Prévia: F1 volta de férias com ‘balde de água fria’ no mercado de pilotos

O anúncio da Ferrari de que Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen vão continuar sendo seus titulares na temporada 2016 vai servir para dar uma boa esfriada nos rumores que envolvem o mercado de pilotos daqui até o fim do ano. Agora a equipe italiana vai tentar dar sequência ao bom desempenho do GP da Hungria em um circuito de alta velocidade, onde a Williams tende a reagir - e a Mercedes naturalmente é a favorita

Ah, o verão. Para os brasileiros, agosto é o mês sem feriados. Para os europeus, costuma ser o mês das férias. Os parques ficam cheios, as filas da Torre Eiffel e da London's Eye dobram quarteirões e as vendas de sorvete crescem abruptamente. Lewis Hamilton foi visto curtindo a vida adoidado junto de Rihanna em uma festa daquelas, Felipe Massa foi com o filho para a Disney, Nico Rosberg continua contando os dias e comprando as fraldas para a chegada do seu. Mas, agora, o sossego acabou. Quatro semanas depois do quente — e ótimo — GP da Hungria, equipes e pilotos já se preparam em Spa-Francorchamps para a 11ª etapa do campeonato, o GP da Bélgica.

Essa volta das férias foi com um balde de água fria jogado pela Ferrari nos boatos que vinham deixando o mercado de pilotos tão quente quantos os termômetros. Na quarta-feira, o time italiano confirmou a manutenção de Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen como titulares na temporada 2016. Assim, deu uma boa trancada na 'silly season': nada de Valtteri Bottas vestindo vermelho, o que também deve resultar na manutenção da atual dupla da Williams.

Por hora, portanto, o foco deve ficar na pista, o que é sempre ótimo. E, em Spa, a F1 deve ter outra vez uma dinâmica semelhante à do GP da Inglaterra. No fundo, são circuitos de características semelhantes: extensos, de alta velocidade e com o predomínio de curvas rapidíssimas, e onde o clima é igualmente imprevisível. Spa ganha com todas as suas subidas e descidas em meio à Floresta das Ardenas.

Kimi Raikkönen tinha tudo para ser segundo no GP da Hungria até abandonar com um problema mecânico (Foto: AP)

A Mercedes chega pensando em reagir após a derrota para a Ferrari de Sebastian Vettel na Hungria. Foi a primeira vez desde o GP do Brasil de 2013 que o time não teve nenhum de seus pilotos no pódio. Rosberg também precisa dar um jeito de reagir para cima de Hamilton. São 21 pontos de desvantagem, o que não é uma diferença tão grande, mas foram poucas as vezes em que ele sobressaiu em condições normais.

E é bom o time ficar de olhos bem atentos no retrovisor para observar a Williams e a Ferrari. Se o FW37 não era bom o bastante para o Hungaroring, com sua conhecida deficiência em traçados travados, a tendência é que melhore significativamente em Spa. Massa e Bottas podem voltar a pensar em pódios, se a pista ficar seca, como foi em Silverstone. A Ferrari que não estranhe se uma vez mais pintar como terceira força.

Com as duas rivais ainda mais próximas, largadas ruins como as das duas últimas corridas custarão mais caro a partir deste fim de semana. Hamilton e Rosberg largaram na primeira fila na Inglaterra e na Hungria, mas estavam atrás das Williams e da Ferrari antes mesmo da primeira curva.

A Mercedes larga na frente, mas isso não adianta muito se o time não consegue manter a ponta (Foto: AP)

Agora, o processo dependerá ainda mais dos pilotos. Em uma breve explicação — o tema será melhor abordado nesta sexta-feira aqui no GP —: os pilotos não poderão mais receber instruções das equipes para o ajuste final da embreagem antes da largada, entre a volta de apresentação e o começo da prova. Os carros da F1 possuem duas alavancas de embreagem que os pilotos operam com as mãos dentro do cockpit: uma que soltam quando as luzes vermelhas se apagam, outra, quando sente que já foi atingido um nível bom de tração.

