RD Congo pede que F1 rejeite GP em Ruanda: “Querem marca manchada de sangue?”
A escalada de tensões entre República Democrática do Congo e Ruanda provocou reações sobre a candidatura do país para receber a F1. Em carta, a ministra de Relações Exteriores de RD Congo, Thérèse Kayikwamba Wagner, citou violência na região e demonstrou apoio à candidatura da África do Sul
A República Democrática do Congo procurou a Fórmula 1 para pedir que a categoria encerre as negociações com Ruanda para fazer parte do calendário da categoria nos próximos anos. O motivo é o conflito entre as duas nações, que começou em 2022, marcado pela escalada militar e verbal de ambos os lados, provocando crescentes tensões políticas desde então.
Em uma carta enviada ao CEO da F1, Stefano Domenicali, a ministra das Relações Exteriores do país, Thérèse Kayikwamba Wagner, expressou sua preocupação sobre Ruanda se tornar uma potencial anfitriã da F1 em meio a uma guerra que toma conta da região.
“Escrevo para expressar profunda preocupação com as conversas em andamento da Fórmula 1 com Ruanda para sediar um grande prêmio em sua capital, Quigali. Ruanda está, atualmente, ocupando uma grande área da parte oriental da República Democrática do Congo em colaboração com o Movimento 23 de Março — grupo rebelde que atua no país —, deslocando mais de 700 mil cidadãos congoleses”, escreveu a minstra.
“Embora eu aplauda o desejo da F1 em sediar uma corrida na África, questiono se Ruanda seria uma escolha que melhor representasse nosso continente e peço que vocês encerrem as negociações e descartem Ruanda como um possível anfitrião. A F1 realmente quer sua marca associada e manchada de sangue com Ruanda? Este é realmente o melhor país para representar a África no automobilismo global?”, questiona Wagner.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
A ministra ainda sugeriu que a F1 pense sobre a candidatura da África do Sul para que o país volte a receber a categoria nos próximos anos.
“Existem alternativas. Entendo que uma candidatura sul-africana está na mesa e a República Democrática do Congo apoiaria de todo o coração. Seria uma decisão adequada e fácil de tomar. Soldados sul-africanos, em operações de paz no meu país, foram mortos pelo próprio regime com o qual vocês buscam fazer negócios”, afirmou.
“Pelo bem daqueles que deram suas vidas em nome da paz, faça a escolha certa e pelo menos faça seu sacrifício valer alguma coisa”, concluiu a ministra.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
Em dezembro do ano passado, Ruanda oficializou sua candidatura para fazer parte do calendário da F1. A intenção foi feita durante a tradicional festa de premiação da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) na capital do país, Quigali, em evento que contou com a presença do presidente da organização, Mohammed Ben Sulayem, além do presidente da nação africana, Paul Kagame, e seu Ministro dos Esportes, Richard Nyirishema.
O circuito está sendo projetado pelo ex-piloto Alexander Wurz há mais de um ano junto com o governo local e seu representantes. O austríaco também trabalha no desenvolvimento da nova pista em Qiddiya City, na Arábia Saudita, que deve sediar a corrida de F1 quando estiver pronta – entre 2028 e 2029.
O traçado passará perto do aeroporto planejado na capital africana, em Bugesera, além das florestas e ao redor do lago da cidade, com um layout bastante rápido.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
Ao portal inglês The Race, uma fonte de dentro da F1 disse que a categoria está monitorando a situação e que as decisões futuras “serão baseadas nas informações completas e no que for do melhor interesse do nosso esporte e dos nossos valores”.
A Fórmula 1 se aproxima do retorno das férias. A próxima atividade é exatamente a sessão única de testes coletivos de pré-temporada, marcada para os dias 26, 27 e 28 de fevereiro, no Bahrein. A temporada 2025 começa com o GP da Austrália, nos dias 14-16 de março.

