PODEM SE ACOSTUMAR com punições ‘quilométricas’ como as duas que a McLaren recebeu neste fim de semana, na Áustria. Uma regra que deveria apenas fazer bem à F1, mas que, pelos próximos seis meses, apenas continuará gerando críticas e sendo quase que um símbolo de como algumas coisas precisam ser corrigidas na categoria.
Em Spielberg, a Honda trocou quatro componentes da unidade de força de Jenson Button e mais três na de Fernando Alonso. O espanhol também precisou de um câmbio novo após o TL3. Tudo para, na corrida, mal alcançarem a décima volta.
A Red Bull foi outra que largou no fim da fila, pelo mesmo motivo: a Renault deu motores de combustão interna novos a Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat.
Não bastassem as 70 posições perdidas por essas duas equipes, Ricciardo, Alonso e Button ainda começaram o GP com punições a cumprir.
Alonso torna a se dizer feliz após perder motivação na FerrariMcLaren: 'É triste para a F1 ter dois campeões mundiais no fim do grid'Ferrari ficaria 'mais do que contente' em fornecer motores para Red Bull
Jenson Button ganhou um motor novo, cumpriu punição nas primeiras voltas e abandonou precocemente (Foto: AP)
É preciso concordar com o que disse o diretor de corridas da McLaren, Éric Boullier: é triste ver dois campeões mundiais largando na última fila. Mas é uma realidade com a qual a F1 convive e precisará continuar convivendo.
Os motivos que levaram à elaboração da regra do limite dos motores são compreensíveis. Dada a complexidade das unidades de força introduzidas em 2014, para que fosse possível trabalhá-las melhor, elas foram divididas em seis partes. Para 2015, visando incentivar o desenvolvimento de motores mais confiáveis, limitou-se o uso de cada um destes componentes a quatro.
Então entram as punições em posições no grid de largada, que podem chegar a 35 em um mesmo fim de semana para um só carro. E, se não for possível pagar todas essas colocações, é preciso começar a corrida já com algum time-penalty a cumprir.
A lógica: evitar que, chegando em uma pista onde fosse ter uma desvantagem, uma montadora aproveitasse o fim de semana para ‘comprar’ um novo motor a um ‘custo’ menor.
Mas sabem quando se diz que, na F1, sempre se destaca os aspectos pelo negativo em vez do positivo? Este é um caso em que os dirigentes foram otimistas demais, mas em que ninguém realmente esperava que um cenário tão crítico fosse visto já na oitava corrida do ano – ainda mais após uma temporada 2014 na qual a confiabilidade dos carros surpreendeu positivamente.
Não, não é impossível atender a esta exigência do regulamento. Tanto que a Mercedes e a Ferrari têm a situação sob controle com seus times oficiais e as equipes para as quais fornecem motores. Não fazem mais que a obrigação.
Mecânicos da McLaren empurram o problemático carro da McLaren nos boxes na Áustria (Foto: AP)
Portanto, a culpa por essa situação deve recair principalmente sobre a Honda e a Renault, que não foram capazes de desenvolver uma unidade de força que atendesse às exigências das regras. Não estamos nem na metade da temporada e a situação de seis dos 20 carros do grid já é crítica.
Habituem-se, leitores, pois é uma situação sem saída. E, a não ser que Honda e Renault melhorem significativamente suas unidades de força para 2016, Alonso, Button, Ricciardo, Kvyat, Verstappen e Sainz seguirão sendo punidos corrida sim, corrida não.
Ou será que o bom senso vai pairar sobre a cabeça dos chefes de equipes e aprovar, de forma unânime, um ajuste que livre a categoria de cenários tão confusos e ruins já no ano que vem? Reiterando, só com uma decisão unânime isso será possível, e todos sabem como a concordância geral não é algo que marca o paddock da F1.
O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
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Charge: Bruno Mantovani