Pirelli se preocupa em “evitar desempenho de F2” e detalha preparação para F1 2026

Mario Isola, diretor de automobilismo da Pirelli, detalhou trabalhos e testes feitos com os compostos de 2026 e explicou como fez para manter o máximo de desempenho possível

A Fórmula 1 está se preparando para promover uma mudança no regulamento técnico em 2026 e trabalha para deixar tudo pronto para o ano que vem. Isso também vale para a Pirelli, fornecedora de pneus da categoria, que já promoveu testes e simulações com os compostos que serão introduzidos. Mario Isola, diretor de automobilismo da fabricante, explicou como tem sido o trabalho visando 2026.

Em entrevista ao portal italiano FormulaPassion, Isola explicou como os pneus foram projetados pensando nas novas configurações aerodinâmicas que serão usadas em 2026 e na carga sobre os compostos, tanto nas retas quanto nas curvas. 

Ele explica que espera que os pneus tenham menos pressão nas retas em comparação com o que acontece com o regulamento atual, introduzido em 2022, mas tenham mais carga nas curvas. Com isso, a Pirelli projetou a análise dos compostos baseada na configuração aerodinâmica de alta carga, mas reconhece que esses dados podem mudar conforme a temporada for avançando. 

“O que fizemos foi lançar simulações, com base nos dados recebidos inicialmente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e depois também das equipes, para entender como dimensionar os pneus”, iniciou Isola. 

Pirelli explicou trabalhos feitos com pneus para a temporada 2026 da F1 (Foto: Carl Bingham/Pirelli/LAT Images)

“A relação carga/peso cairá nas retas. Por ter duas configurações aerodinâmicas, na reta descarrega o carro, reduz o arrasto e coloca menos pressão no pneu, o que é bom. Hoje, porém, a carga aerodinâmica vem principalmente de baixo e, por isso, quanto mais rápido é, mais carga ganha, a ponto de ter downforce inútil nas retas. Em 2026, porém, quando a configuração retornar à de alta carga esperada nas curvas, terá muita carga nos pneus novamente”, explicou. 

“Concentramos a análise no modo de alta carga, que atualmente projeta valores cerca de 15% inferiores aos atuais. A confiabilidade desses dados precisará ser verificada. Temos de pensar em um pneu que dure a temporada inteira sem modificações. Se as equipas realmente começassem 2026 com 15% menos carga do que hoje, portanto mais ou menos nos níveis de 2022, significa que depois a recuperariam. Com uma mudança regulatória tão importante, a curva de desenvolvimento é muito rápida no início, com o risco dessa carga depois ficar semelhante aos valores atuais”, continuou. 

Isola também explicou os desafios enfrentados para manter o desempenho dos carros “muito próximo dos atuais” e não se aproximar da performance de um monoposto da Fórmula 2. Para isso, a Pirelli optou por fazer compostos mais estreitos e com um diâmetro menor para poupar “de 4-5kg por jogo de pneus”. 

“Se quiser desacelerar os carros novos em 5s, 6s, 7s ou 8s, isso é uma coisa, mas se quiser manter o desempenho muito próximo dos atuais, a situação é completamente diferente. A ideia inicial era mudar para aros de 16 polegadas de diâmetro, mas não era viável sem abrir mão de uma boa parte do desempenho, correndo o risco de chegar muito perto da Fórmula 2, e ninguém queria fazer isso”, comentou.

Pirelli prepara monopostos para F1 2026 e já promove testes e simulações (Foto: Pirelli)

“Ao fazer alguns cálculos, chegamos à conclusão de que poderíamos trabalhar com um produto 18 polegadas mais estreito que o atual e com diâmetro externo um pouco menor. Isso nos permite poupar 4-5 kg ​​por jogo de pneus, mas com um desempenho esperado em linha com os atuais”, acrescentou. 

Por fim, explicou que tem de se preocupar com dois fatores na produção dos pneus: segurança e entretenimento. Ao mesmo tempo que os compostos precisam ser seguros para as equipes e os pilotos, tem de contar com um certo nível de desgaste para proporcionar corridas mais emocionantes e com disputas de estratégias. 

“Os pedidos da federação estão mais relacionados com a segurança, enquanto os da Fórmula 1 são mais sobre entretenimento. As solicitações são discutidas e acordadas. O objetivo é o mesmo dos últimos anos. Com os pneus, pretende-se um certo nível de desgaste térmico, o que permite e impulsiona as equipes a utilizarem estratégias diferentes. Em um mundo ideal, gostaríamos de uma mistura entre uma e duas paradas, com preferência pelas duas paradas nas boxes, que sabemos que geralmente proporcionam corridas mais divertidas e animadas”, analisou. 

“O desgaste é necessário para ter estratégias diferentes e ver ação na pista. Sem desgaste, todos podem forçar, tanto os que estão na frente quanto os que estão atrás. O risco é o de ter uma fila de carros que não podem ser ultrapassados. Não acho que alguém queira uma situação assim. Em 2024, tivemos corridas extremamente emocionantes precisamente porque vimos algumas boas disputas, tanto nas posições de liderança como atrás”, encerrou o diretor da Pirelli.

Por enquanto, a Fórmula 1 está oficialmente de férias. A próxima atividade é exatamente a sessão única de testes coletivos de pré-temporada, marcada para os dias 26, 27 e 28 de fevereiro, no Bahrein. A temporada 2025 começa com o GP da Austrália, nos dias 14-16 de março.

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