Pirelli diz “não ter nenhuma evidência” contra McLaren após acusações da Red Bull
No entanto, Mario Isola, diretor de automobilismo da fornecedora italiana, explicou como funciona o processo de injetar água nos pneus e disse que seria "muito fácil" para qualquer equipe tirar proveito do truque
Diretor de automobilismo da Pirelli, Mario Isola se manifestou sobre o último capítulo das trocas de acusações entre Red Bull e McLaren, que veio à tona durante o fim de semana do GP de São Paulo, 21ª etapa da temporada 2024 da Fórmula 1. O italiano se colocou à disposição da Federação Internacional de Automobilismo para ajudar, mas disse que “não viu nada de estranho” nos dados que foram recolhidos pela fornecedora.
No último sábado (2), a equipe de Max Verstappen afirmou que o time comandado por Andrea Stella está injetando água nos pneus. O truque seria para ajudar no resfriamento da borracha e traria um benefício nos stints longos. A informação foi reportada pelo site da revista alemã Auto Motor und Sport.
A FIA, por sua vez, imediatamente informou que havia começado as investigações, embora nenhuma atividade suspeita tivesse sido observada nas corridas mais recentes, disputadas nos Estados Unidos e no México. A Pirelli é obrigada a reportar qualquer pequena irregularidade aos comissários da entidade máxima do esporte a motor, mas nada foi encontrado pela fabricante italiana.
“Seguimos as indicações da FIA. Estamos felizes em apoiar a FIA em qualquer solicitação e, se houver algo que possamos fazer para verificar ou aconselhar sobre uma possível situação, estamos aqui para ajudá-los”, disse Isola em entrevista ao portal neerlandês RacingNews365.
Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: Verstappen pisa e dá aula de como ganhar campeonatos na F1 em Interlagos
“Antes da diretiva técnica surgir, anos atrás, houve uma discussão sobre gases especiais, pois alguém disse que estava trocando o gás no pneu para controlar melhor a pressão. E então alguém começou a falar sobre umidade no pneu e por que deveríamos ter mais ou menos”, lembrou. “Nós fornecemos os pneus com ar seco dentro e, como a diretriz técnica deixa claro, qualquer modificação é proibida. Mas você teria de ter evidências claras para uma situação como essa, então devemos aguardar a orientação da FIA”, continuou o dirigente.
“Tentei entender como isso funciona e coletei essas informações. Mas se funciona, e se alguma equipe fez ou não, ainda é uma incógnita. Não vejo nada de estranho nos dados que temos, então não tenho nenhuma evidência — e, obviamente, cabe à FIA decidir o que fazer e dizer onde podemos oferecer suporte”, apontou.
O suposto truque traz algumas dúvidas. O primeiro é sobre como a água pode ser introduzida nos pneus sem que a Pirelli note, e como ela desaparece depois da corrida sem ser pela evaporação. Os pneus são codificados, assim como os aros, que são atribuídos aleatoriamente pelo órgão dirigente. No entanto, Isola explicou como o processo funciona e admitiu que não seria tão difícil executá-lo.
“É muito fácil fazer isso: você tem uma válvula, coloca água dentro e é basicamente um efeito térmico da transferência de calor entre o pneu e o aro que deve dar mais consistência ou menos degradação aos pneus, mesmo que você tenha um controle de pressão pior. Se houver vapor dentro do pneu, você perderá o controle da pressão, que é maior. A teoria por trás é que parte da água permanece líquida e parte evapora, e por isso você consegue transferir calor do pneu para o aro”, elucidou.
“Não estou ciente de nenhum problema, ouvi a história e tentei entender como seria feito, sobre o qual agora tenho uma ideia. Mas o resto está nas mãos da FIA, e nós os apoiamos”, encerrou o diretor da Pirelli.
A guerra de acusações entre Red Bull e McLaren começou no GP do Azerbaijão. Na ocasião, a equipe de Christiano Horner apontou uma irregularidade na asa traseira do MCL38, que tinha uma abertura diferente e que ajudava o carro a carregar mais velocidade.
Já em Austin, veio a resposta dos papaias, focando em um mecanismo no cockpit da RB20 que ajustava a posição do assoalho até em sistema de parque fechado. Ambas as equipes foram obrigadas a remover os dispositivos dos respectivos carros.
A Fórmula 1 agora volta às pistas para o GP de Las Vegas, nos Estados Unidos, entre os dias 21 e 24 de novembro. Depois, realiza corridas no Catar, última sprint do ano, e Abu Dhabi.
🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.