Renovação com Red Bull é plausível, mas não apaga fato claro: Pérez faz 2021 muito ruim

A renovação de ‘Checo’ Pérez com a Red Bull para 2022 diz muito mais sobre a falta de opções para a equipe taurina colocar no segundo carro do que propriamente por uma performance do mexicano, que somou só dois pódios em 14 corridas a bordo do melhor carro da temporada

Imagens do forte acidente que marcou a largada da Stock Car em Goiânia (Vídeo: Stock Car)

Antes da análise em si nas linhas que seguem, este que vos escreve vibrou com os três pódios e a grande temporada de 2012 de Sergio Pérez, na Sauber; comemorou a ida do mexicano para a McLaren no ano seguinte e lamentou por sua jornada em Woking não ter dado certo; sorriu com a volta por cima na Force India a partir de 2014 e até chorou com a vitória inesperada no GP de Sakhir pela Racing Point, triunfo que lhe valeu a saída da fila de desemprego e a assinatura de um então improvável contrato com a Red Bull. Mas apesar de todo o apreço pelo único latino-americano do grid, é preciso ser franco e direto: ‘Checo’ Pérez, mesmo já tendo vencido na temporada, no Azerbaijão, faz um 2021 muito ruim tendo à sua mão o melhor carro do grid na atualidade. Mesmo assim, sua renovação de contrato com os taurinos faz sentido e é plausível. Mas como?

O Pérez do ano passado foi um dos melhores pilotos do grid. Com uma equipe ascendente, que por muito tempo ao longo do campeonato foi a terceira força de 2020, ‘Checo’ conquistou seis top-5 em 17 corridas, sendo uma vitória, no GP de Sakhir, e o segundo lugar no GP da Turquia. Era esperado que o Pérez deste 2021 desse um salto de qualidade e fosse tão ou mais eficiente que Valtteri Bottas, o ainda número 2 da Mercedes. Mas em 14 GPs disputados, o piloto nascido em Guadalajara conquistou oito top-5, sendo apenas dois pódios: a vitória no Azerbaijão e o terceiro lugar no GP da França.

Muito, muito pouco para quem precisa ajudar a Red Bull a lutar contra a Mercedes pelo título do Mundial de Construtores. O placar hoje aponta 362,5 pontos para a equipe chefiada por Toto Wolff, 12 a mais que a equipe dos energéticos. E no comparativo com o finlandês, Pérez está 23 tentos atrás. Quase uma vitória de diferença.

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‘Checo’ Pérez vive fase embaraçosa com a Red Bull (Foto: Red Bull Content Pool)

‘Checo’ não consegue emplacar. Em ritmo de classificação, seu maior ponto fraco, o mexicano é sofrível e só colocou o carro #11 da Red Bull em seis oportunidades entre os quatro primeiros do grid, zona que lhe seria natural por ter o carro que tem. Em corrida, Pérez costuma andar muito melhor e tem ao seu lado a conhecida excelência na gestão dos pneus. Mesmo assim, a relação dos resultados conquistados até agora é muito aquém do que o piloto poderia alcançar e mais abaixo ainda do potencial da Red Bull.

Com tudo isso posto, por que a Red Bull optou pela renovação de contrato com Pérez?

O principal ponto é que ‘Checo’ não cria problemas para Max Verstappen, a prima-dona da Red Bull. Piloto de bom trato dentro da equipe, o mexicano sabe que é fundamental, para continuar no time de Milton Keynes, ser o chamado jogador de grupo, se dar bem com todo mundo e, sempre que possível, trabalhar em favor do holandês, hoje o grande favorito ao título na temporada. Pérez sabe seu patamar hoje dentro da Red Bull como número 2 de Verstappen.

Sobre este quesito, Christian Horner ressaltou justamente a capacidade como ‘team player’, ou jogador da equipe, ao mencionar o esforço do mexicano para ajudar Max Verstappen no fim de semana do GP da Itália.

“Ele deu ao seu companheiro de equipe o vácuo em todas as sessões e foi um jogador de equipe perfeito. É uma pena ele não ter ido ao pódio. Mas há algumas boas corridas por vir para ‘Checo’, e tenho a impressão que ele está mandando bem. Ele teve azar, e acho que esse jogo vai virar”, declarou o dirigente britânico.

SERGIO PÉREZ; RED BULL; CHRISTIAN HORNER;
Sergio Pérez tem o respaldo de Christian Horner para seguir na Red Bull (Foto: Mark Thompson/Getty Images/Red Bull Content Pool)

Além da sua capacidade de ajudar Verstappen na epopeia do holandês rumo ao título, outra questão é que Pérez é um piloto com 11 temporadas de experiência na Fórmula 1 e traz uma bagagem importante demais às vésperas da introdução da revolução nas regras e da nova geração de carros a partir de 2022. A maior parte das equipes do grid para o ano que vem vai contar com a combinação sempre bem-sucedida entre experiência e juventude nas suas respectivas duplas. Na Red Bull, Verstappen é um piloto sabidamente extraclasse, dos melhores que já apareceram nas últimas décadas, mas a cancha de ‘Checo’ não pode ser desprezada.

Pérez tinha, teoricamente, dois potenciais concorrentes à vaga. Pierre Gasly faz outra exuberante temporada pela AlphaTauri, já foi ao pódio e é um habitué do top-10. Inegavelmente, o francês merece um lugar numa equipe de ponta, até mesmo na Red Bull, mas o grande problema é que o jovem já foi testado na equipe tetracampeã do mundo, ao lado de Verstappen, e não deu certo. Claro que os tempos são outros: Gasly é um piloto muito mais amadurecido e melhor agora, mas a Red Bull o vê neste momento como o grande pilar para construir a AlphaTauri em torno de si, o que é pouco para seu enorme potencial.

O maior risco aí é o gaulês se encher, sair da estrutura da Red Bull, bater asas e voar. Mas para onde? Até nesse aspecto, as opções parecem muito restritas num futuro a médio prazo.

Alexander Albon corria bem por fora quanto às chances de voltar à Red Bull. Mas Christian Horner e Helmut Marko não desistiram totalmente do anglo-tailandês, e prova disso foi o impulso para colocar o piloto em 2022 na Williams, algo totalmente improvável meses atrás. Como substituto de George Russell e trabalhando com bem menos pressão do que costuma ser na equipe principal dos energéticos, Albon vai ter um novo horizonte para mostrar novamente seu valor até que possa estar novamente credenciado para voltar a ocupar um lugar na Red Bull.

Outras opções bem menos prováveis como Jüri Vips e Liam Lawson, por exemplo, ainda precisam amadurecer na Fórmula 2. E mesmo Dennis Hauger, que desponta como novo fenômeno e muito perto de conquistar a taça da Fórmula 3, ainda é uma joia que precisa ser lapidada. Ainda é cedo e há tempo de sobra.

Por tudo o que fez em dois terços de temporada até agora, Pérez talvez nem seja merecedor da renovação de contrato com a Red Bull, já que o mexicano vai ficar muito mais pela força das circunstâncias do que propriamente pelo que entregou.

 Mas pelo menos daqui em diante, sem tanta pressão por já estar com o futuro garantido por mais um ano, ‘Checo’ tem tudo para correr mais leve, relaxado e corresponder ao que a Red Bull espera dele desde sempre: marcar bons pontos com frequência, ajudar Verstappen e a própria equipe a buscar os dois títulos em jogo em 2021. Afinal, é para isso que Sergio Pérez foi contratado e teve renovado seu voto de confiança por parte dos comandados de Dietrich Mateschitz, Christian Horner e Helmut Marko.

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