Parceria Red Bull-Honda tem início promissor na Austrália, mas real potencial só será revelado nos próximos 3 GPs

Depois de uma parceria vitoriosa e que se tornou problemática, a Red Bull abandonou a Renault para assinar com a Honda. Montadora japonesa tinha imagem queimada por conta do fracasso na McLaren, que com o passar do tempo se provou mais culpa da equipe do que das unidades de potência. Time taurino acertou na aposta, e depende das próximas três corridas para saber o quão longe pode chegar

Depois de 12 temporadas seguidas de vínculo com a Renault, a Red Bull decidiu tomar uma decisão ousada para as temporadas seguintes, começando em 2019: rompeu a desgastada parceria com a montadora francesa, que quer investir mais em seu próprio carro na Fórmula 1, para assinar com a Honda como a nova fornecedora de motores. O terceiro lugar de Max Verstappen na Austrália é um marco, mas ainda não é prova concreta da capacidade desta combinação.
 
Entre 2007 e 2013, o acordo com a Renault parecia perfeito. Foram 47 vitórias e o tetracampeonato de Construtores e Pilotos. Mas a situação se transformou com o início da era híbrida, em 2014. Foram apenas 12 vitórias de lá pra cá, a consolidação da Mercedes como a principal equipe da F1 e a perda de Sebastian Vettel para a Ferrari.
 
A insatisfação da Red Bull aumentou do mesmo jeito que a confiabilidade do motor francês caiu. A mudança era necessária e evidente, mas para qual caminho? Mercedes e Ferrari jamais ajudariam um time que busca o título. A única solução disponível era a Honda.
 
Desde o anúncio, realizado em junho de 2018, era evidente que a equipe austríaca seria a principal cliente dos japoneses, mas os resultados ruins desde o retorno da Honda para a categoria, pela McLaren, em 2015, plantaram dúvidas sobre o quão certa foi a decisão dos taurinos. Apesar da desconfiança, o pouco apresentado até aqui mostra esperança para um time que visa o retorno ao topo.
McLaren teve desempenho ruim com a Honda, mas era culpa do motor?(Foto: Reprodução/McLaren)

O início da Honda na era híbrida realmente foi ruim. As unidades de potência não eram tão bem desenvolvidas quanto as de Ferrari, Mercedes e Renault, que com mais tempo de regulamento e maior investimento, conseguiram construir um motor confiável e potente, diferente dos japoneses, que só obtiveram resultados bons em pistas específicas com a McLaren. Porém, a impressão passada após o time de Woking trocar a Honda pela Renault é que a influência do motor na fraqueza do carro era superestimada.

 
A entrada da Renault na garagem da McLaren em 2018 teve início promissor, mas o carro voltou ao marasmo dos anos anteriores a partir da etapa de Mônaco, mostrando pouca força, sequer chegando ao Q3 no resto da temporada. A Honda abasteceu a Toro Rosso como um “teste final” para a aceitação da Red Bull. Mesmo com uma dupla de pilotos de pouca experiência – nenhum deles bicampeão mundial, como Fernando Alonso – e uma distância no orçamento, o time italiano não fez feio e superou as expectativas colocadas, mostrando que o motor pode ser de confiança dependendo de um bom chassi, coisa que a Red Bull oferece.

"A potência é um fator dominante, mas a instalação desse motor no chassi é a melhor que já tivemos. Quando você olha o quão bem integrado está ao chassi, é uma beleza. O time e a Honda fizeram um grande trabalho ao instalar o que parece um canivete suíço na traseira do nosso chassi”, destacou Christian Horner, chefe da equipe, durante os testes de Barcelona, realizados em fevereiro.

 
O desempenho digno na pré-temporada e o ótimo pódio de Max Verstappen na Austrália – o primeiro da Red Bull em uma corrida de abertura da temporada desde 2013 – são sinais de que a parceria pode render bons frutos ainda neste ano. A superioridade sobre a Ferrari, destaque dos testes de Barcelona, e a ameaça na Mercedes, atual pentacampeã, são demonstrações de que a parceria está no caminho certo.
Max Verstappen conquistou um importante pódio no GP da Austrália (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
Falando em Mercedes, a impressão passada nas voltas finais da prova em Albert Park é que Verstappen conseguiria ultrapassar Hamilton caso não tivesse errado nas curvas 1 e 2 na reta final da corrida, ou se estivesse em um circuito que não apresenta as diversidades de Melbourne.
 
O que foi visto até aqui é um carro confiável, rápido, com força nas retas e um piloto com capacidade suficiente para extrair o máximo do RB15.
 
As corridas no Bahrein, China e Azerbaijão serão os principais testes para revelar o potencial da parceria para este ano. São pistas que apresentam retas longas, ao contrário de Albert Park, com melhores pontos de ultrapassagem. Serão as verdadeiras provas do que a Red Bull pode alcançar. Vale lembrar que a equipe tem um bom histórico recente nestas pistas, com vitórias de Daniel Ricciardo [que já está deixando saudades depois do pífio desempenho de Pierre Gasly] em Baku e Shangai
 
O início da parceria foi promissor, e as próximas corridas ajudarão a escrever uma das histórias mais interessantes da temporada.
 
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