foto: Ferrari)
A estratégia de todo mundo era parar uma única vez – inclusive Kimi Räikkönen. Mas Vettel passou a enfrentar problemas com os pneus traseiros e não teve alternativa, usando o safety-car virtual para perder menos tempo na segunda troca. E o que se viu foi uma queda de performance mesmo – particularmente na comparação com as provas anteriores. Ou seja, se a Mercedes não anda bem (ou andava) com os pneus muito macios, a Ferrari não vai bem com os mais duros. E nisso criou uma condição ideal para a rival. Que agora tem uma folga considerável.
 
Só que nem tudo está perdido no reino italiano. A próxima etapa ocorre em Mônaco, onde, em 2017, o time nadou de braçada, vencendo com dobradinha, inclusive. E lá, os pneus voltam ao normal de sua composição. E a escolha não poderia ser melhor: supermacio, ultramacio e hipermacio, que enfim faz a estreia na temporada. Os três compostos foram amplamente testados pela Ferrari na pré-temporada e responsáveis pelos melhores tempos da equipe justamente em Barcelona. A condição ainda se repete no Canadá, duas semanas depois, o que abre a chance de uma significativamente recuperação no campeonato. Quer dizer, é a oportunidade de ir à desforra. 
 
A Mercedes, em contrapartida, tem pela frente uma prova de fogo. Além da combinação dos pneus, ainda há o traçado do Principado. Travado e traiçoeiro, a pista deixou clara, no ano passado, a extrema dificuldade do time em circuitos de baixa velocidade.
 
E aí é que a Red Bull pode entrar também. A esquadra austríaca não ousou protagonizar na Espanha, apenas trabalhou bem com o que tinha nas mãos, no caso, a estratégia. Foi beneficiada pelos problemas com Vettel e o abandono de Räikkönen, mas foi competente para fechar no pódio. Em Mônaco, a história pode colocar os energéticos também à frente dos alemães. 
Max Verstappen ainda conseguiu dar o bote pelo pódio (Foto: Beto Issa)
A F1 2018 viveu, sim, uma corrida aquém do que tem sido a temporada. Mas o resultado ajuda a entender a loucura que tem sido esse campeonato, em que as condições mudam rapidamente e leva a melhor quem primeiro saca. E, ao contrário do que a classificação possa sugerir, a disputa ainda vai longe, muito longe.
Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
 

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