Quinto dia de testes traz mais problemas mecânicos e verdade inconveniente: nem gigantes estão imunes

Mercedes e Ferrari fecharam a primeira semana de testes com carros que pareciam verdadeiros tanques de guerra. A segunda, por sua vez, trouxe panorama quase oposto: as escuderias perderam praticamente um turno cada por problemas mecânicos. Quando parecia que a pré-temporada havia virado uma luta apenas por performance, a confiabilidade volta a ser salientada

Uma das grandes manchetes da primeira semana de testes da Fórmula 1 foi a alta quilometragem das equipes – exceto Williams – e a falta de problemas mecânicos. Depois de anos com motores híbridos causando dor de cabeça, ficava a impressão de que 2019 trazia outra realidade. Pois o jogo virou nesta terça-feira (26), quinto dia de testes de pré-temporada em Barcelona. De uma hora para outra, as quebras voltaram a se mostrar como um fator que podem atormentar até gigantes como Mercedes e Ferrari nos próximos meses.
 
A primeira equipe a ter problemas mecânicos foi a Ferrari, que amanheceu com um SF90 não muito saudável. Charles Leclerc deu seis voltas na primeira meia-hora de sessão e depois levou um tempo até dar as caras novamente. Talvez fosse só a Ferrari dando de ombros para uma pista ainda fria e não muito produtiva, talvez fosse algo sério. E foi algo sério: o sistema de refrigeração do carro italiano apresentou problemas e, pela primeira vez, Maranello se viu com um pepino maior nas mãos. Foi só com uma hora de cronômetro restando que o monegasco conseguiu levar o total de giros a 29, pior quilometragem da sessão.
 
A Mercedes parecia ter motivos para rir. Afinal, o carro revisado e cheio de novidades aguentou o tranco e somou 83 giros com Lewis Hamilton. A melhor quilometragem da manhã parecia um bom presságio, mas não foi bem assim. Valtteri Bottas assumiu o W10 e, meras três curvas após deixar os boxes, estacionou na beira da pista. Alguém poderia dizer que a quebra foi causada pela zica do finlandês, mas acabou sendo por problemas na pressão do óleo. Se pressão alta causa problemas no coração, em um carro o problema é na unidade de potência. A atual pentacampeã desmontou a traseira do carro para desvendar o problema e, no embalo, trocou todas as peças ligadas ao motor. Isso, óbvio, custou tempo e fez Valtteri esperar na garagem até 17h45 locais. Restavam 15 minutos para o cronômetro zerar, e só aí foi possível devolver o carro prateado ao traçado.
A Ferrari, assim como a Mercedes, teve sua dose de problemas (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

No balanço dos contratempos, Ferrari somou 110 voltas e Mercedes chegou a 90. Os números certamente não são ruins e mostram que as duas principais equipes da F1 ainda têm motivos para manter a calma. Mas os problemas servem como sinal: os carros de 2019 não são tão infalíveis assim. Talvez o alerta sirva até para a Red Bull, que ainda vive em lua de mel com um motor Honda que impressiona. A questão é que as surpresas positivas e o otimismo, mesmo quando em alta, dificilmente vão durar para sempre.

 
E também tem a McLaren. Os britânicos já não são tão grandiosos quanto no passado, muito menos têm grandes expectativas em termos de confiabilidade. Mesmo assim, a pré-temporada vinha bastante positiva em termos de quilometragem. Isso até o quinto dia, quando – talvez por conta da visita de Fernando Alonso – o carro quebrou duas vezes. Uma pela manhã, outra pela tarde, ambas com Lando Norris ao volante. Ainda não se sabe até que ponto trata-se de um real motivo de preocupação, ainda mais depois de anotar o melhor tempo do dia, mas serve como um belo choque de realidade.
 
O curioso é que os problemas mecânicos se manifestaram justamente em um momento que, teoricamente, é de maior estabilidade na performance dos carros. Os primeiros dias costumam servir para detectar problemas, buscar correções, e só depois focar na performance em voltas mais rápidas. Bom exemplo disso é a Haas, que semana passada deu passos desajeitados com o então pouco confiável VF-19 antes de conseguir 131 voltas com Kevin Magnussen nesta terça-feira. Com Mercedes, Ferrari e McLaren foi o contrário: a semana de estabilidade foi sucedida por uma que começa claudicante.
A Red Bull vive em um mar de rosas com a Honda. Dura até quando? (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

Pois parece que esse volta a ser, mesmo que momentaneamente, o assunto da pré-temporada. Mercedes ou Ferrari, quem tem de fato o carro mais confiável? E a Red Bull, dona de 136 voltas com Pierre Gasly, é isso tudo mesmo? Tempos de volta são importantes, como a busca incessante por soluções aerodinâmicas deixa claro, mas a competição secundária por total de voltas parece estar em vias de esquentar novamente.

 
Nesse sentido, quem parece capaz de sorrir é ninguém menos do que a Williams. Depois de uma primeira semana em que tudo deu errado, com carro atrasado e performance pouco empolgante na pista, a segunda traz outro roteiro. O FW42 somou 119 voltas em um só dia, isso após quatro em que só pôde somar 88. Mais do que isso, George Russell colocou o bólido no ‘bolo’, com o nono tempo, 1s9 pior que Norris. Quem diria: enquanto Mattia Binotto e Toto Wolff encontraram sarnas para coçar, Claire Williams parece ter algum motivo para acreditar que 2019 não seja tão catastrófico assim.

GRANDE PRÊMIO cobre ‘in loco’ a pré-temporada da F1 em Barcelona com os repórteres Evelyn Guimarães, Vitor Fazio,  Eric Calduch e o fotógrafo Xavi Bonilla. Acompanhe tudo aqui.

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