Mais atrás, a Red Bull merece destaque nesta prévia. O time vem do seu melhor resultado da temporada, com um pódio duplo na Hungria, e também defende do ano passado. Em 2014, ninguém esperava um desempenho tão bem da equipe por lá, então por que descartar uma outra surpresa em 2015?

O top-10 ainda verá uma interessante briga entre a Force India, a Lotus e a Toro Rosso, como tem sido. E, quem sabe, a Sauber, que só agora vai receber a versão atualizada do motor Ferrari. O tamanho do ganho que isso propiciará, entretanto, é incerto. Mesmo a Ferrari não conseguiu crescer significativamente logo que gastou seus primeiros tokens no GP do Canadá. Nasr fará sua estreia em Spa como piloto de F1, mas já andou lá na GP2 e, como a maior parte dos pilotos, se apaixonou. "Spa é o meu circuito favorito do calendário", contou Felipe.

Ricciardo comemora a vitória no GP da Bélgica de 2014 (Foto: Getty Images)

Já a garotada da Toro Rosso torce pela chuva, diante da inferioridade do motor Renault. “Precisaremos de um tipo de corrida como a que tivemos na Hungria para sermos competitivos em Spa. Talvez não 100% a mesma. Sabemos que poderemos ser fortes no segundo setor. O problema é que as retas no primeiro e no terceiro setor são longas, e teremos de prescindir de todo esse downforce para sermos competitivos. Então esperamos que chova, isso é certo. Seria incrível se a chuva nos desse uma mão”, afirmou Carlos Sainz.

Dificuldade semelhante é o que a McLaren Honda enfrenta. "Será difícil" foram palavras proferidas por Fernando Alonso, quinto colocado no GP da Hungria, e por Yasuhisa Arai, o diretor-esportivo da Honda. Uma chuva daquelas típicas de Spa não seria mal negócio para o time de Woking.

RAPIDINHAS…

1) Ayrton Senna é um piloto que gostava de Spa-Francorchamps… Venceu lá cinco vezes, em 1985, de Lotus, e de 1988 a 1991, já pela McLaren. Ainda somou mais um pódio, em 1986, também de Lotus. O único circuito em que o tricampeão venceu mais do que em Spa foi o de Mônaco.

2) Todavia, não é ele o maior vencedor do tradicional GP da Bélgica. Michael Schumacher o sucedeu no trono da pista belga. O alemão conquistou lá a primeira vitória de sua carreira na F1, em 1992, e voltou a vencer em 1995, ainda de Benetton, e em 1996, 1997, 2001 e 2002, já de Ferrari.

3) Quem pegou o bastão depois de Schumi foi Kimi Räikkönen: entre os pilotos em atividade, ninguém tem um histórico tão bom em Spa. O finlandês ganhou em 2004, 2005, 2007 e 2009. Isso representa 1/5 do seu total de vitórias na F1.

4) Os outros pilotos em atividade que já ganharam em Spa são Sebastian Vettel (2011 e 2013), Felipe Massa (2008), Lewis Hamilton (2010), Jenson Button (2012) e Daniel Ricciardo (2014).

5) Esta será a 60ª edição do GP da Bélgica, um dos mais importantes do calendário. Três circuitos já receberam a prova: Spa, 48 vezes com a edição deste ano, Zolder, dez vezes, e Nivelles-Baulers, duas vezes.

6) No ano passado, a corrida ficou marcada pelo toque entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, na segunda volta, quando o alemão propositalmente acertou o companheiro de equipe. Rosberg ainda terminaria em segundo, ao passo que Hamilton abandonou após tentar, em vão, se recuperar.

7) Aliás, Spa é um dos poucos circuitos em que a Mercedes ainda não venceu desde que voltou a dominar a F1. Das pistas que estão no calendário neste ano, faltam só ela e o Autódromo Hermanos Rodríguez, no México.

8) Recentemente, algumas gratas surpresas foram vistas no grid de largada. Em 2009, Giancarlo Fisichella fez a pole com a Force India. Em 2012, Kamui Kobayashi largou em segundo com a Sauber. No entanto, diante do panorama da F1 2015, só mesmo um dilúvio que pegue as equipes de calças curtas na classificação pode levar a tais situações

 (Foto: Forix)

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