Retrospectiva 2019: Antes aprendiz, Leclerc se candidata a líder da Ferrari

Charles Leclerc precisou aprender em 2019, mas não tardou em mostrar que também pode ser um líder dentro da Ferrari. A dúvida que resta tem a ver com a briga interna da Ferrari, contra Sebastian Vettel, que segue sem desfecho claro no horizonte

RETROSPECTIVA F1 2019
_F1 vive duas temporadas em uma, irrita e diverte ao mesmo tempo 
_Hamilton vive ano irretocável com hexa e atos de grandeza

_Excelente, Mercedes dá lição e se põe de novo imbatível
_Mesmo com vitórias, ano da Ferrari fica marcado por trapalhadas

_Ferrari se vê em situação incomum com Vettel x Leclerc e falha

Quando um piloto jovem assina com uma equipe de ponta, o roteiro costuma ser o de sempre. Um ano aprendendo com quem quer que seja o primeiro piloto, mais experiente, aproveitar oportunidades que surjam e torcer para no futuro virar a estrela. É um caminho que precisa ser trilhado, isso a menos que você seja verdadeiramente bom – como Lewis Hamilton foi em 2007 contra Fernando Alonso. Charles Leclerc, por mais que ainda esteja longe de alcançar o mesmo sucesso do britânico, começou a fazer algo parecido: deixar de lado a imagem de jovem aprendiz e colocar a mão na massa para tirar Sebastian Vettel do sério na Ferrari.

 
Não demorou para isso acontecer. Ainda na Austrália, GP em que a Ferrari esteve terrível, só uma ordem de equipe impediu Leclerc de superar Vettel. No Bahrein, duas semanas depois, o monegasco só não venceu por conta de um problema de motor. Por mais que Charles também cometesse erros, vide GPs do Azerbaijão, de Mônaco e da Alemanha, ficava claro que era questão de tempo até tudo se encaixar e os resultados virem aos montes.
Lewis Hamilton consola Charles Leclerc (Foto: Beto Issa)
E assim foi. Bastou a Ferrari melhorar um pouco na segunda metade do ano que vieram quatro poles seguidas, na Bélgica, na Itália, em Singapura e na Rússia. As duas primeiras provas acabaram em vitórias, isso enquanto Vettel sofria para trazer resultados. Marina Bay trouxe o alemão no alto do pódio e controvérsia entre os companheiros. Afinal, Charles se sentiu prejudicado pela estratégia. Sóchi só piorou a relação interna, já que Sebastian ensaiou não acatar uma ordem de equipe que beneficiaria o companheiro.
 
Só que o verdadeiro divisor de águas ficaria para o GP do Brasil, com o já famoso toque e abandono duplo de Leclerc e Vettel. Independente de quem tenha mais culpa no cartório, um debate que segue dividindo opiniões, fica notório que a relação entre os companheiros azedou. Se não isso, ao menos ficou aberta a briga para saber quem vai ser o primeiro piloto da equipe, o que implica em ter chances maiores de brigar por título no futuro.
 
Conhecendo melhor a Ferrari por dentro e já com mais experiência, Leclerc tem tendência de crescer mais. Se a Ferrari de 2020 for bem nascida, isso implica em brigar com vitórias desde o começo, virando um verdadeiro candidato ao título. Só que tudo isso ainda fica no campo da imaginação, já que é difícil prever o que vai acontecer com Vettel. É possível que o alemão acorde para a vida e volte a apresentar o nível de performance visto até meados de 2018, assim como também é possível que a temporada seja deprimente, com tantos erros quanto nos acostumamos a ver. Isso, por sua vez, seria ainda mais lenha na fogueira dos rumores de uma possível aposentadoria precoce.
Sebastian Vettel e Charles Leclerc se chocam em Interlagos (Foto: Reprodução)
Por pior que tal destino seja para a F1 em si, já que é chato ver um tetracampeão correr risco de dizer adeus de forma tão melancólica, Leclerc não teria do que reclamar. Seria a chance de ouro de se consolidar como estrela de Maranello, assim como aconteceu com Max Verstappen na Red Bull quando Daniel Ricciardo decidiu assinar com a Renault.

Ainda é puro exercício de futurologia pensar em algo parecido acontecendo na Ferrari, mas já deixa claro que Charles tem alguma vantagem. Do jeito que as cartas estão postas, é muito mais fácil o alemão desistir do que o monegasco. Leclerc foi criado para ser o menino de ouro da Ferrari e trilhou muito bem o caminho até aqui. Não é um acidente com o companheiro que vai fazer Mattia Binotto e companhia mudar de opinião do dia para a noite. Isso é algo que também se percebe na imprensa italiana, sempre ácida: as críticas ao ano da escuderia costumam ser um fardo para o veterano, não para o jovem.

 
Leclerc tem talento para guiar a Ferrari rumo a novos títulos, encerrando longo jejum. A pergunta que resta, então, é outra. Quando que isso vai acontecer? E como? São diversas as opções que surgem frente ao monegasco. Cabe a ele – e a Sebastian – decidir como proceder de 2020 em diante.
 

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