Prévia: Na pista do ídolo, Hamilton tenta dar all-in no conservador Rosberg

Chegou a hora! O evento mais aguardado do automobilismo no Brasil acontece neste fim de semana em Interlagos, um dos grandes templos do esporte a motor ao redor do mundo. E o GP do Brasil, que oficialmente será disputado pela 44ª vez entre 11 e 13 de novembro, pode representar a coroação de um novo campeão do mundo. Basta Nico Rosberg vencer em São Paulo, como fez nos dois últimos anos, para conquista da taça mais cobiçada do automobilismo pela primeira vez. Mas Lewis Hamilton tenta se inspirar em Ayrton Senna, seu ídolo e lenda em Interlagos, ir para o tudo ou nada e levar a decisão para Abu Dhabi, que acontece no fim do mês.

 

Diferente de Rosberg, Hamilton, embora tenha sido campeão no Brasil naquela final dramática em 2008, jamais venceu em Interlagos. Lewis foi pole em 2012 e terminou as provas dos dois últimos anos em segundo. Triunfar no GP do Brasil seria especial ao britânico por si só, pelo fato de repetir o ídolo Ayrton Senna. Porém, além disso, chegar ao topo do pódio em São Paulo lhe daria a chance de superar o brasileiro em títulos mundiais se conseguisse uma virada improvável no suntuoso circuito de Marina de Yas.

 

Hamilton sabe que não há outra maneira de se manter vivo no Mundial. É atacar desde o começo do fim de semana em Interlagos e mandar às favas o bom retrospecto que coloca Rosberg como favorito à vitória e, consequentemente, ao título. Lewis tem de mostrar na pista a agressividade e talento que são as suas grandes marcas, mas também precisa contar com a sorte que tanto lhe virou as costas em 2016. Hamilton chega a São Paulo claramente na posição de franco-atirador, condição bem diferente dos dois últimos anos, e será interessante ver como o britânico vai se comportar sob intensa pressão.

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Ter o retrospecto em seu favor em Interlagos faz de Rosberg favorito apenas na teoria. Porque Nico também terá de atacar no fim de semana para sair de São Paulo com o título de campeão. E para chegar lá, o alemão vai precisar sair do conservadorismo que marcou suas duas últimas participações na temporada. A postura burocrática nos GPs dos Estados Unidos e do México, principalmente, quando sequer foi sombra para o rival, pode jogar contra Rosberg se for repetida no Brasil. Mas ele garante que vai lutar para vencer no domingo e fechar a fatura por aqui.

 

Com Hamilton lutando pela sobrevivência e Rosberg pelejando pelo título já neste fim de semana, a expectativa é por um belo embate em Interlagos diante de um público que merece ver uma grande disputa depois de duas corridas bem abaixo da média em termos de empolgação. Ainda nesta quinta-feira, na entrevista coletiva promovida pela FIA, estarão lado a lado Sebastian Vettel, Max Verstappen e Charlie Whiting, protagonistas da polêmica no México, além de Daniel Ricciardo, Rosberg e Hamilton e um dos 'donos da festa' no fim de semana.

 

A torcida brasileira também tem a chance de ver Felipe Massa em ação pela última vez em Interlagos. O fim de semana será um dos mais especiais da carreira do veterano, que teve a chance de brilhar como nunca em São Paulo ao alcançar duas vitórias emblemáticas, em 2006 e 2008, e fazer o público se emocionar, fato raro nos últimos anos. Ao mesmo tempo em que a despedida de Massa do GP do Brasil é especial, também traz um ar de melancolia e de incerteza sobre os rumos do automobilismo brasileiro em termos de F1. Felipe Nasr, que em teoria seria o substituto natural de Massa, tem seu futuro completamente indefinido e ainda não tem lugar garantido no grid para 2017.

As condições atuais do carro da Sauber não fazem o público tupiniquim se empolgar com a performance de Nasr, que só terá condições de chegar aos pontos no fim de semana se levar muita sorte com o azar dos adversários. Numa situação normal, o próprio brasiliense sabe que alcançar o top-10 é tarefa impossível. Para Felipe, ao mesmo tempo em que busca viver um fim de semana decente, também há a luta para se garantir na F1 no ano que vem. 

 

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Além da definição do título, que pode acontecer em Interlagos, o circuito paulistano também deve ser o palco da confirmação da Red Bull como vice-campeã do Mundial de Construtores. No momento, 62 pontos separam a escuderia taurina da Ferrari. Ou seja, é muito pouco provável que o time de Maranello vire o jogo, até porque todos os esforços estão voltados há algum tempo para 2017. Mas ao mesmo tempo será legal ver um novo embate envolvendo Sebastian Vettel, Max Verstappen e Daniel Ricciardo, ainda mais depois do explosivo fim do GP do México.

E assim como aconteceu no Hermanos Rodríguez, Interlagos terá uma nova edição da batalha entre Force India e Williams pelo quarto lugar do Mundial de Construtores. A luta certamente vai para Abu Dhabi, mas o que se espera é que as duas equipes andem bem próximas. Nico Hülkenberg costuma andar bem em Interlagos, enquanto Massa vai dar tudo de si para fazer uma bela corrida em sua despedida do circuito que mais marcou sua carreira. 

