Red Bull segue em liga própria na F1 e Aston Martin tenta roubar cena na Arábia Saudita

Pista diferente, resultado igual. Não houve espanto na sexta-feira (17) de treinos livres da Fórmula 1 na Arábia Saudita, que recebe a segunda etapa da temporada. Ainda que o velocíssimo circuito urbano de Jedá tenha elementos para tentar criar uma história distinta daquela contada no Bahrein, a Red Bull não permite. Os taurinos novamente são os favoritos à primeira fila do grid neste sábado. Líder do campeonato, Max Verstappen liderou com folga as duas sessões e mostrou que a concorrência terá de fazer mais para detê-lo em 2023.

É bem verdade que a primeira atividade do dia pouco representou em termos de dados e desempenho, porque o horário é muito diferente do momento em que a classificação e a corrida vão acontecer, mas ainda assim foi possível entender que algumas equipes usaram esse tempo para ajustar acerto e ficou claro que a degradação notada nos compostos dianteiros não é a mesma neste ano – parte das mudanças do regulamento teve como meta atenuar esse desgaste na parte da frente dos carros. Mesmo assim, Verstappen foi o mais rápido, com um Fernando Alonso já mostrando a que veio: terceiro, o espanhol colocou a Aston Martin à frente de Ferrari e Mercedes.

Mas foi no segundo treino livre que o cenário se tornou mais claro. O bicampeão da Red Bull ditou o caminho. Max imprimiu um ritmo de classificação muito forte até alcançar 1min29s608. A equipe austríaca também tem uma preparação especial, com uma asa traseira menos carregada que no Bahrein. A velocidade final voltou em um traçado que pede performance em linha reta. A marca de Verstappen foi 0s208 melhor que a de Alonso, que ficou na segunda posição da tabela, desta vez. Sergio Pérez apareceu logo na sequência, a 0s299 do companheiro de time.

Só que a força dos taurinos está novamente no desempenho em corrida.  Na simulação com os pneus médios, Pérez virou em média 1min35s1 em um trecho de 15 voltas. Aqui é interessante colocar que Alonso andou apenas 0s1 pior que o mexicano. E a melhor Ferrari nesse cenário foi a de Carlos Sainz – que rodou quase 0s3 mais lento que os dois rivais. Já o holandês comandou voltas consistentes, sem perder rendimento. O cuidado com os pneus também ficou evidente. Com os macios, Verstappen conduziu um stint de 16 voltas, cravando em média 1min35s2. Mas nesse ponto foi Sainz quem se aproximou, com menos de 0s1. A única ressalva é que o espanhol sofreu uma queda de performance depois de nove voltas.

“Isso tudo é sobre apenas administrar os pneus, porque eles realmente não permitem pressioná-los por aqui. Então, em um circuito de baixa degradação, acho que os tempos de volta são muito próximos. Definitivamente, não é como o Bahrein”, apontou Max.

“É preciso afinar as coisas com as reduções de marcha, fazemos isso o tempo todo. Acho que tivemos um dia positivo, mas ainda há coisas que podemos fazer melhor. Nas retas, acho que todos parecíamos muito próximos uns dos outros”, completou.

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De fato, há uma diferença menor do que a vista no Bahrein. E a Aston Martin busca se aproveitar disso para, de novo, roubar o protagonismo. Alonso se colocou mais perto do piloto do carro #1 em simulação de classificação e foi forte no ritmo de corrida. “Foi um dia sólido para nós”, comemorou o bicampeão. “Ainda estamos aprendendo coisas sobre este carro e sabíamos que Jedá iria nos apresentar desafios diferentes em relação ao Bahrein. Foi como um segundo teste para todos nesta sexta-feira.”

“No geral, o dia correu bem, tentamos otimizar o acerto do carro para a característica de alta velocidade deste circuito. Temos muitos dados para analisar e, como sempre fazemos às sextas-feiras, continuaremos estudando tudo nesta noite e veremos o melhor para amanhã. O objetivo será chegar ao Q3 novamente na classificação”, emendou.

