Por que, mesmo contestado, Bottas é referência da Red Bull para Pérez em 2021?

Valtteri Bottas pode não gozar de tanto prestígio e apreço entre os fãs da Fórmula 1, mas é peça importante da Mercedes e vai para sua quinta temporada correndo pela equipe heptacampeã mundial. Mesmo com uma trajetória de altos e baixos nos últimos anos, o finlandês é visto pela Red Bull como um espelho para o recém-chegado Sergio Pérez

Enquanto Lewis Hamilton negocia seu contrato com a Mercedes, em uma novela que se arrasta desde meados do ano passado e que ainda não teve um desfecho, Valtteri Bottas tem assegurada sua permanência por mais uma temporada e já vai para cinco anos defendendo a equipe heptacampeã mundial de Fórmula 1. Dono de uma trajetória oscilante, marcada por alguns momentos marcantes, como as vitórias nas aberturas dos campeonatos de 2019 e 2020, e outros muito ruins, como nos GPs da Turquia e de Sakhir do ano passado, o piloto é visto pela cúpula liderada por Toto Wolff como elemento importante para a Mercedes. E mesmo que seja bastante contestado entre o público que acompanha a F1, Bottas é a referência para o que a Red Bull quer com Sergio Pérez nesta temporada 2021.

Antes de elencar os fatores que fazem com que a Red Bull queira que ‘Checo’ se espelhe em Bottas, é preciso reforçar porque a equipe dos energéticos optou pela experiência do mexicano para a atual temporada.

O fato é que a escuderia sediada em Milton Keynes, desde que Daniel Ricciardo decidiu assinar com a Renault, não conseguiu colocar ao lado de Max Verstappen outro piloto que pudesse lutar por vitórias e pódios aqui e ali. Pierre Gasly e Alexander Albon fracassaram. O francês ficou somente meia temporada como titular antes de ter sido mandado de volta para a Toro Rosso, hoje AlphaTauri, onde deslanchou, foi ao pódio em 2019 e ganhou de forma incrível o GP da Itália do ano passado.

Pérez chega à Red Bull prestigiado, mas também cobrado a conseguir resultados desde o início da temporada (Foto: Reprodução)

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O anglo-tailandês até flertou com a vitória em alguns momentos no ano passado, mas foi goleado por Verstappen no sonoro placar de 17 x 0 em classificações em 2020 e marcou apenas dois pódios, contra 11 do holandês. Albon ficou a pé em 2021 na Fórmula 1 e foi deslocado pela Red Bull para disputar o remodelado DTM para manter o ritmo de corrida.

É de entendimento dentro da equipe chefiada por Christian Horner e Helmut Marko que só vai ser possível desafiar a Mercedes se houver alguém forte o bastante para formar dupla de pilotos com Verstappen. Tanto que, recentemente, o ex-piloto e atual consultor da Red Bull reconheceu que não tem “jovens pilotos para a segunda vaga” na equipe.

Sergio Pérez, na esteira da sua melhor temporada no grid, depois de finalmente ter um carro capaz de pontuar com frequência, levá-lo ao pódio — o que aconteceu duas vezes — e vencer, como foi o GP de Sakhir, ficou ironicamente desempregado depois de ver perdida a sua vaga na Racing Point/Aston Martin para Sebastian Vettel. Mas o triunfo inacreditável no deserto em 6 de dezembro mudou sua história e o colocou na segunda equipe mais forte da F1.

Pérez chega à Red Bull fortalecido pelo excelente 2020 que o levou ao topo do pódio pela primeira vez e também muito mais experiente que aquele jovem de 23 anos que teve a chance de ouro ao assinar com a McLaren em 2013. Hoje, perto de completar 31 (faz aniversário no próximo dia 26), ‘Checo’ traz na bagagem uma experiência de dez temporadas e dez pódios para saber como lidar com os desafios que estão por vir.

Bottas é visto pela Red Bull como modelo de bom segundo piloto (Foto: Mercedes)

O mexicano terá apenas um ano de contrato. Ou seja, o piloto dono do carro #11 não vai ter muito tempo para se adaptar à nova casa. Os resultados precisam ser conquistados desde o primeiro momento.

E é aí que entra Bottas como a referência que a Red Bull tem para o piloto nascido em Guadalajara. O finlandês foi escolhido pela Mercedes com a tarefa difícil de substituir Nico Rosberg, que cinco dias depois de conquistar seu único título mundial anunciou de forma surpreendente a aposentadoria das pistas. A equipe liderada por Toto Wolff optou pela experiência, se esquivou de nomes como Pascal Wehrlein e Esteban Ocon e tirou o nórdico da Williams para colocar na vaga deixada pelo alemão a partir de 2017.

Um dos pontos decisivos para Wolff assinar com Bottas é que o piloto jamais teve no seu histórico grandes polêmicas internas. A Mercedes queria mesmo era deixar para longe qualquer ameaça de uma nova guerra como a que fora travada entre Hamilton e Rosberg. Mas a principal missão do dono do carro #77 sempre foi somar pódios com frequência, aproveitar as oportunidades para andar perto de Lewis e, se fosse possível, faturar algumas poles e vencer aqui e ali.

De alguma forma, Valtteri, mesmo sem brilhar e sendo bastante contestado, vem cumprindo com o que lhe é pedido. Ao todo, o piloto conquistou 9 vitórias e 16 poles desde 2017. No mesmo período, Hamilton acumulou 42 vitórias e largou na posição de honra do grid 37 vezes.

Depois de procurar, em vão, alguém para substituir à altura Ricciardo, a Red Bull tem em Pérez uma nova chance para ser bem-sucedida com dois pilotos ao invés de depender apenas do talento de Verstappen. “Se Bottas não tem um dia ruim, como no Bahrein, então ele consegue desempenhar seu papel muito bem. E é isso o que esperamos de Pérez”, afirmou Marko em entrevista ao site alemão Motorsport-Total.

Já em tom de cobrança, Marko deixou claro o que espera da nova contratação para a temporada 2021 da Fórmula 1. “Pérez tem de estar ao alcance do ataque a Verstappen durante a corrida”.

“Ninguém conseguiu chegar ao nível de Max em classificações, mas deve haver uma diferença máxima de 0s2 entre eles. Nossa equipe precisa conseguir atacar a Mercedes com dois carros”, complementou o consultor da equipe tetracampeã mundial de Fórmula 1.

‘Checo’ esteve pela primeira vez na nova casa, em Milton Keynes, na última terça-feira. Lá, vai ter a chance de trabalhar novamente com Horner, que foi seu chefe de equipe nos tempos de GP2 (hoje, Fórmula 2) e hoje tem em Max o seu maior trunfo para buscar novamente o título mundial. O mexicano tem personalidade na Fórmula 1 conhecidamente muito mais aguerrida que a de Bottas e promete não aliviar para Verstappen, embora tenha a consciência que é holandês a prima-dona da Red Bull neste momento.

Pérez desembarca na Red Bull ciente do terá de fazer e muito preparado para ser a engrenagem que a equipe sente falta desde 2018. Se confirmar tudo o que dele se espera e conseguir representar uma ameaça real a Verstappen, andar frequentemente entre os primeiros, beliscar pódios e até vencer corridas, certamente vai ter vida longa no lugar onde muitos pilotos gostariam de estar.

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