 

Sobre a McLaren, o que dá para esperar com segurança é que dificilmente o vexame vivido no ano passado vai se repetir em 2016. Como não lembrar das quebras do motor Honda sendo tratadas com doce ironia por Jenson Button e, principalmente, Fernando Alonso, gerando os memes que invadiram a internet há exatamente um ano? Por outro lado, o time de Woking tem oscilado demais, indo dos pontos com os dois carros no Texas para um desempenho decepcionante uma semana depois, no México.

 

Interlagos, diga-se, traz grandes lembranças a Alonso e Button. Os dois pilotos conquistaram seus títulos mundiais no Brasil. A expectativa dos campeões é de dar a volta por cima e voltar a emendar um bom desempenho nesta fase final de temporada.

 

Por sua vez, a Haas espera se ver livre dos problemas que tanto deram dor de cabeça a Romain Grosjean e Esteban Gutiérrez nas duas últimas provas do calendário. Na sexta-feira, Charles Leclerc vai guiar o VF-16 na primeira sessão de treinos livres, muito provavelmente com o carro do mexicano, que não deve ficar na escuderia de Kannapolis no ano que vem. Com um pouco de sorte, a Haas até pode abocanhar um pontinho, assim com a Renault, já com o foco voltado para o ano que vem. Mas Kevin Magnussen, que deve substituir Gutiérrez na Haas, e Jolyon Palmer, que surprendentemente renovou seu vínculo com a Renault e vai estar no grid em 2017, vão buscar pelo menos um fim de semana decente. 

Na Sauber, Nasr e Marcus Ericsson terão pela frente mais um duelo particular que, na prática, vale muito pouco, já que as perspectivas de pontos no Brasil são mínimas. Para Felipe, contudo, chegar à frente do companheiro de equipe e rival é questão de honra, ainda mais neste momento crucial da sua carreira, em que as opções para continuar na F1 ficam restritas à própria Sauber e a Manor que, mesmo com os talentosos jovens Pascal Wehrlein e Esteban Ocon, tem pouquíssimas chances de obter um bom resultado.

 

 

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Chuva pode mudar rumos da corrida

 

A chuva, aquela que vem da represa, tem grandes chances de dar as caras em Interlagos neste fim de semana. A previsão, de acordo com o site ‘Accuweather’, indica clima ameno pela manhã, mas com possibilidade de chuva forte pouco antes do primeiro treino livre, às 10h de sexta-feira. No geral, a previsão indica um percentual que beira os 50% de um dia com a pista molhada em São Paulo. A temperatura também tende a ser amena no sábado, mas com grandes chances até de temporal pela manhã, quando será disputado o terceiro treino livre. No domingo, grande dia da corrida, também há possibilidade de chuva. O céu deve estar nublado, com 54% de chance de o GP do Brasil ser disputado com a pista molhada. 

 

 

Pirelli leva combinação conservadora para o Brasil

 

Diferente do padrão adotado na maioria das corridas da temporada, a Pirelli vai levar para Interlagos sua gama mais dura e pneus com os compostos duros, médios e macios. Dentre os postulantes ao título, Hamilton e Rosberg vão para São Paulo com escolhas idênticas: um jogo de pneus duros, quatro de médios e oito de supermacios. Ricciardo e Verstappen também adotaram uma combinação semelhante entre eles: um jogo de duros, cinco de médios e outros sete de macios. 

 

A Williams, dentre todas as equipes, foi a mais ousada. Massa e Valtteri Bottas escolheram um jogo de pneus duros, três de médios e nove de compostos macios cada. A Sauber, com Nasr e Ericsson, escolheu a mesma combinação que foi adotada pela Red Bull.

 

 

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Programação do fim de semana

 

Os eventos pré-corrida acontecem já a partir desta quarta-feira em São Paulo, com uma série entrevistas e ações programadas. Na quinta-feira, dentre outros eventos, será realizada a tradicional coletiva de imprensa em Interlagos, certamente com a presença dos brasileiros Massa e Nasr. A partir de sexta-feira, os carros aceleram no circuito paulistano. A partir das 10h, começa o primeiro treino livre, com duração de 90 minutos. Às 14h, será disputada a segunda sessão do fim de semana, novamente com 1h30 de pista.

 

No sábado, o terceiro treino livre tem previsão de início para 11h. E às 14h, a F1 define o grid de largada em Interlagos com a sessão classificatória. No domingo, Interlagos realiza pela 34ª vez o GP do Brasil, que será última corrida em casa para Felipe Massa e pode marcar a definição do título em favor de Nico Rosberg, a partir das 14h.

 

E o GRANDE PRÊMIO estará com grande equipe para a cobertura ‘in loco’ do GP do Brasil, acompanhando o desenrolar do fim de semana AO VIVO e em TEMPO REAL.

 

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