Opinião GP: Verstappen ratifica genialidade com pitada de vingança em hexa da Red Bull

Max Verstappen jurou vencer o GP do Japão com grande diferença para a concorrência e assim o fez. Mais que isso, o holandês provou de todas as maneiras que, se alguém achou que havia algo de errado nos carros taurinos, se equivocou. O triunfo dominante ainda deu à Red Bull o hexacampeonato na Fórmula 1

AO CHEGAR AO JAPÃO, após a derrota em Singapura, Max Verstappen era um homem inconformado. Não propriamente com a inesperada queda de rendimento da Red Bull dias antes, mas, sim, com aqueles que insinuaram que havia algo de ilegal nos carros taurinos e que essa era a explicação para tamanho domínio em 2023. Aí prometeu ao chefe Christian Horner que venceria em Suzuka com uma diferença de 20s para o segundo colocado, fosse quem fosse. É bem verdade que a classificação final da corrida nipônica mostrou ‘somente’ 19s3 de vantagem para Lando Norris, mas o holandês provou seu ponto — foi como cutucar a onça com vara curta, no provérbio popular. De quebra, ainda entregou aos energéticos o sexto título do mundo entre os construtores da Fórmula 1.

É importante voltar alguns dias no tempo. Quando a Fórmula 1 desembarcou em Marina Bay, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) colocou em prática uma nova diretriz que falava sobre asas flexíveis e assoalhos. Imediatamente, se olhou para a esquadra dos energéticos. Isso porque o RB19 é o carro que tem o fundo mais próximo do solo de todos do grid e trabalha a eficiência aerodinâmica de uma forma muito particular — ao longo da temporada, muita gente buscou inspiração nas soluções de Adrian Newey e companhia, mas ninguém foi capaz de reproduzir tal performance a pleno. Por isso, quando se percebeu as dificuldades dos energéticos em Singapura, automaticamente se fez a ligação, ainda que Verstappen tenha aprimorado o desempenho em corrida, especialmente na fase final, quando cruzou a linha de chegada colado em Charles Leclerc, que havia largado oito posições à frente.

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Foi a primeira derrota da esquadra austríaca em 2023, quebrando uma sequência de vitórias de Max que vinha desde o GP de Miami, nada menos do que dez triunfos. A Ferrari saiu vitoriosa, muito em função de um Carlos Sainz inteligentíssimo. McLaren e Mercedes também brilharam, sendo que a octacampeã poderia também ter vencido. O revés ainda acabou com a meta de tentar vencer todas as corridas do campeonato.

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Diante de tudo isso, o GP do Japão se tornou uma prova de fogo. Porém, Verstappen jamais teve dúvida sobre a condição de sua equipe e de seu papel dentro desse arco de regulamento e superioridade. Ele tinha certeza de que Singapura havia sido apenas um ponto fora da curva, ainda que os próprios taurinos não soubessem explicar. De toda a forma, Max não escondeu a intenção de provar que estavam todos errados.

Foi imediatamente rápido assim que ganhou o circuito de Suzuka — um de seus favoritos. Na classificação, foi ainda mais impetuoso e meteu 0s5 no carro que mais se aproximou, a McLaren de Oscar Piastri. Naquele momento, deixou escapar o que se passava em sua cabeça.

“Honestamente, sim, tivemos um fim de semana ruim em Singapura. É claro que então as pessoas começaram a falar sobre. ‘Ah, é tudo por causa da diretiva técnica’. Então, acho que podem ir chupar um ovo”, disparou, com a pouca tolerância que lhe é peculiar, após conquistar a pole-position. “Eu estava muito confiante em ter um bom fim de semana aqui e ter certeza de que, sim, somos fortes.”

Dito e feito. No domingo, o taurino não tomou conhecimento das tentativas da dupla da McLaren e impôs um ritmo sólido, deixando a sensação de que o passeio poderia até ser maior. O triunfo acabou por concluir a disputa entre os construtores. A Red Bull agora é hexacampeã e deve muito ao holandês. O RB19 é resultado de um trabalho excepcional de Newey e de seu grupo de engenheiros e aerodinamicistas. Além de ser um passo à frente do incrível carro de 2022, o modelo deste ano foi além, com soluções inventivas e únicas. Talvez seja realmente o melhor projeto já realizado em Milton Keynes e que encontrou em Verstappen seu maior intérprete. Porque somente o bicampeão consegue ir mais longe — às vezes, com uma pitadinha inofensiva, mas divertida de vingança, como foi em Suzuka.

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Max Verstappen é figura central do sucesso da Red Bull na F1 (Foto: Red Bull Content Pool)

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De todo o jeito, o líder do campeonato alcançou a vitória de número 13 no ano e pode também fechar o Mundial de Pilotos logo na próxima etapa, no Catar. Na sprint, inclusive. E esse é o tamanho da performance desse piloto de apenas 25 anos, prestes a se tornar tricampeão. Se é difícil mensurar o peso do carro e de Verstappen nessa combinação mágica, uma coisa é certa: o holandês faz mais a diferença.

“Saímos de Singapura um pouco frustrados, mas encontrei Max na quarta-feira e ele estava muito animado. Ele me provocou e me disse que queria vencer a corrida com 20s de vantagem, mas errou o alvo por 0s7 no fim”, revelou Horner.

“Desde a primeira volta do primeiro treino livre, quando foi 1s8 mais rápido que o resto do pelotão, ficou claro que ele estava totalmente focado neste fim de semana. Foi um desempenho excepcional. A volta da classificação foi uma das melhores de todos os tempos. Max está absolutamente no topo. Ele é o melhor piloto da F1 neste momento e tudo tem de se unir — carro, piloto, equipe em total harmonia”, completou.

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De fato, não há mais nada a se falar desse grupo, a não ser um ponto: Sergio Pérez. A única parte da engrenagem que teima em não se encaixar. Se a Red Bull dependesse apenas do mexicano, o hexa talvez fosse um sonho distante, e essa é a maior contradição dos energéticos, conhecidos também pela pouca paciência com quem falha.  

O piloto do carro #11 destoa demais, ainda que apareça na vice-liderança do Mundial — o que fala mais sobre a equipe do que ele propriamente. Mas é fato de que a prova em Suzuka foi para lá de desastrosa — como tantas outras neste ano —, marcada por acidentes, punições e desespero. Pérez é um eixo que não encaixa e que obriga o time taurino a lidar com um pelotão do qual não pertence. Talvez enfim seja hora de deixar esse sarrafo permanentemente alto, até para combinar com a genialidade de Verstappen.

Fórmula 1 volta daqui a duas semanas, entre os dias 6 e 8 de outubro, para a disputa do GP do Catar, e o GRANDE PRÊMIO acompanha tudo.

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