Red Bull fala em “carro imprevisível” e prepara retorno de especificações antigas na Itália

De certa forma, a Red Bull admitiu que perdeu a mão na evolução do RB20 ao longo da temporada 2024 da Fórmula 1. É o que indicou Helmut Marko, consultor de automobilismo do grupo, que apontou que o carro “se tornou imprevisível” e disse que a equipe vai voltar a utilizar antigas especificações após o GP da Itália, marcado para o dia 1º de setembro.

A temporada da Red Bull se divide entre antes e depois do GP de Miami, sexta etapa do campeonato. Até desembarcarem nos Estados Unidos, foram quatro vitórias de Max Verstappen, com Sérgio Perez fazendo 1-2 em três ocasiões e sendo terceiro no GP da China. A única etapa em que o neerlandês não venceu foi o GP da Austrália, quando abandonou com problemas nos freios — Carlos Sainz aproveitou a brecha e faturou nas ruas de Melbourne.

Coincidentemente, Adrian Newey anunciou nos dias anteriores ao GP de Miami que não permaneceria na Red Bull ao final da temporada. Com isso, o britânico deixou de fazer parte das reuniões de engenheira, como o próprio revelou nos dias seguintes. É bem verdade que uma bandeira amarela ajudou na ocasião, mas aquela foi a primeira corrida em que Verstappen foi derrotado em pista: Norris venceu, com o tricampeão em segundo.

A partir de então, não se viu mais o domínio da Red Bull. Contando Miami, a F1 disputou nove etapas e Verstappen venceu em três ocasiões — Emília-Romanha, Canadá e Espanha —, mas Norris sempre foi uma pedra no sapato do neerlandês, terminando bem próximo nas três ocasiões.

Em Mônaco, onde Charles Leclerc venceu com a Ferrari, a Red Bull não se encontrou e teve de se contentar com sexto lugar de Verstappen. A equipe de Milton Keynes também viu a ascensão da Mercedes, que levou três das últimas quatro corridas. Se George Russell aproveitou a colisão entre o tricampeão e Norris na Áustria, na Inglaterra e Bélgica, Lewis Hamilton mostrou que o W15 tinha melhor ritmo — seria 1-2 em Spa-Francorchamps, mas Russell, que cruzou na frente, foi desclassificado.

Christian Horner, chefe da Red Bull, reconheceu que “a janela em que nosso carro funciona ficou menor”. O time dá indícios que se perdeu no meio do caminho e a prova disso é que vão utilizar algumas especificações antigas a partir da etapa de Monza. A princípio, no GP dos Países Baixos, marcado para este final de semana, o carro será o mesmo das últimas corridas.

“No início da temporada, tínhamos um carro tão equilibrado quanto a McLaren é agora. Ia bem em todas as pistas e em todas as condições. Então pegamos o caminho errado em algum lugar. O carro se tornou uma cadela que só Max é capaz de domar”, disse Marko.

“Tornaram o carro cada vez mais imprevisível. É cada vez mais difícil ajustar e achar o equilíbrio. Se as reações do RB20 voltarem a ser previsíveis, Perez também encontrará velocidade novamente”, completou.

O consultor da Red Bull, no entanto, arrefeceu o sentimento de ‘terra arrasada’ pelos lados de Milton Keynes. Apesar de ressaltar a inconstância do RB20, enumerou situações que dariam uma condição ainda melhor para Verstappen no campeonato. Com 277 pontos, o neerlandês tem 78 tentos de vantagem para Norris, o que representa três etapas de vantagem com dez ainda pela frente.

“Estamos melhores do que nossos últimos resultados. Sem o pit stop ruim em Spielberg, a batida com Hamilton na Hungria e a penalidade no grid em Spa [por troca de motor], Max estaria em uma posição melhor”, comentou o dirigente da Red Bull.

“Estas classificações [mais rápido na Áustria e Bélgica] foram especiais para Max. Na corrida, a superioridade se foi. Como a Mercedes no início do ano, às vezes somos rápidos e às vezes lentos, dependendo das condições — foi assim em Silverstone, quando choveu durante a prova”, finalizou Marko.

A Fórmula 1 voltará às pistas após as férias de verão entre os dias 23 e 25 de agosto para o GP dos Países Baixos, em Zandvoort.

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