Renault anuncia retorno de Alonso para vaga de Ricciardo a partir da temporada 2021

Sim, ele voltou. Após 11 anos afastado da Renault e duas temporadas distante da Fórmula 1, Fernando Alonso retorna ao grid da categoria. O espanhol de 38 anos foi anunciado pela equipe francesa para sua terceira passagem e, em 2021, vai ocupar a vaga deixada por Daniel Ricciardo, que está de malas prontas para a McLaren

O tão esperado retorno vai acontecer. Em meio a uma grave crise financeira, a Renault anunciou, nesta quarta-feira (8), que Fernando Alonso está de volta. O espanhol vai ocupar, a partir de 2021, a vaga deixada por Daniel Ricciardo, que já assinou com a McLaren. Esta será a terceira passagem de Alonso pela Renault, equipe pela qual conquistou seus dois títulos da Fórmula 1. O comunicado emitido nesta manhã não especifica exatamente o tempo de contrato, fala em vínculo para as próximas temporadas, mas entende-se que é um acordo até 2022.

11 anos depois, Alonso está de volta à velha casa. “A Renault é minha família. Minhas lembranças mais doces na F1 são dos dois títulos mundiais, mas agora estou olhando para a frente. É com muito orgulho e emoção imensa que retorno à equipe que me deu uma chance no começo da minha carreira, o que agora me dá a chance de retornar ao nível mais alto”, comentou o veterano.

“Eu tenho princípios e ambições na mesma linha do projeto da equipe. O progresso nesse inverno dá credibilidade aos objetivos para a temporada 2022. Vou compartilhar minha experiência com todos, dos engenheiros e mecânicos ao companheiro de equipe. A equipe quer e tem como voltar o pódio, assim como eu”, acrescentou.

Fernando Alonso está de volta para a equipe que o consagrou na Fórmula 1 (Foto: Getty Images)

O retorno de Alonso é promovido pela gestão de Cyril Abiteboul, que falou com orgulho do único piloto a ser campeão do mundo com a Renault na F1 e também do comprometimento da marca francesa com a categoria.

“Assinar com o Alonso é parte do plano do Grupo Renault de manter o comprometimento com a F1 e com o retorno às primeiras posições. Sua presença na equipe é uma vantagem formidável do ponto de vista esportivo, mas também para a marca, com quem ele tem um forte vínculo. A força do vínculo entre ele, a equipe e os fãs levaram a uma decisão natural”, disse o engenheiro francês.

“Além dos sucessos do passado, é uma decisão mútua ousada em um projeto para o futuro. Sua experiência e determinação nos permitem tirar o melhor de cada um, levando a equipe à excelência que a F1 moderna exige. Ele também vai trazer à equipe, que cresce rapidamente, a cultura de correr e vencer para superar obstáculos. Ao lado do Esteban, a missão é ajudar a Renault na preparação para 2022 nas melhores condições possíveis”, emendou Abiteboul.

Antes do anúncio oficial, Alonso mostrou que seu lado marqueteiro continua mais forte que nunca. Nos stories de sua conta no Instagram, o bicampeão mundial publicou um vídeo com a música ‘Back to the Future’ (De Volta para o Futuro, em tradução livre), indicando o que estava por vir.

A Renault, diga-se, também trabalhou bem os momentos que antecederam o anúncio da volta de Alonso. Com teasers no Twitter, a equipe de Enstone publicou momentos marcantes do asturiano na época do seu auge, em meados dos anos 2000: um som, remetendo ao ronco dos motores daquele tempo; uma voz, na comemoração de um dos dois títulos mundiais; uma face, já expondo o rosto de Alonso antes da confirmação de vez do regresso à Fórmula 1 pelo time que o consagrou.

Novo parceiro de Esteban Ocon, Fernando, que completa 39 anos no fim deste mês, nunca pareceu exatamente fora da F1. Ainda que não estivesse no grid em 2019 e 2020, sua sombra sempre foi importante e, diversas vezes, seu nome foi ventilado, especialmente para retornos aos cockpits da Renault e da McLaren. O retorno acontece pelo time francês, casa em que o asturiano mais brilhou na categoria.

Desde que anunciou a saída da F1, Alonso deixou claro o desejo de voltar, mas que fosse por um carro com potencial para ser campeão. Ao fechar com a Renault, o espanhol aposta em um time que, desde que voltou ao grid em 2016, ainda não conquistou sequer um pódio.

Fernando Alonso está de volta à equipe com a qual conquistou seus dois títulos mundiais (Foto: LAT/Renault)

Alonso será nada menos que o sétimo piloto da Renault desde o retorno dos franceses à categoria máxima do automobilismo mundial. Desde 2016, Kevin Magnussen, Jolyon Palmer, Nico Hülkenberg, Carlos Sainz Jr, além de Ricciardo e Ocon já passaram pelo time.

A primeira passagem de Alonso pela Renault foi um absoluto sucesso. Em 2003, venceu a primeira corrida, em 2004, foi presença constante no pódio, até chegar às glórias de 2005 e 2006, com o bicampeonato mundial na esquadra então liderada por Flavio Briatore.

