Renovação premia lealdade e reação de Massa em ano marcado por críticas e desempenho irregular

A iminência do acerto de Felipe Massa com a Ferrari para a disputa da temporada de 2013 só cresceu neste segundo semestre, ao passo em que as boas performances do piloto apareceram. Mas até que pudesse comemorar a renovação, o brasileiro precisou driblar as críticas e encontrar respostas para centenas de perguntas a respeito de seu futuro

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Felipe Massa começou a temporada de 2012 sem a certeza de que continuaria na Ferrari em 2013. Logo, era de se esperar que perguntas a respeito de sua renovação com a escuderia de Maranello fossem frequentes. O desempenho do brasileiro, porém, fez com que a quantidade de perguntas aumentasse drasticamente e os questionamentos adquirissem um tom mais ríspido, na mesma medida das críticas que recebeu durante boa parte do campeonato.

As primeiras provas do piloto neste ano foram pífias. O problema não foi apenas a ausência de pontos, foi a ausência de um rendimento, no mínimo, razoável. Massa terminou pela primeira vez dentro da zona de pontuação na quarta corrida do ano, o GP do Bahrein. Acabou em nono e somou dois pontos. Tudo bem que o carro da Ferrari estava longe de ser bom, mas Fernando Alonso já somava 43. Último piloto demitido pela Ferrari no decorrer de uma temporada, Ivan Capelli obtivera resultados melhores em 1992.

Massa foi duramente criticado pela mídia italiana por seu desempenho irregular no começo de 2012 (Foto: Ferrari)

Quem mais bateu em Massa em 2012 foi a revista italiana ‘Autosprint’. O semanário não esperou nem a segunda etapa da temporada para reservar uma capa ao vice-campeão de 2008: “O caso Massa”, edição que colocava em risco a disputa pelo Mundial de Construtores e sugeriu a contratação de Jarno Trulli. A situação de Felipe piorou no GP da Malásia, quando Sergio Pérez, piloto da Academia da Ferrari quase venceu em Sepang. A publicação escolheu, ali, seu favorito para assumir a vaga, e por ele fez campanha até a viabilidade da transferência chegar ao fim.

Mas não dá para dizer que as críticas ficaram restritas à imprensa italiana. O desempenho irregular de Massa serviu de combustível para os vários artigos que questionaram o piloto ao longo deste ano. Ingleses e brasileiros também trataram o piloto com rigor.

Começo tardio

Só que chegou o momento em que as críticas direcionadas a Massa passaram a vir da própria Ferrari, e não mais da imprensa ou do público. A equipe o defendeu após as primeiras corridas. Luca di Montezemolo, presidente do time italiano, exigiu que o GP de Mônaco, sexto de 2012, se tornasse um marco para o piloto; que marcasse o início – tardio – do campeonato para o brasileiro.

Antes da corrida monegasca, uma nota no site oficial da escuderia deixou bem claro que o prazo para uma boa performance estava se esgotando. “Nunca desista, especialmente na F1”, era o título do texto, que comparava os inícios de campeonato de Massa e Alonso desde 2010 e constatava que o pior começo do espanhol superava o melhor do brasileiro. “Em Montmeló [cidade que recebe o GP da Espanha], Felipe teve bastante azar tanto na classificação quanto na corrida, mas todos, especialmente ele próprio, estão esperando que isto mude, já a partir do GP de Mônaco, sua segunda corrida em casa na temporada”, afirmou Stefano Domenicali, chefe da equipe.

GP de Mônaco representou nova fase na tepmorada de Felipe (Foto: Ferrari)

Aquela prova foi boa. Massa terminou em sexto, mas acompanhou de perto o pelotão de líderes por todas as 78 voltas da corrida. O problema é que lhe faltou constância – isso implicou na falta de confiança de que Massa seria capaz de voltar a fazer provas em alto nível. Na sequência, veio o GP do Canadá: um erro bobo na segunda volta limitou o piloto ao décimo lugar. Lá na frente, Pérez deu show e terminou na terceira posição.

Insatisfação pública

Massa só voltou a pontuar no GP da Inglaterra – aí sim, uma prova consistente em que ele chegou perto do pódio. Foi nessa época que ele admitiu, em entrevista à ‘Revista ESPN’, ter procurado terapia para ver se descobria o motivo das más performances. "Os resultados ruins influíram no lado psicológico. Fui procurar um psicólogo, fui fazer terapia. Tenho que tentar tudo até o fim, porque acredito que as coisas vão mudar", declarou.

