R$ 750 milhões x desempenho de centavos: por que Pérez é contradição na Red Bull?

Sergio Pérez traz aporte financeiro que compensa desempenho pífio nas pistas e trava histórico de 'moedor de carne' da Red Bull, que vai ver Max Verstappen tetracampeão, mas com apenas duas taças de Construtores no período

Com uma carreira honesta no meio do pelotão, Sergio Pérez ganhou uma das narrativas mais curiosas e de difícil explicação nos últimos anos na Fórmula 1. De quase sem vaga no grid após a transformação da Racing Point em Aston Martin, no fim de 2020, arranjou um lugar na Red Bull para ser companheiro de equipe de Max Verstappen. A permanência do mexicano, mesmo sem entregar resultados, vai em caminho muito diferente da paciência que os taurinos tiveram com qualquer outro piloto secundário e formado pelo rígido programa de Helmut Marko. Mas, então, por que Sergio segue titular e com contrato já renovado?

O dilema sobre a longa jornada de ‘Checo’ em Milton Keynes tem um ponto chave: o dinheiro. O GRANDE PRÊMIO soube que a Telmex, titã da telecomunicação mexicana e histórica apoiadora da carreira do piloto de Guadalajara, já injetou mais de US$ 130 milhões (cerca de R$ 750 milhões, pela cotação atual) desde a entrada de Sergio no time, em 2021. Mesmo com a Red Bull acumulando títulos e premiações, o acordo comercial coloca um peso enorme nesta balança.

Além disso, novos nomes estão se unindo ao piloto mexicano. O jornal espanhol Marca divulgou que outras empresas estão se juntando ao grupo que hoje conta com Claro, Telcel e Infinitum [empresas da Telmex], assim como a corretora de seguros Interprotección, a marca de chocolates KitKat e o serviço de transporte por aplicativo Uber México. As novas empresas devem cobrir o salário de Pérez, que hoje ganha US$ 10 milhões (cerca de R$ 57 milhões) por temporada.

Mas o dinheiro de Pérez contrasta com um desempenho absurdamente abaixo do esperado nas pistas, e que ficou mais escancarado em 2024. Após 21 corridas, o mexicano é apenas 8º colocado no Mundial de Pilotos, com 151 pontos. São 242 a menos que o líder Verstappen, que tem o quarto título mundial praticamente encaminhado. Checo não sobe ao pódio desde o GP da China, realizado em abril, 16 corridas atrás.

Sergio Pérez vive ano especialmente sofrível (Foto: Reprodução/F1)

Entre os Construtores, a Red Bull ocupa apenas o terceiro lugar, com 544 pontos contra 557 da Ferrari e 593 da líder McLaren. O curioso é que se apenas os pontos de Verstappen fossem contados, a equipe ainda se manteria em terceiro. E caso Max concretize o quarto título mundial, os energéticos ainda correm sério risco de repetir o cenário de 2021, quando o neerlandês também foi campeão, mas o mexicano não conseguiu ajudar na conquista do título de Construtores, que ficou com a Mercedes.

O aporte acaba virando um balde de água fria em diversos concorrentes que sonhavam com a possibilidade de ocupar o lugar de Pérez na Red Bull. Um deles é o argentino Franco Colapinto. Colocado pela Williams para substituir Logan Sargeant nas últimas nove corridas de 2024, Franco rapidamente virou uma sensação, somando 5 pontos e atraindo enorme interesse da Argentina na Fórmula 1, ao ponto de presença gigante de torcedores em Interlagos e até um flerte inicial para tentar reviver uma corrida em solo argentino, algo que não acontece desde 1998.

Com a Williams já segura para 2025 com Carlos Sainz e Alex Albon formando a dupla, a saga de Colapinto por outras vagas surgiu, especialmente com muita presença dos empresários na mídia fazendo a propaganda por Franco. O time de Grove, por sinal, faz jogo duro, impondo a quem quiser tirar o argentino do time uma multa no valor de US$ 20 milhões (R$ 115 milhões, na cotação mais recente).

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Franco Colapinto pode vestir as cores da Red Bull em 2025? (Foto: Williams)

E a permanência do mexicano também atrapalha os pilotos da academia da Red Bull, como no caso de Liam Lawson. O neozelandês foi escalado como titular da RB para as seis corridas finais do ano, após a saída de Daniel Ricciardo. Além de bom desempenho em pista, o ‘Kiwi’ chamou atenção pelos embates com o próprio Pérez na pista, especialmente no México, onde os dois trocaram farpas pelo rádio e Liam até cometeu um gesto obsceno contra ‘Checo’ ao ultrapassá-lo. O acordo de Lawson na RB para 2025, por sinal, não foi confirmado, já que o jovem sonhava com a possibilidade de estar no time principal.

Com 87 corridas, 5 vitórias e 29 pódios, Pérez virou um antídoto da falta de paciência mostrada pelos taurinos com diversos outros pilotos, como Pierre Gasly [que durou apenas 12 corridas]. Daniil Kvyat [21 corridas] e Albon [26 corridas]. Mesmo que o cronômetro não minta, e a Red Bull saia com menos taças do que deveria no período de domínio, o mexicano se mantém ocupando uma vaga em equipe de elite — e por tantos anos quanto o forte aporte financeiro determinar, aparentemente.

Fórmula 1 agora volta às pistas para o GP de Las Vegas, nos Estados Unidos, entre os dias 21 e 24 de novembro. Depois, realiza corridas no Catar, com a última sprint do ano, e Abu Dhabi.

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