Opinião GP: prova em Melbourne confirma expectativa dos testes e afasta medos no início da nova era

A primeira corrida da F1 com o novo regulamento técnico da categoria não chegou à beira do caos, como muitos previam, e não viu grandes surpresas diante do que se desenhou nos testes de pré-temporada

A cobertura completa do GP da Austrália no GRANDE PRÊMIO
As imagens do domingo da F1 na Austrália


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O GP DA AUSTRÁLIA PODE NÃO TER SIDO O MAIS EMOCIONANTE, mas foi bem interessante para dar a largada para a temporada 2014 do Mundial de F1 e a nova era dos motores V6 turbo. A corrida serviu para afastar alguns dos medos que cercavam os fãs da categoria e para confirmar as expectativas geradas durante os testes coletivos.

14 carros estavam andando quando a bandeira quadriculada baixou no Albert Park, em Melbourne, neste domingo (16), confirmando a quarta vitória da carreira de Nico Rosberg. Muita gente esperava que menos da metade do grid cruzasse a linha de chegada. A prova também não teve pilotos tirando o pé escandalosamente para economizar combustível – embora eles tenham sido comedidos nas disputas de posição.

Ao mesmo tempo, foram confirmadas as expectativas geradas na pré-temporada e a superioridade dos times com motores Mercedes – especialmente a Mercedes, com Williams e McLaren relativamente provas. A principal surpresa positiva foi a Red Bull, que andou melhor do que se esperava nos treinos e viu Daniel Ricciardo largar e chegar em segundo. Só que essa apresentação foi ofuscada pela desclassificação do australiano mais de cinco horas após o fim da corrida devido a uma irregularidade no fluxo de combustível do RB10.

“Um resumo do GP da Austrália em poucas palavras? Vamos lá”, disse o diretor-geral do GRANDE PRÊMIO e da AGÊNCIA WARM UP. “Vitória da Mercedes, previsível, segundo lugar da Red Bull, surpresa, e terceiro promissor da McLaren com um estreante. Williams que andou bem com Bottas e não andou com Massa, atropelado por Koba-mico, Ferrari que de novo fez um carro de quinta (posição), 15 pilotos completando a prova, Hamilton e Vettel emburrados e uma corrida ruim, no fim das contas, que valeu pela alegria rasgada de Ricciardo e pelo terceiro lugar de Magnussen, e que teve em Sapattos o único cara que lutou de verdade por posições, depois de algumas trapalhadas. O resto correu com medo de quebrar. E no fim das contas o bicho nem era tão feio assim. Quebras houve, claro, mas não muito mais do que a média para corridas inaugurais de campeonatos de carros”, analisou o jornalista.

O GP da Austrália viu um pódio legal com três nomes que tem tudo para vencer corridas na F1 no futuro (Foto: Getty Images)


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As quebras evidenciaram duas coisas: 1) ninguém é infalível; 2) a Renault é mais falível que as outras.

A equipe de fábrica da Mercedes foi a que mais andou na pré-temporada, mas, mesmo assim, Lewis Hamilton ficou parado na pista cinco minutos depois do TL1 começar e teve novos problemas na corrida, precisando abandonar nas voltas iniciais. Valtteri Bottas, da Williams, a segunda equipe que mais testou, teve de trocar o câmbio antes do treino classificatório de sábado.

Mas os demais carros que não chegaram ao fim do GP da Austrália por questões mecânicas eram todos equipados com unidades de força da montadora francesa: as duas Lotus, Marcus Ericsson e Sebastian Vettel.

“O GP da Austrália acabou trazendo muitas respostas esperadas pelo que se viu nos testes”, falou o editor-executivo do GRANDE PRÊMIO, Victor Martins, “como o domínio da Mercedes, os bons carros de Williams e McLaren e a falta de confiabilidade de outros. E indo além, que Hamilton e Vettel terão trabalho.”

As dificuldades de Hamilton têm relação com a ótima apresentação de Nico Rosberg neste primeiro GP do calendário. O alemão venceu de ponta a ponta sem ser incomodado por ninguém. “Lewis tem um companheiro que casa perfeitamente com o regulamento deste ano e, ao abandonar, deixou Rosberg caminhar tranquilamente para a vitória. Nico será um osso duríssimo na luta pelo título”, comentou.