Ao mesmo tempo, Mark Webber, vencedor da corrida de Silverstone, anunciou sua renovação por mais um ano com a Red Bull. Depois da extensão do vínculo com sua atual equipe, abriu o jogo e disse que foi procurado pela Ferrari, mas recusou. Em momento algum fora tão claro que a Ferrari estava mesmo procurando por alternativas a Massa. A insatisfação passou a ser de conhecimento geral.

A dobradinha Alemanha-Hungria não foi boa, e Massa foi para as férias numa situação não muito agradável. Nas onze primeiras corridas de 2012, ele somou 25 pontos. O ferrarista era somente o 14º colocado no campeonato. Alonso tinha 164 pontos e liderava o Mundial. Antes do GP da Hungria, a ‘Autosprint’ ainda afirmou que a Ferrari deixara a opção de renovação automática expirar, deixando evidente o ponto de interrogação que pairava sobre a cabeça dos dirigentes.

Em agosto, a ‘Autosprint’ voltou a dedicar uma capa a Felipe Massa: “Massa intriga”. Na mesma semana, o colunista da Revista Warm Up Américo Teixeira Jr. bancou a permanência do piloto na Ferrari por um único motivo: a descrença nos possíveis substitutos. Segundo Américo, a decisão já estava tomada internamente.

Reafirmação

Se o GP de Mônaco foi colocado pela Ferrari como um ultimato, é o GP da Bélgica que pode ser considerado um divisor de águas. Desde então, registrou-se uma mudança notável nos resultados de Massa em 2012. E foi mesmo o que o piloto fez na pista que serviu para mudar a situação, complicada na chegada aos Países Baixos. Em entrevista a jornalistas antes da 12ª etapa do Mundial, Massa disse que merecia seguir em Maranello porque “sou bom piloto”.

Numa prova tumultuada em Spa-Francorchamps, Massa terminou em quinto. Foi para a Itália e, diante dos ‘tifosi’, conquistou sua melhor posição de largada, um terceiro lugar. Na corrida, deixou Alonso passar e acabou em quarto. Veio, ali, a última ameaça de Sergio Pérez, que subiu ao pódio na segunda posição, depois de ultrapassar os dois bólidos vermelhos nas voltas finais.

Na semana que separou as provas belga e asiáticas, o alemão ‘Bild’ cravou que Nico Hülkenberg, da Force India, tinha um pré-contrato assinado com a Ferrari. Só que a informação não parceu tão convincente. Nas especulações que rondam o paddock, um rumor servia para dar tranquilidade ao piloto: a possível mudança de Sebastian Vettel para Maranello em 2014. Por isso, os italianos não gostariam de assinar com um piloto novo, e sim de contar com alguém experiente por um ano, para que este esquentasse o banco para o talento da Red Bull.

Depois do pódio em Suzuka e da boa corrida em Yeongam, a confirmação: Massa fica para 2013 (Foto: Ferrari)

Só que foi depois do GP de Cingapura que Massa pôde, enfim, ficar mais tranquilo. Lewis Hamilton assinou com a Mercedes para 2013, e deixou seu posto livre para que a McLaren chamasse Pérez. Aquele que foi o mais cotado para competir pela Ferrari no ano que vem enveredou por outro caminho. Três dias depois, lá veio a ‘Autosprint’, mais uma vez, atacar o brasileiro. “Por que Massa e não Pérez?”, questionou a revista, que sugeriu a possibilidade de Paul di Resta ou Hülkenberg migrarem para o lugar de Felipe. Essa alternativa também foi reforçada pela ‘BBC’.

A resposta de Massa para estas últimas informações que o tiravam da Ferrari foi dada na pista de Suzuka, no Japão. Em sua melhor apresentação do ano, ele subiu ao pódio após dois anos. Lito Cavalcanti, do ‘SporTV’, cravou, no fim de semana do GP da Coreia, que o acordo seria anunciado nesta terça-feira (16), o que foi negado pelas partes envolvidas.

No entanto, Massa voltou a fazer sua melhor corrida de 2012, com um consistente quarto lugar no GP da Coreia. Animou a todos. Domenicali não se preocupou mais em se esquivar de perguntas sobre a continuação de Massa, que também já se mostrava mais confiante. Nesta segunda-feira (15), Luca di Montezemolo confirmou que a decisão sairia nesta terça.

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