A equipe verde está realmente mais perto, e isso acaba ressoando na Ferrari. A escuderia teve um dia mais discreto e, como sempre faz, não usou o mapeamento mais poderoso de seu motor e segurou um pouco o ritmo. Porém, essa é uma prova de fogo para os italianos, especialmente depois dos problemas enfrentados no Bahrein. Charles Leclerc terá de cumprir punição pela troca dos componentes do motor, enquanto Sainz vai ter de liderar o time em uma briga cada vez mais apertada com essa danada Aston Martin.

Espera-se que a performance da SF-23 em classificação seja ainda melhor que em Sakhir. Porém, a preocupação ferrarista continua sendo a degradação de pneus. Se conseguir minimizar essa deficiência, a equipe vermelha vê um caminho para driblar o brilho meteórico do time de Lawrence Stroll. “Já houve diferenças no trabalho entre nossos carros, também ligadas à punição de Charles. Ainda temos muito trabalho a fazer, mas exploramos várias coisas e estamos felizes. Temos um potencial importante e o vimos novamente esta noite em stints longos”, contou o diretor-esportivo da Ferrari, Laurent Mekies.

“Com certeza o que vemos no geral é que o grupo está ficando muito próximo novamente. Entre a segunda e a nona equipe estão todos bem próximos. Há Aston Martin, Mercedes e também Alpine, que parece muito competitiva aqui. Vamos descobrir a diferença em relação à Red Bull amanhã. No TL2, vimos lacunas menores do que no Bahrein. Encontrar esses 0s2, 0s3 finais pode fazer a diferença”, acrescentou.

Mas se a Ferrari tentou mascarar seu real desempenho e não se deixou entregar o jogo, a Mercedes escancarou a realidade. A equipe alemã segue às voltas para tirar performance do atrapalhado W14. E por mais incrível que pareça, o carro apresentou sinais de competitividade, ainda que não para ambos os pilotos. George Russell encerrou os trabalhos de hoje na quinta posição da tabela, 0s467 atrás de Verstappen. Enquanto isso, Lewis Hamilton enfrentou mais problemas e terminou em 11º, a quase 1s de Max.

E embora o ritmo de classificação seja diferente de um carro para o outro, o desempenho em corrida se mostrou mais consistente. Hamilton e Russell viraram tempos muito parecidos durante a simulação. No entanto, ambos ainda sofrem com um déficit de quase 0s4 para a Red Bull. Quanto à Ferrari e à Aston Martin, essa distância é um pouco menor, nada que faça pensar que os alemães podem encarar de igual para igual. Ainda, a Mercedes tem um novo problema em Jedá: a Alpine. Os franceses surgiram mais fortes em Jedá e se colocaram à frente do time de Stuttgart.

“Depois do Bahrein, viemos para cá com expectativas realistas. Enquanto a equipe no Reino Unido está trabalhando muito para nos colocar em um lugar melhor, nosso foco tem sido maximizar o potencial do que temos atualmente”, afirmou Andew Shovlin, engenheiro da octacampeã.

“Há atualizações agendadas que parecem funcionar bem, mas embora nos levem na direção certa, não são um grande passo. As próprias sessões transcorreram sem problemas; estávamos lutando com a parte dianteira na primeira sessão e podemos ter corrigido demais na segunda sessão. No entanto, temos muitas informações para para trabalhar na configuração amanhã. O ritmo em volta única não parece tão ruim, mas o carro não é fácil de pilotar, então é algo que vamos tentar melhorar amanhã antes da classificação”, finalizou.

O GRANDE PRÊMIO acompanha AO VIVO e EM TEMPO REAL todas as atividades do GP da Arábia Saudita de Fórmula 1 e traz a NARRAÇÃO da CLASSIFICAÇÃO e da CORRIDA em parceria com a Voz do Esporte. No sábado, os horários são os mesmos: 10h30 [Horário de Brasília, GMT-3] para o TL3 e 14h para a classificação. A corrida, no domingo, também larga às 14h.

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