Pilotos se dividem quanto a protestos e pedem melhor organização da F1

Daniel Ricciardo, Sebastian Vettel e Alexander Albon acompanharam os pedidos de Lewis Hamilton e esperam que os pilotos sigam se ajoelhando em protestos contra o racismo antes das corridas da Fórmula 1. Kimi Räikkönen e Max Verstappen, no entanto, devem seguir sem aderir o movimento

Os protestos contra o racismo têm sido pauta frequente de debate e discussões na Fórmula 1 em 2020. Na coletiva desta quinta-feira (30), na Inglaterra, diversos pilotos falaram sobre o tema e, mais uma vez, se dividiram nas opiniões. Enquanto Daniel Ricciardo, Alexander Albon e Sebastian Vettel mostraram interesse em seguir com as manifestações ao lado de Lewis Hamilton, Kimi Räikkönen e Max Verstappen acham que outros meios de posicionamento são melhores.

Enquanto Hamilton teve uma longa conversa com Romain Grosjean, representante dos pilotos, e convenceu o colega de que os protestos precisam seguir acontecendo, Ricciardo, Vettel e Albon acreditam que a F1 precisa colaborar também com a causa. Na Hungria, por exemplo, a cerimônia aconteceu às pressas e poucos conseguiram se ajoelhar.

“Acho 100% importante que a gente continue se ajoelhando. Discutimos após a primeira corrida e alguns estavam incertos se deveriam seguir, mas nós vamos seguir, pelo menos, até o fim da temporada. É algo que está acontecendo, não é simplesmente fazer uma vez e esquecer da importância do movimento”, disse Ricciardo.

O pré-GP da Hungria foi confuso e poucos tiveram tempo de ajoelhar após o hino (Foto: AFP)

Vettel foi além. Acompanhando Ricciardo na hora de defender o prosseguimento das manifestações, cobrou posicionamento dos pilotos enquanto uma classe ativa e formadora de opinião em um tema tão delicado. Seb tem, assim como Hamilton, corrido com um adesivo de “Vidas Negras Importam”.

“A F1 é um esporte global e nós fazemos parte dele. O maior motivo de estarmos aqui é o desempenho na pista, mas não podemos ignorar o que está acontecendo ao nosso redor. É um processo contínuo e que precisa de todos nós e não apenas nós pilotos. Todas as pessoas no mundo precisam lutar contra o racismo, a desigualdade, a injustiça. Acho que é nosso papel inspirar essas pessoas, é educando que se aprende”, falou.

“É uma insanidade ver que em pleno 2020, com todo conhecimento que adquirimos no passado, todas as lições que aprendemos, que ainda exista algo assim. Deveria ser algo fora de questão, mas não é. E por isso que acho importante a gente tornar isso público, passar a mensagem. Além dos nossos gestos públicos, é importante também que a gente siga dando exemplos certos na nossa vida”, completou.

Para Albon, é importante pontuar que a desorganização em Budapeste não foi culpa dos pilotos e, sim, da falta de acerto com a categoria, que fez os procedimentos pré-largada na correria.

“Não acho que seja justo culpar os pilotos pela desorganização do protesto na Hungria. Não cabe. O que aconteceu é que tivemos de correr para os nossos carros depois da cerimônia e correr para o lugar em que ajoelhamos. Acho que precisa ser algo combinado melhor com a F1, mas não é justo nos culparem. A próxima vai ser melhor e vai mostrar que somos mais organizados que aquilo”, comentou.

Pilotos se ajoelham, e outros não, em protesto contra o racismo na Áustria
Pilotos se ajoelharam, e outros não, em protesto contra o racismo na Áustria (Foto: LAT Images/Mercedes)

Só que a opinião do trio não é unanimidade no grid. Na Áustria e na Estíria, quando os protestos foram mais organizados, seis pilotos deixaram de ajoelhar: Antonio Giovinazzi, Carlos Sainz Jr, Charles Leclerc, Daniil Kvyat, Kimi Räikkönen e Max Verstappen, sendo que os dois últimos não parecem dispostos a mudar isso nas próximas manifestações.

“Não conversei com ele [Hamilton], para começo de conversa, até agora. E, mesmo que tivesse, não contaria. São coisas entre a gente e tenho zero interesse em compartilhar para que vire notícia. Ele tem sido uma voz ativa em algumas coisas e, tudo bem, não tenho problemas com isso. Mas não vou me envolver em discussões porque posso sentir o que estão tentando fazer. A gente sempre está preocupado com o que fazer ou não, é fácil de falar, mas não vemos o que a imprensa está fazendo. O que as pessoas que estão questionando nossos atos fazem de melhor? Queria entender isso, acho que não fazem muito, para ser sincero”, argumentou o finlandês.

Verstappen não usou o mesmo tom de Kimi, mas também não concordou com os argumentos apresentados por Hamilton para pedir a unidade dos pilotos no protesto.

“Não mudei de ideia. Já expliquei antes meus motivos. Cada um pensa de uma forma, cada um se expressa como acha melhor. No fim, todos estamos lutando contra o racismo”, afirmou.

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