Opinião GP: estupidez de Grosjean no GP da Bélgica embola Mundial, e McLaren volta à briga

Na opinião dos jornalistas do Grande Prêmio, a 12ª etapa do Mundial de F1 foi boa para o campeonato, mas preocupante para os adversários da McLaren, por conta da vitória dominante de Jenson Button. Felipe Massa fez bela corrida e Bruno Senna também poderia ter pontuado, mas foi duramente prejudicado pela tática adotada pela Williams em Spa

 

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O início da segunda parte da temporada 2012 da F1 teve o mesmo desfecho do começo da primeira: com Jenson Button no alto do pódio. Assim como aconteceu em Melbourne, no já distante mês de março, o britânico não deu chances aos rivais e venceu fácil o GP da Bélgica, 12ª etapa do Mundial, no último domingo (2), e primeira após as férias de verão. E assim como aconteceu na Austrália, Romain Grosjean se envolveu em outro acidente na primeira volta.

Mas, no último domingo, o franco-suíço foi responsável direto pela batida que tirou cinco postulantes à vitória em Spa-Francorchamps, inclusive Fernando Alonso, líder do campeonato, e Lewis Hamilton. A estupidez de Grosjean — que lhe valeu a justa suspensão por uma corrida, no GP da Itália — também acabou por embolar o campeonato. Sebastian Vettel, segundo colocado na Bélgica, tirou proveito da situação, fez corrida soberba, terminou em segundo após ter largado em décimo e renasceu no campeonato, ficando agora a 24 pontos de Fernando.

Analisando sob outro prisma, a vitória de Button consolida de vez a reação da McLaren — e do próprio Button — no campeonato. O time de Woking foi para as férias de verão motivado com o êxito dominante de Hamilton no GP da Bélgica. Êxito que se repetiu em Spa, mas com Jenson. Mas apesar do belo resultado conquistado no tradicional circuito belga, a diferença de Button para o líder Alonso ainda é estratosférica: 63 pontos. Mas na F1 de 2012, todos podem sonhar.

Mesmo os brasileiros, que tiveram uma primeira parte de Mundial bastante irregular, têm lá seus motivos para sorrir. A começar por Felipe Massa. Único piloto da Ferrari em praticamente toda a corrida, Felipe, se não fez uma corrida extraordinária, também não cometeu erros, vencendo um belo duelo com Mark Webber, cuja estrela parece ter se apagado após a vitória em Silverstone. Bruno Senna, enquanto teve à sua disposição pneus em bom estado, se manteve na zona de pontuação, mas sucumbiu à tática errante — de uma parada, apenas — da Williams.

Contudo, é preciso ponderar que a missão de ambos ficou menos difícil com a saída de cinco pilotos — Alonso, Hamilton, Grosjean, Sergio Pérez e Kamui Kobayashi — claramente em condições de vencer na Bélgica.

Button festeja vitória na Bélgica e reação no Mundial, embolado após corrida do último domingo (Foto: McLaren)

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Na opinião do jornalista e blogueiro do Grande Prêmio, Ivan Capelli, o campeonato, que agora tem os cinco primeiros colocados separados por menos de 50 pontos, embolou de vez, graças ao desastrado Grosjean, que poderia ter causado uma grande tragédia na La Source, no último domingo.  “Grosjean, totalmente sem noção, certamente não tinha ideia do tamanho da confusão que estava causando na largada do GP da Bélgica. Confusão essa que teve duas acepções: a literal, provocando um acidente múltiplo que há muito não se via na F1, e a figurada, já que provocou o primeiro abandono de Fernando Alonso na temporada. Com isso, não só vários carros ficaram embolados na curva La Source: o campeonato mundial também embolou.”

Flavio Gomes, diretor da Agência Warm Up e do Grande Prêmio, vai além e diz que a estupidez de Romain tirou de cena pilotos que poderiam brigar com Button pela vitória. “Em Spa, simplesmente tirou cinco possíveis protagonistas da corrida: ele próprio, mais Hamilton, Alonso, Pérez e Kobayashi. Cinco caras que poderiam brigar pelo pódio, por vitória. Uma verdadeira anta. Koba, tadinho, ainda continuou na corrida. Mas seu segundo lugar no grid estava definitivamente estragado pelo estabanado francês da Lotus. Para não dizer estúpido.”

Mesmo com a ausência de potenciais candidatos à vitória em Spa, o GP da Bélgica, como um todo, foi considerado bastante positivo. Nem tanto pela vitória fácil de Button, mas pela bela corrida de Vettel, pelo bom desempenho de equipes do bloco intermediário — como Force India e Toro Rosso, que colocaram seus dois pilotos na zona de pontuação —, e, principalmente, pelo campeonato, que ficou ainda mais apertado, já que, pela primeira vez em 24 corridas Alonso, líder do Mundial e sinônimo de regularidade, não pontuou.

