Opinião GP: Ferrari hesita e se coloca em risco diante de Red Bull que ousa mais em 2022

Em Miami, a Ferrari não conseguiu dar o troco na Red Bull e teve de se contentar em ver Max Verstappen vencer de novo. A vitória do holandês tem muitas razões, mas talvez a principal delas seja realmente a própria equipe italiana. Presa em sua zona de conforto, hesitou em arriscar e acabou derrotada

UMA VEZ MAIS, a Red Bull surpreendeu em 2022. É bem verdade que havia uma expectativa por uma boa apresentação dos taurinos, diante da decisão por um acerto de menor carga aerodinâmica, visando a velocidade em reta. A fórmula era mais ou menos a mesma da corrida na Arábia Saudita, que acabou em vitória de Max Verstappen. Só que, em Miami, outras variáveis entraram na equação, como o calor e o desgaste excessivo dos pneus. Sem contar a confiabilidade, que ainda assombra as garagens dos energéticos – e, de fato, problemas não faltaram ao longo do fim de semana. No entanto, a equipe austríaca soube explorar melhor as condições do circuito do sul da Flórida, sendo também surpreendida por uma mudança no tempo. Dessa forma, o cenário ficou perfeito para o campeão do mundo, que raramente deixa passar oportunidades como essa.

Verstappen conquistou uma vitória importante em Miami, assim como fizera em Ímola, há duas semanas. A terceira posição no grid foi anulada logo nos primeiros metros, quando endureceu a disputa com Carlos Sainz e obrigou o espanhol a tirar o pé, em prol do companheiro de equipe, Charles Leclerc. A busca pela liderança foi uma questão de tempo. Max já virava mais rápido que o líder monegasco – que, por sua vez, sofria com os pneus médios. A ultrapassagem se deu na volta 9. A partir daí, o holandês comandou a corrida e só foi incomodado na parte final, quando os compostos duros deram uma nova chance a Leclerc. Ainda assim, o homem que leva o #1 no carro não permitiu um ataque maior.

Foi uma prova fisicamente difícil, como o próprio Max relatou mais tarde. De fato, os pilotos deixaram os carros mais cansados que o normal. O calor e a umidade em Miami, além da desafiadora pista, exigiram dos competidores, em especial dos dois postulantes ao título de 2022.

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Max Verstappen pediu água ao deixar o carro após a terceira vitória em 2022 (Foto: Red Bull Content Pool)

O triunfo significa ainda que, somando o fim de semana da Emília-Romanha, o holandês conquistou 60 pontos contra 33 do ferrarista, que segue na liderança, mas agora com uma vantagem de 19 tentos. Essa performance é explicada pelo salto de qualidade dado pela Red Bull em Ímola, quando introduziu atualizações certeiras, mas também pela capacidade que os taurinos demonstram em compreender mais rapidamente cenários diferentes.

Na Itália, o frio e a chuva foram elementos que forçaram uma mudança de planos. A Red Bull aceitou o desafio e ousou com suas peças novas – o conjunto pegou a Ferrari no contrapé. Em Miami, os austríacos não hesitaram na escolha do acerto. A velocidade final foi fundamental, e a equipe ainda contou com uma queda de temperatura para tirar mais dos pneus, e isso também pavimentou a vitória deste domingo.

Há ainda esse Verstappen escaldado na disputa de um título. O que diz muito sobre sua posição diante do grid atual é o fato de que venceu todas as provas que concluiu até aqui. Max segue forte e implacável nas disputas corpo a corpo. Sabe que também é preciso arriscar. E tem sido recompensado.

Faltou um pouquinho de ousadia à Ferrari em Miami (Foto: Ferrari)

E esse talvez seja o ponto que tem feito a diferença para a Ferrari no momento. A F1-75 continua um carro muito bom e rápido. É consistente e não quebra – o maior trunfo dos ferraristas em 2022. Mas, assim como o RB18, também precisa de ajustes. Leclerc sofreu com os compostos médios e virou uma presa fácil. Depois, após a saída do safety-car, as condições melhoraram com os pneus duros, mas era tarde demais.

Diante do que fez o monegasco nas voltas finais, ficou a impressão de que a escuderia vermelha poderia ter sido mais atrevida. O SC abriu a chance para um pit-stop extra. Um último impulso para pegar o rival. Ainda que o holandês tivesse a seu favor a velocidade de reta, Charles tinha enorme desempenho nas curvas e uma aderência melhor poderia jogar um tempero a mais nos momentos derradeiros. Faltou ação do pit-wall.

A Ferrari não domina mais como no início da temporada, mas ainda tem a liderança de ambos os campeonatos nas mãos. É certo dizer que há tempos os ferraristas não se viam nessa condição e que talvez o descostume ainda trave certas decisões, mas o confronto com a Red Bull, com essa Red Bull que foi à guerra em 2021, exige um pouco mais de ousadia e fúria.

Agora, a F1 volta para casa. O GP da Espanha é o próximo e guarda muito da expectativa entre os vermelhos. Há um enorme pacote de atualizações vindo aí de Maranello. É um investimento gigante, na tentativa de aperfeiçoar aquilo que já funciona bem, mas também um grande trabalho em cima daquilo que precisa melhorar. Pode ser, sim, o ponto chave para os italianos. Porque a Red Bull não para. E nem Verstappen.

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