Prancheta GP: Da ‘asa invertida’ aos pneus de 18″: como a F1 vai parecer em 2021

A Fórmula 1 ainda não chegou a um acordo sobre o regulamento de 2021, mas FIA, Liberty Media e equipes trabalham para fechar tudo antes de 15 de setembro. Entre as principais mudanças, está o carro, que vai ganhar desenhos mais simples e modificações para facilitar as ultrapassagens

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A proposta final deve ser apresentada em 15 de setembro, a tempo de ser ratificada pela FIA até 31 de outubro. Mas as novas regras para 2021 não têm, até agora, o sim de todas as partes envolvidas. Acabaram decidindo, assim, prolongar a gestação que originalmente deveria ter terminado no final de junho. Há vários pontos a serem definidos, tanto no nível da unidade de potência, quanto de todos os componentes para os quais uma padronização foi proposta, com o objetivo de conter os custos, bem como a introdução de um teto orçamentário. Um elemento de convergência, no entanto, parece ser o conceito aerodinâmico dos novos monopostos. Recentemente, alguns detalhes foram divulgados pela Fórmula 1, permitindo que a gente visualize como seria a categoria a partir de 2021.
 
As mudanças propostas no nível técnico têm, entre os objetivos declarados, de melhorar o show na pista. O princípio seguido seria o de um monoposto no qual a importância do downforce produzido pelas asas é mínima. Para alcançar esse objetivo, a introdução de canais Venturi no fundo do carro parece cada vez mais certa. Assim, ele deixaria de ser plano, mas traria um ‘remake’ da configuração da ‘asa invertida’ que caracterizava os ‘carros-asa’ até 1982.
 
No detalhe, o novo fundo vai começar onde os bargeboards estão atualmente posicionados em frente às aletas laterais. Como consequência, o comprimento total dos canais Venturi será maior que o do fundo plano atual mais a área do difusor. O resultado mais importante será uma distribuição mais justa do downforce gerado entre os eixos dianteiro e traseiro, resultando em um maior equilíbrio aerodinâmico. Isso, pelo menos em teoria, vai permitir reduzir a importância do downforce gerado pelas asas. O benefício, claro, é uma sensibilidade reduzida à turbulência. 
O bico mais baixo e mais longo é perceptível. A extensão do fundo é maior, com os canais Venturi começando no nível dos atuais bargeboards. Surge a aleta vertical na tampa do motor. As placas laterais das asas traseiras (endplates) serão menores (Ilustração: Paolo Filisetti)

Assim, se agora um carro segue outro, a cerca de 10 m de distância, ele perde pouco menos de 50% do downforce total e, como resultado, a manobra de ultrapassagem se torna quase proibitiva. Com a adoção do fundo com os canais Venturi, a perda seria mínima, permitindo brigas próximas na pista.

 
Como dito antes, os carros perderiam os bargeboards que agora são colocados na área em frente às aletas laterais e que desviam a turbulência gerada pelo fluxo que sai da asa dianteira, direcionando-a para a extremidade do fundo. Somente os canais Venturi poderiam executar as mesmas funções, graças às divisões verticais colocadas dentro deles, e ao alto ângulo de sua extremidade. A asa dianteira vai manter a largura atual com uma forte simplificação. Se já neste ano a FIA tentou reduzir fortemente o desvio da turbulência para fora das rodas dianteiras – o chamado out wash –, em 2021 a zona neutra na área central da asa será eliminada, algo o que nos últimos anos foi explorado pela aerodinâmica para gerar e gerenciar o vórtice Y250 – parte do fluxo que, colocado a 250 mm do eixo longitudinal, alimenta o fundo do carro.
 
A proposta é levantar a parte central da asa, criando uma espécie de ‘asa de gaivota’, reduzindo também o número máximo de elementos sobrepostos, dos atuais cinco para três. Mas pelo lado da FIA, e especificamente pelo engenheiro Nicholas Tombazis, dúvidas permanecem sobre esta configuração em termos de estética e funcionalidade devido ao gerenciamento complexo dos vórtices necessários para a traseira. Uma parte seria gerenciada por uma lâmina colocada acima das rodas dianteiras. 
As diferenças no formato da asa dianteira são evidentes. O número de elementos que o compõem será reduzido. Uma seção central ‘asa de gaivota’ surge. Imediatamente atrás, a extremidade dos canais Venturi é visível, estendida além da área atualmente ocupada pelos bargeboards (Ilustração: Paolo Filisetti)

Sob avaliação, também estão aquelas calotas nas rodas. Mas elas seriam uma dificuldade para a troca de pneus durante os pit-stops. As calotas já haviam sido adotadas na F1 em 2008, apenas na parte dianteira, só que estão banidas desde 2010. 

 
Por último, mas não menos importante, os pneus com rodas de 18” vão contribuir para mudar a característica dos carros. No entanto, a diferença para os atuais pneus de 13” não é apenas uma questão de estética. Os pneus 2021 vão ter as suas extremidades bastante reduzidas, praticamente metade do tamanho atual, portanto com uma deformação mínima possível sob carga. Os projetistas terão de estudar suspensões que, como agora, mantêm a máxima eficiência aerodinâmica do fundo, mas que absorvam e dissipem a energia transmitida pelas ondulações do asfalto e pelos impactos nas zebras.
 

A Fórmula 1 atravessa um momento de pausa para as férias de verão na Europa, e volta às pistas somente em setembro, com o GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

 
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