Szafnauer revela demissão por Zoom e cutuca Alpine: “Hoje é um desastre”

Otmar Szafnauer defendeu o próprio trabalho na Alpine e revelou que foi demitido em uma chamada pelo aplicativo Zoom. Romeno foi chefe de equipe em Enstone entre 2022 e 2023

Ex-chefe de equipe da Alpine, Otmar Szafnauer abriu o jogo sobre a polêmica saída da equipe em julho de 2023. Apesar de chegar com bastante expectativa após a longa passagem por Force India/Racing Point/Aston Martin, o engenheiro romeno-americano acabou caindo em meio a enorme reestruturação promovida pelos franceses, que vivem o pior momento na Fórmula 1 desde que retomaram o controle do time, em 2016.

Em entrevista ao canal High Performance, Szafnauer justificou o trabalho, afirmando que apesar da sexta colocação no Mundial de Construtores, o saldo era positivo. A equipe tinha somado pódios com Esteban Ocon [em Mônaco] e Pierre Gasly [nos Países Baixos] naquela temporada, mas se viu atrás de Aston Martin e McLaren, que ganharam força em comparação com 22 e deixaram a esquadra de Enstone para trás.

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“Não poderia prever o futuro. Tinha o contrato, estava trabalhando duro. Ainda estava entregando. Estávamos em sexto no campeonato, mas com alguns pódios, marcando pontos com frequência. Não era desastre, é o pelotão intermediário. Não é como hoje. Estão em nono? Hoje é desastre. Lá atrás, era um passo atrás, mas às vezes você dá um para trás e dois para frente. O recrutamento acontecia, pessoas boas estavam chegando. Estava mudando aquele time em uma equipe de top-3, que era o objetivo. Trabalhava junto a FIA na época para equalizar a potência por causa do nosso déficit. Tinha um acordo de cavalheiros entre as montadoras após o congelamento dizendo que, se alguém ficasse para trás, teria a permissão de melhorar. Tive uma reunião na Comissão da F1 e fiz a defesa para a Alpine aumentar a potência. Estávamos 15 kW atrás. Trabalhava em todas as frentes para melhorar e fiz isso até meu último dia”, afirmou Szafnauer.

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Otmar Szafnauer foi demitido da Alpine e saiu durante fim de semana em Spa-Francorchamps (Foto: AFP)

Otmar também revelou que a demissão da Alpine aconteceu em uma chamada via aplicativo Zoom, e que tinha acabado se sair de uma reunião da Comissão da F1, onde buscava argumentar que o time deveria ter uma permissão para sair do congelamento de motores da categoria para poder igualar a potência das rivais. Szafnauer também explicou que imagina que a dispensa veio por conflitos sobre a mentalidade desejada pelos executivos principais.

“Teve a reunião da Comissão da F1 de manhã e o comunicado veio de tarde, que eu e o Alan Permane estavam fora. Fiquei sabendo uma semana antes. Fizeram em uma chamada de Zoom com o chefe de recursos humanos da Renault. Não sei o porquê, nunca explorei os motivos. Tiveram sugestões que eu precisava mudar a cultura da corporação em uma forma que eu não achava correta. Eu sei mudar a cultura para uma mentalidade vencedora, segurança psicológica. Eles queriam diferente, se livrar de gente que estava lá há muito tempo e fazendo um trabalho bom. Pensava que, se você demite pessoas que está fazendo um bom trabalho, a mensagem é que você está fazendo algo bom e fica fora. Não concordo com isso”, seguiu

Para finalizar, também revelou que desde a entrada na equipe, em março de 2022, não tinha total controle sobre alguns departamentos. Também citou que desconhecia a situação contratual de Oscar Piastri, que não tinha vínculo assinado com a Alpine e foi anunciado como titular para 2023. O australiano desmentiu a informação e fechou com a McLaren, liderando a um conflito que precisou ser resolvido pelo Conselho de Reconhecimento de Contratos da FIA, dando parecer contra os franceses.

Oscar Piastri (Foto: AFP)

“Algumas coisas não deram certo na Alpine. A principal é que eu não tinha controle total do time. De cara, os recursos humanos não se reportavam a mim, e sim para a França. O financeiro também, o departamento de comunicações e de marketing também. Isso eu sabia que seria problemático. Antes de eu aceitar o trabalho, todos reportariam a mim. Cheguei lá e não era o caso. Pensei que conseguiria controlar, mas não era o caso. Não tive nada a ver com a assinatura do Piastri, por exemplo. Aquilo aconteceu em novembro [de 2021] e eu comecei em março [de 2022]. Era para ele ter assinado em novembro, ele não assinou. Cheguei em março sem saber disso. Ele nunca assinou”, concluiu.

Fórmula 1 só volta entre os dias 18 e 20 de outubro, com a disputa do GP dos Estados Unidos, em Austin.

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