Grosjean aceitou a suspensão por uma corrida e pediu desculpas aos envolvidos na batida (Foto: Lotus)

“A corrida foi boa. Mais pelas boas disputas, menos pela vitória de Button, tranquila demais e preocupante para os adversários. Ele fez tudo aquilo com uma troca de pneus, apenas. Assim como Vettel, o nome da corrida”, avaliou Gomes, citando a ascensão da McLaren nas últimas provas do Mundial. “A McLaren fechou bem a primeira parte da temporada, ganhando com Hamilton numa pista lenta como a de Budapeste, e abriu bem a segunda, vencendo fácil num circuito rápido como Spa”, escreveu o jornalista.

Por sua vez, Capelli também abre espaço para elogios a Button, que, depois de um ano cheio de altos e baixos, parece ter finalmente alcançado a velha forma de um campeão do mundo. “Depois de uma dezena de corridas decepcionantes, Button voltou a apresentar o desempenho que se esperava de um campeão como ele. Largou na frente e dominou a corrida de ponta-a-ponta – primeira vitória assim na F1 desde o GP da Índia do ano passado —, sem dar chances a ninguém.”

Capelli também avalia a corrida em Spa-Francorchamps de maneira positiva, ainda que tenha considerado a etapa morna para os padrões da F1 em 2012. “O saldo final do GP da Bélgica foi positivo, pensando num campeonato disputado, ainda que a corrida não tenha sido tão boa como costuma ser em Spa. Para a média do campeonato, foi um GP morno”, comentou o jornalista e blogueiro gaúcho, que colocou um ponto que pode ser crucial nas próximas corridas. “Talvez as equipes já tenham finalmente entendido como funcionam os compostos da Pirelli e essa pode ser a tendência para o resto do campeonato. Semana que vem, em Monza, será possível analisar melhor”, ponderou.

Faltando oito corridas para o fim da temporada, ainda é muito cedo para eleger uma força dominante e um favorito claro ao título. Contudo, a boa forma exibida pela McLaren nas últimas duas provas do Mundial indica que, atualmente, o MP4-27 está um nível acima — pelo menos — dos oponentes. Gomes entende que os bólidos construídos em Woking serão as vedetes na sequência do campeonato, totalmente aberto a, pelo menos, seis pilotos, incluindo o próprio Button.

“Será o bicho-papão das corridas que vêm por aí, o carro ‘mclariano’. Alonso bem que avisou:  ‘O que temos não é suficiente’, falou, com ares de arauto do apocalipse, já na volta das férias. Como Vettel terminou em segundo, a diferença dele para o alemão, que era de 42 pontos, caiu para 24. Menos que uma vitória. Campeonato de regularidade é assim: quem não tem o melhor carro, caso do espanhol, não pode escorregar.”

Massa conquistou um bom quinto lugar no GP da Bélgica (Foto: Ferrari)

O que fica do GP da Bélgica, também, é a atuação bastante razoável de Massa e Senna. Ambos precisam de bons resultados para ter a chance de renovar com suas respectivas equipes, Ferrari e Williams, para a próxima temporada. Felipe terminou em quinto, talvez melhor resultado possível considerando a supremacia da McLaren e o bom rendimento de Lotus, Red Bull e Force India em Spa-Francorchamps. Ainda assim, é preciso ter o pé no chão.

“Ninguém deve se iludir muito com a posição, embora tenha sido um resultado importante pelos pontos e tal. Felipe mesmo falou: ‘Foi muito importante para mim’. Só que é preciso lembrar que cinco caras que normalmente chegariam à sua frente se estreparam na largada”, salientou Gomes.

Capelli entende, também, que o desempenho de Bruno Senna foi positivo, melhor em comparação ao seu companheiro de Williams, Pastor Maldonado, que novamente, depois de fazer boa classificação, teve uma corrida arruinada pelos seus próprios erros. Senna, por sua vez, mesmo que não consiga ser tão rápido quanto o venezuelano nas classificações, vem guiando com a cabeça e pode, em breve, passar o pupilo de Hugo Chávez na tabela de pontos.

“Senna andou o tempo todo entre os primeiros, chegando a aparecer inclusive na quarta posição. Porém, uma estratégia de pneus absurda da Williams destruiu sua prova. Acabou num decepcionante 12º posto, embora tenha merecido muito mais do que isso. Não que sirva de consolo, mas ao menos Bruno foi muito melhor que seu companheiro Pastor Maldonado”, concluiu o jornalista e blogueiro do Grande Prêmio.

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