Veio 2007 e Alonso entendeu que era hora de respirar novos ares: foi buscar o tri pela poderosa McLaren. Acontece que o parceiro do espanhol era ninguém menos que o novato Lewis Hamilton. Uma verdadeira guerra interna se instaurou entre os dois e as consequências foram pesadas: um escândalo de espionagem foi revelado, fazendo a McLaren perder todos os pontos no Mundial de Construtores, Kimi Räikkönen levou o título de forma improvável e, é claro, Alonso saiu do time pela porta dos fundos.

Fernando Alonso e Lewis Hamilton brigaram muito na McLaren em 2007 (Foto: McLaren)

O único lugar possível para se reconstruir era mesmo a Renault e aí veio a segunda passagem. Em um time que já era completamente diferente e que já se preparava para deixar a F1, Fernando ainda conquistou alguns bons resultados e teve atuações marcantes, como na vitória no GP do Japão de 2008 ou no pódio em Singapura, no ano seguinte. Mas foi justamente Singapura, em 2008, que marcou aquele biênio. Alonso venceu, mas, meses depois, descobriu-se que, por ordem de Briatore, Nelsinho Piquet bateu de forma proposital, acionando um safety-car que jogou o espanhol para a liderança. Aquilo rendeu um banimento de anos a Briatore.

A Renault ainda penou em 2010 até se juntar com a Lotus para 2011 e deixar a categoria na sequência, retornando apenas em 2016. Alonso, enquanto isso, seguiu seu rumo com a Ferrari, ficando de 2010 a 2014, um período de atuações brilhante, algumas grandes temporadas, mas nenhum título. No fim, uma frustração grande para alguém que esperava levar o time italiano de volta aos tempos de domínio que teve com Michael Schumacher.

Chegou 2015 e algo totalmente improvável aconteceu: depois de tudo que passaram, Alonso e McLaren resolveram reatar. Só que a aposta de repetir o sucesso dos tempos de Ayrton Senna e Alain Prost naufragou e, com a Honda, foram três anos de muito sofrimento e confusões. Nesta segunda fase com os ingleses, nenhum pódio foi conquistado. Destacam-se também muitas acusações e críticas dos dois lados e um marcante ‘Motor de GP2’, que Alonso soltou no rádio irritado com a falta de potência dos japoneses.

No meio disso tudo, porém, foi com McLaren, Honda e também Andretti que o espanhol teve sua primeira chance na Indy 500. Em 2017, deu um show, surpreendeu e até voltas liderou, mas o destino foi cruel e justamente o motor o deixou na mão. De todo modo, foi, certamente, o melhor momento de Alonso no retorno à McLaren.

Fernando Alonso foi com a McLaren para Indianápolis (Foto: IndyCar)

Em 2018, uma espécie de cartada final. O calvário com a Honda acabou, os japoneses migraram para a Toro Rosso e a McLaren fechou com a Renault, era o reencontro de Alonso com os motores franceses. Só que não melhorou nada e, após um começo até promissor, Fernando viu que era o fim da linha. E partiu para novos desafios.

A Indy 500 ainda era o grande desejo de Fernando, mais ainda quando, no meio da despedida de 2018, venceu as 24 Horas de Le Mans. Indianápolis era o terço que faltava para a sonhada Tríplice Coroa, mas foi justamente no IMS o grande fiasco do asturiano nos últimos dois anos. Em 2019, com a McLaren em parceria com a modesta Carlin, sequer se classificou para a corrida, caindo no Bump Day para a Juncos de Kyle Kaiser.

Em paralelo a isso, seguiu no WEC, sendo campeão com a Toyota e vencendo mais uma edição das 24 Horas de Le Mans. Triunfou também nas 24 Horas de Daytona de 2019, outra prova imensa do endurance mundial. Aí, em 2020, o salto mais inesperado: foi parar, também com a Toyota, no Rali Dakar, após se preparar em outras provas de rali. Ao lado da lenda das motos Marc Coma, ficou em 13º, um resultado bastante digno para um estreante.

Acontece que, por mais que Alonso tenha se jogado no mundo e andado de praticamente tudo, nada indicava que sua passagem pela F1 havia terminado. O espanhol era figura constante no paddock, uma verdadeira sombra para os pilotos em momentos ruins. E, sendo justo, ele nunca fez questão de dizer que estava fora e sempre se colocou como opção.

A grande oportunidade surgiu com o anúncio da saída de Sebastian Vettel da Ferrari. Um efeito dominó fez Sainz parar em Maranello e Ricciardo ocupar sua vaga na McLaren. A Renault, mergulhada em crise financeira, administrativa e com cada vez menos resultados na F1, precisava de alguém pesado, alguém para uma espécie de tentativa de salvação. E é aí que entrou Alonso.

Após uma estreia muito da complicada na Áustria, a Renault anunciou para o mundo a volta de seu bicampeão, seu principal piloto na história. Alonso, no fim, volta sem nunca ter saído.

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