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Claro que tudo isso afeta a confiança de qualquer piloto, mesmo sendo um cara tarimbado e ‘cascudo’ como Lewis. Na esteira de tudo isso, Rosberg deitou e rolou e somou 100 pontos em quatro corridas. Só que Hamilton precisava muito de um bom resultado para enfim renascer na temporada. Psicologicamente, a vitória em Mônaco, que veio no mesmo momento da pior performance de Rosberg em 2016, foi duplamente providencial para o britânico e deu uma nova perspectiva para um campeonato que parecia encaminhado.
Em duas semanas, Hamilton fez o caminho inverso ao de Verstappen: foi do inferno ao céu (Foto: Lars Baron/Getty Images/Red Bull)
Curioso foi ver, na última sexta-feira, quando
Lewis clamou aos céus por um impulso divino para voltar à briga pelo tetra. “Eu acordo pronto toda manhã, mas existe um plano. Deus tem um plano, e você tem apenas de seguir o caminho Dele e esperar que saia tudo do jeito que você quer, mas nem sempre acontece assim”, disse o piloto. Em Mônaco, foi justamente ao contrário.
Deu tudo certo para Lewis Hamilton. Claro, Lewis contou com uma gigante ajuda da Red Bull, que dormiu no ponto ao fazer o pit-stop de Daniel Ricciardo e não havia se programado para colocar pneus supermacios no carro do australiano. O britânico deu o ‘pulo do gato’ e assumiu a liderança para não mais perdê-la e consolidar seu renascimento no campeonato. Presente dos céus? O futuro dirá.
A redução de 43 para 24 pontos na vantagem de Rosberg para Hamilton indica que, no GP do Canadá, daqui a duas semanas, o tricampeão pode até assumir a dianteira do campeonato se venceer e seu companheiro de equipe não pontue. São possibilidades, evidentemente, mas o fato é que a briga agora se tornou muito mais aberta entre os dois pilotos da Mercedes.
O momento atual remete um pouco a 2014. No fim do GP da Bélgica que marcou uma das grandes polêmicas entre Hamilton e Rosberg, a diferença era de 29 pontos em favor do alemão. Mas Lewis se mostrou tão forte psicologicamente depois do revés que emendou nada menos que seis vitórias nas sete corridas seguintes para confirmar o título em Abu Dhabi.
No Canadá, Rosberg precisa mostrar que é bom o bastante, na pista e no psicológico, para brigar pelo título (Foto: Getty Images)
O resultado deste domingo em Mônaco serve também como um impulso maior para o próprio Lewis. Psicologicamente mais forte depois de uma vitória redentora no domingo, Hamilton tem todas as armas na mão para consolidar sua reação nas próximas semanas, a começar pelo GP do Canadá. O britânico ostenta um grande histórico no circuito Gilles Villeneuve.
Foi lá, em 2007, que Hamilton venceu pela primeira vez na F1 e voltou a repetir o feito em três oportunidades. Rosberg, em contrapartida, jamais venceu no Canadá.
Em um jogo de forças tão acirrado dentro da Mercedes, com Hamilton em um corner e Rosberg em outro, a temporada 2016 entra em um novo momento em Montreal, fechando o seu primeiro terço, na sétima de 21 corridas. Hamilton vai buscar aproveitar o momento após a vitória em Mônaco e o retrospecto no Canadá para confirmar o bom momento, enquanto caberá a Rosberg se impor e deixar claro que é forte o bastante para não se abater com um raro revés na temporada.
Porque, no fim das contas, quem mostrar fraqueza neste momento tende a ser trucidado na sequência do campeonato. Em tal situação, a balança pende em favor de Hamilton. Então, Rosberg tem, mais do que nunca, a grande chance de deixar para trás a fama de ‘amarelão’ e provar que finalmente tem tudo para ser piloto bom o suficiente — na pista e no psicológico — para merecer ser campeão do mundo.
O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
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