Retrospectiva 2019: Com campeão e altas expectativas, Alfa Romeo decepciona

A Alfa Romeo foi para uma nova fase em 2019: com orçamento mais rechonchudo, uma fábrica por trás e com Kimi Räikkönen ao volante, as expectativas eram de crescimento. No fim das contas, o que ficou na boca foi um gosto amargo

A temporada 2019 do Mundial de Fórmula 1 com uma grande mudança de curso entre as equipes: a Alfa Romeo, que patrocinou a Sauber em 2018, assumiu o nome da antiga equipe suíça e partiu para uma nova jornada trazendo de volta ao grid após mais de 30 anos. Com orçamento recebendo fermento, situação financeira revigorada e Kimi Räikkönen, esperava-se muito mais do que foi feito. 
 
A Alfa Romeo dobrou o investimento na equipe com relação ao ano anterior e reforçou os laços com a irmã Ferrari – ambas são braços do Grupo Fiat Chrysler – e foi para a temporada com Räikkönen ao lado de um Antonio Giovinazzi que estava nas posições frontais da fila dos pilotos que esperavam vaga há anos. 
 
Após um 2018 em que a Haas conseguiu disputar o posto de melhor do resto com a Renault, mesmo com as restrições orçamentárias de um time cliente contra uma equipe de fábrica, a animação da parceria com a Ferrari era justificada. 
 
De fato, o começo do campeonato apontou que talvez as expectativas de salto de qualidade fossem justas. Embora Giovinazzi mostrasse muitas dificuldades para ser competitivo, Räikkönen deixava evidente que o bólido era ao menos promissor. O finlandês pontuou nas quatro primeiras corridas – foram 13 pontos divididos entre Austrália, Bahrein, China e Azerbaijão. Depois de uma tríade de zeros, nova sequência positiva: mais de 13 pontos – 12 de Kimi e 1 de Giovinazzi – nos GPs da França, Áustria e Grã-Bretanha. Depois, o campeão de 2007 cravou mais seis pontos na Hungria para encerrar a primeira parte do ano.
Kimi Räikkönen (Foto: Alfa Romeo)
Naquele momento, a Alfa Romeo ocupava a sétima colocação do Mundial de Construtores, com 32 pontos. Estava à frente da Racing Point, da Haas e da Williams, apenas sete tentos atrás da Renault. Era digno para um recomeço. Räikkönen, enquanto isso, entrava no top-10 do campeonato: ocupava o oitavo lugar.
 
Mas o finlandês nunca deixou de mostrar que o carro, ainda que tivesse coisas interessantes, tinha algumas dificuldades fundamentais. "Não tem nada de muito errado, é só que falta velocidade”, resumiu em junho. "Em termos de corrida, tivemos algumas batalhas, mas, obviamente, se é como Mônaco e você está preso atrás, não é o melhor lugar para correr. Mas tiveram boas batalhas aqui e ali, então não diria que mudou muita coisa", falou. 
 
“Nós tivemos algumas batalhas apertadas em alguns lugares, porque os times do pelotão intermediário são muito próximos, então pelo menos tivemos algumas ultrapassagens neste ano. No geral, o trabalho dentro do time é o mesmo, só um pouco menos movimentado, o que é bom”, completou.
 
Entretanto, na virada do verão europeu, as coisas pioraram. Räikkönen parou de sobrar com relação a Giovinazzi, esse, sim, até um pouco melhor embora ainda longe de ser impressionante. O carro parou de render. Kimi marcou dois pontos na Itália e um em Singapura, mas a sequência de quatro corridas zerada era desesperadora para a Alfa Romeo.
 
Após a corrida na Rússia, Räikkönen deixou claro todo o incômodo: "Infelizmente apenas não possuíamos velocidade o suficiente. Só deu para ficar próximo da Toro Rosso, e mesmo assim [Pierre] só passei Gasly porque eles estavam lutando entre si (junto a Daniil Kvyat) e saiu da pista. Precisamos entender. As últimas quatro corridas foram pesadelos e precisamos entender o que está errado e onde podemos realizar ajustes".
Antonio Giovinazzi (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)
Na quinta-feira do GP do Brasil, Räikkönen comentou, em entrevista com a participação do GRANDE PRÊMIO, que toda semana era perguntado sobre o motivo do carro ter piorado e que a resposta seguia a mesma: "sabemos tanto quanto vocês."
 
Em Interlagos, entretanto, a Alfa acordou: classificou bem e terminou a prova com 22 pontos marcados. Räikkönen ficou em quarto, enquanto Giovinazzi fechou em quinto. Foi o grande momento antes de mais uma prova apagada em Abu Dhabi. 
 
O fim das contas foi com 57 pontos e o oitavo lugar do Mundial, à frente apenas de uma Williams com ares de nanica e uma Haas onde absolutamente tudo deu errado. De resto, todo mundo bateu a Alfa com certa vantagem: a Racing Point, sexta colocada, teve 16 pontos a mais. Räikkönen, antes oitavo no Mundial de Pilotos, fechou em 12º.
 
O primeiro ano passou e a Sauber já está distante. A Alfa Romeo precisa mostrar que tem a operação da Fórmula 1 sob controle, o que cabe a Frédéric Vasseur, que merece alguns créditos pela história que tem no esporte. Mas o carro precisa atender alguns critérios básicos: não ser mais lento entre todos os não-Williams mesmo com poderoso motor da Ferrari, por exemplo. 
 
Giovinazzi fica e precisa se prova, enquanto Räikkönen está sob contrato e, apesar das especulações sobre uma aposentadoria agora, nada concreto apareceu. A Alfa tem uma equipe consolidada há mais de ano, um chefe experiente, a parceria umbilical com a Ferrari e um campeão mundial no volante. Precisa mostrar mais em 2020.
 

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