Hamilton e Vettel se encontram em situações distintas e semelhantes em 2013, já que ambos precisarão se superar para ter destaque (Foto: Getty Images)


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A editora Evelyn Guimarães corrobora. “Nico Rosberg foi impecável. Usou muito bem o bom e consistente carro que tem nas mãos para viver um dia de Vettel dos bons tempos em Melbourne. Candidatíssimo ao título em 2014, se continuar nesta tocada, sem erros e priorizando a constância”, opina.

“Quanto a Vettel”, continua Martins, “a Red Bull saiu daquele estado letárgico dos testes, como visto com Ricciardo, mas ainda tem defeitos crônicos que minam sua evolução – além daquele que tirou o pódio do australiano, o do tal fluxômetro. Sem se ver abaixo das demais há muito tempo, não estar na zona de conforto mexeu com a cúpula da equipe. E o tetracampeão é quem vai ter de ser mais do que um regente para que a orquestra volte a estar em sintonia perfeita.”

Se a Mercedes está no topo e só não andou na frente no TL1, deram pinta de que podem brigar por coisa boa em 2014. A Williams andou bem tanto nos treinos quanto na corrida – decepcionou apenas na chuvosa classificação – e a McLaren promete viver ótimos domingos nos próximos meses.

Bottas foi o ‘showman’ do dia no Albert Park. Largou em 15º e rapidamente já estava em sexto, quando errou e caiu para último. Foi se recuperando ao longo do restante da prova até alcançar novamente a sexta posição. Ia passando pelos adversários sem grandes dificuldades a bordo do FW36.

Bottas colecionou vítimas no GP da Austrália. Hülkenberg foi a última delas (Foto: Getty Images)
“O acidente de Felipe Massa com Kamui Kobayashi tirou da Williams a chance de um resultado melhor em Melbourne. O FW36 é bom mesmo e está próximo dos ponteiros. Prova disso foi a boa corrida de recuperação de Valtteri Bottas”, avalia Evelyn Guimarães.

Falando em Massa e Kobayashi, impressionante como o azar anda de mãos dadas com Felipe na Austrália. São sete abandonos em 12 participações no GP da Austrália. O torcedor mais pacheco ficou revoltado quando viu aquele japonês que estava voltando à F1 tirando o brasileirinho da pista justo quando ele ia voltar a ter chances de brilhar.

“Felipe, coitado, largou direitinho, estava bem posicionado para fazer a primeira curva, ninguém de um lado, ninguém do outro, quando levou um tranco por trás de Kobayashi. Inexplicável e decepcionante, num primeiro momento. Nosso mito virou mico”, descreveu Gomes. O próprio Kamui pediu desculpas pelo que julgou ser um erro seu, mas que depois foi esclarecido como uma falha nos freios eletrônicos – isso o livrou de uma punição grave.

Magnussen vibra com subida ao pódio (Foto: Getty Images)


O desfecho que o fim de semana teve para a McLaren entra na seção ‘histórias legais’ do GP da Austrália, junto da festa da torcida local para o pódio de Ricciardo. Kevin Magnussen fez estreia melhor que a de Hamilton na mesma McLaren em 2007 e ficou com o segundo lugar no final das contas. Precisou de uma prova para fazer mais que seu pai fez na vida na F1. É um garoto que tem futuro na categoria.

“O maior destaque na pista de Melbourne foi realmente Kevin Magnussen. O novato da McLaren provou ser uma aposta certeira do time. Frio, paciente, rápido e constante. Melhor impossível para uma estreia”, elogiou Evelyn.

E Jenson Button fez uma corrida estratégica para se recuperar da classificação ruim num fim de semana de fortes emoções para ele: foi sua primeira prova após a morte do pai. É a McLaren, sem patrocinador-máster, saindo de sua pior temporada em mais de três décadas em grande estilo: lidera o Mundial de Construtores para começar 2014.

Finalmente, o motor. Gostaram do barulho? Há muitas discordâncias nesse assunto. Tem quem já esteja se acostumando e não acha tão ruim, mas, para muitos, a F1 não é a mesma sem um ronco que supere os três dígitos nos medidores de decibéis. A suprema Evelyn Guimarães não gostou: “É de chorar.” Falta, mesmo, eles fizeram na largada, que foi um bocado silenciosa até Kobayashi roubar a cena.

A F1 volta daqui a duas semanas. No dia 30 de março, Sepang será o palco da segunda etapa da temporada 2014, o GP da Malásia.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.


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