Red Bull transforma RB20 em monstrengo, mas tem título nas mãos. É só ouvir Verstappen
A Red Bull entrou em parafuso ao tentar ajustar os problemas do RB20 e transformou o carro em uma colcha de retalhos. O atraso técnico em relação ao que a McLaren apresenta é nítido, gritante, mas nada ainda está perdido. Pelo contrário: a vantagem é tamanha que basta ouvir o que Max Verstappen quer do bólido que, provavelmente, o tetra do neerlandês virá
É bem verdade que a fase da Red Bull é a pior desde 2020, mas Max Verstappen ainda é o grande favorito ao título da F1 2024. Por mais que o time se mostre perdido, o neerlandês dá sinais de que vai se reencontrar e, além disso, ainda sustenta uma vantagem segura na tabela de pontos.
Mas também não é como se o campeonato já estivesse ganho, muito longe disso. A matemática é amiga de Max, verdade, só que o momento é todo da McLaren. Poderia ser pior, aliás, caso Lando Norris estivesse voando, mas não é o que rola até aqui. Ainda assim, o risco existe e não pode ser posto de lado de forma alguma.
O cenário é claro: a equipe laranja é a grande força técnica do grid desde o GP de Miami. E aqui estamos falando daquela que foi apenas a sexta corrida do campeonato, ou seja: a McLaren já teve tempo de sobra para reverter o quadro, como aliás o fez no Mundial de Construtores, mesmo que de forma atrasada.
Só que a vantagem na tabela de pontos ainda é fator muito relevante. 52 pontos não são uma eternidade, mas também não são pouca coisa. Na prática, seriam duas corridas perfeitas de Norris com abandonos de Verstappen, de repente. É mais fácil imaginar que seja um trabalho de formiguinha, etapa por etapa. E aí também é trabalho grande: se Max chegar em segundo em todas as provas e todas as sprints, nem um Lando 100% de aproveitamento resolve. É boa vantagem, sim. Bem boa.
E é exatamente nisso que a Red Bull tem de se agarrar e, acima de tudo, virar uma chave. Afinal, a impressão que dava nas últimas corridas era de que o time austríaco estava desesperado pela seca de vitórias e queria voltar a triunfar a qualquer custo. Foi assim, cheio de mexidas no carro e atualizações pífias, que os energéticos não apenas se meteram em um jejum de oito corridas, mas transformaram o RB20 em um monstrengo, um Frankenstein, uma colcha de retalhos. Irreconhecível e inguiável, em muitos momentos.
Daqui desse ponto que temos de partir. Depois que a McLaren melhorou, a Red Bull perdeu o controle das ações, mas se manteve relevante porque, com as dificuldades dela, ainda conseguia entregar o que Verstappen queria guiar, no estilo dele. Aí está a chave para selar o tetra, é simples assim.
Num recorte das últimas seis corridas, por exemplo, Max não foi nem ao pódio em quatro delas. E isso tem de ser a maior das preocupações. Em comum, exceção feita ao GP da Bélgica em que teve punição, foram corridas em que Verstappen simplesmente não sentiu o carro, com tantas mudanças que a Red Bull tentou fazer após identificar problemas.
O ponto é esse: mesmo identificando problemas, talvez seja melhor aceitá-los e lidar com eles do que piorar o que já é ruim. Parar de experimentos e trabalhar com o que tem, como fez em Singapura. Isso provavelmente bastará.
Na reta final de um ano tão atípico e ainda com uma Ferrari em crescimento e uma Mercedes que é incógnita, a Red Bull tem de parar de errar. Esquecer a McLaren, ignorar a perda do Mundial de Construtores e, como bem definiu Helmut Marko recentemente, dar ‘all-in’ no tetra de Verstappen.
A vantagem ainda é sólida, o melhor piloto ainda é — e por muito — o neerlandês e, provavelmente, Norris não vai vencer todas as próximas corridas. Talvez nem passe perto disso. É administrar a dianteira e correr para o abraço, afinal, os mesmos 52 pontos que Max tinha de frente antes do GP de Miami voltam a aparecer quando a F1 chegar à perna derradeira de etapas.
Basta ouvir Verstappen, deixar o carro — mesmo que bem limitado — do jeito que o piloto gosta que, provavelmente, o tetra vai rolar. A Red Bull hoje, no fim das contas, parece uma ameaça maior a Max do que o próprio Norris.
A Fórmula 1 vive longa pausa e retorna de 18 a 20 de outubro em Austin, Estados Unidos, início da perna americana da temporada 2024.
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