Renovação de Verstappen põe luz sobre futuro da Mercedes e da F1

2020 prometia ser um ano de grande agito no que diz respeito às negociações de contratos dos principais pilotos do grid, só que boa parte da diversão da chamada ‘silly season’ acabou de forma precoce, especialmente depois do anúncio da renovação do vínculo de Max Verstappen com a Red Bull, que quer dizer muito mais do que aparenta, porque envolve não só a equipe austríaca, como também as rivais Mercedes e Ferrari e até a própria F1

A Red Bull acabou com grande parte da diversão daquilo que é conhecido como ‘silly season’ na F1 – é o período em que se especula muito, mas também se negocia na mesma proporção. Normalmente, essa fase acontece mais perto da pausa do verão europeu, na metade de temporada. E 2020 prometia enorme movimentação e rumores, especialmente porque os principais pilotos do grid estão próximos do fim de seus atuais contratos. É o caso de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, por exemplo. E era também o de Max Verstappen. Só que a esquadra austríaca não quis esperar nada e, acertadamente, tratou de tirar de vez seu maior astro do mercado ao fechar um longo contrato até 2023.
 
Foi uma bela jogada, sem dúvida, porque 1) fortalece e põe confiança na parceria com a Honda – que deve ir além de 2021 – e 2) dá a entender que os austríacos estão mesmo dispostos a elevar o sarrafo, especialmente a partir do próximo Mundial, já dentro das novas regras. Surpreende, é claro, o momento. Como dito, o campeonato sequer começou e uma peça importante do quebra-cabeças do grid já está devidamente encaixada. 
Verstappen fica na Red Bull até 2023 (Foto: Reprodução)
E esse movimento, até mais do que a ampliação do contrato de Charles Leclerc com a Ferrari, tem significados importantes, que vão desde a garantia de uma luta entre os dois jovens, Max e Charles, até o futuro da própria F1, passando inevitavelmente pela Mercedes.
 
A equipe campeã das seis últimas temporadas sempre esteve no radar de Verstappen e vice-versa. Para muitos, o holandês era visto como o substituto natural de Hamilton, dadas as declarações do chefe Toto Wolff e do esforço do pai do jovem em manter uma porta aberta. Agora, no entanto, com uma decisão tão prematura, a impressão que fica é que Max deu com essa porta na cara. E talvez por duas razões: ou Wolff foi capaz de convencer o hexacampeão a permanecer mais tempo com os alemães, garantindo também a sua presença no posto de chefia, assim como a da própria marca na F1; ou a cúpula do time prata decidiu que é hora de tirar o pé. É bom lembrar que as equipes ainda não assinaram o novo Pacto da Concórdia, e isso tem muito peso nas negociações futuras.
 
De toda a forma, não parece verossímil acreditar que a Mercedes vá realmente deixar a F1 após 2020 ou reduzir drasticamente sua participação, especialmente depois do domínio dos últimos anos, mas é verdade também que o chefe austríaco está a alguns meses do fim de seu contrato. E Hamilton já deixou claro que seguir com a marca vai depender também do que Toto vai fazer, uma vez que o comando do austríaco tem grande responsabilidade pelo sucesso da estrela de três pontas nesta era híbrida. No meio disso tudo, ainda há essa ligação Hamilton-Ferrari.
 
Falou-se muito sobre isso no fim do ano passado, quando o chefe ferrarista, Mattia Binotto, se mostrou feliz em saber sobre o limite do contrato de Lewis. A partir daí, o presidente da fábrica italiana revelou um “encontro social” com o britânico, o que alimentou rumores de todo o tipo. De qualquer forma, defender as cores da Ferrari é sempre tentador. Só que há um porém. A escuderia também já deu um sinal claro de como vê o futuro. E neste contexto, parece não haver espaço para Hamilton. Até porque há Vettel e seu próprio futuro.
 
A verdade é que os anúncios de Red Bull e Ferrari colocam, de certa maneira, a Mercedes contra a parede, embora seja difícil pensar que a esquadra de Wolff seja pega de surpresa por qualquer razão. Mas, evidentemente, a equipe alemã vai precisar de Hamilton por mais tempo e tem de convencê-lo a isso, se o plano for permanecer na F1 enquanto equipe. Mas até quando o inglês ficaria? Mais dois anos? Três? Difícil prever, ainda mais se houver um título a mais e praticamente todos os principais recordes batidos.
Quanto tempo mais Lewis Hamilton vai defender a Mercedes? (Foto: AFP)
Portanto, a Mercedes precisa formar um substituto. E Valtteri Bottas não é o homem que vai herdar o trono, então tem-se aí, ao menos por enquanto, Esteban Ocon e, principalmente, George Russell. O inglês, na verdade, leva até mais vantagem, pois nem precisa esperar uma decisão de Hamilton ou um vencimento de contrato. 
 
Diante desse cenário, os alemães têm uma urgência, o que parece quase um castigo por tantos anos de domínio implacável. A Red Bull agiu rápido e respondeu também ao movimento feito pela Ferrari com Leclerc, o que assegura a chance de a F1 testemunhar uma rivalidade explosiva nos próximos anos. Afinal, os dois representam o melhor dessa novíssima geração e estão em duas das maiores equipes do grid. Ou seja, a maior das categorias tem o futuro garantido. E talvez esse seja o maior bem desse anúncio dos energéticos.
 
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