Retrospectiva 2020: Leão de treino, Russell prova do que é feito ao volante da Mercedes

George Russell ainda precisa repetir aos domingos as atuações de sábado, mas isso não impede uma evolução nítida. O britânico termina 2020 em alta e, depois de pressionar Valtteri Bottas no GP de Sakhir, pronto para assumir um carro na Mercedes

George Russell iniciou a segunda temporada na Fórmula 1 com um objetivo claro: seguir evoluindo pessoalmente, mesmo sabendo que o carro da Williams dificilmente permitiria grandes performances ao longo de 2020. O objetivo de sair do buraco não é tão simples a ponto de pressionar o jovem britânico. Ainda assim, os meses passaram e a situação ficou clara: Russell é um piloto que pode fazer a escuderia sair do fim do grid.

Isso pôde ser apontado já nas primeiras corridas do ano. Russell, mesmo ainda com um carro repleto de pontos fracos, pelo menos tinha mais chances de brigar com as naufragadas Haas e Alfa Romeo. Fez bom uso: Russell foi ao Q2 em quatro dos cinco primeiros GPs do ano, chegando até mesmo ao ponto de largar em 11° após uma classificação chuvosa no GP da Estíria. Estava claro que os sábados do #63 eram sempre favoráveis, mas os domingos…

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George Russell brilhou muito mais nas classificações do que nas corridas (Foto: Williams)

Ah, os domingos. Russell desenvolveu o péssimo hábito de perder muito terreno durante as corridas, tanto por erros nas primeiras voltas quanto por pura falta de ritmo. O brilho de sábado dificilmente se repetia no dia seguinte. Os críticos abriam a boca, e com razão: chamar George de leão de treino não é exagero algum quando se vê uma perda de rendimento tão nítida assim. A cereja no bolo é que o 11° lugar de Nicholas Latifi no GP da Áustria, uma corrida de apenas 11 carros vendo a bandeira quadriculada, deixou o britânico na lanterna do Mundial de Pilotos.

A temporada seguia positiva, pero no mucho. Haas e Alfa Romeo avançavam na temporada e, mesmo com dificuldades, conseguiam pontuar em uma ocasião que outra. O GP da Toscana, em Mugello, era a grande chance da Williams e de Russell. Não porque o carro estava incrivelmente bom lá, mas porque sete carros abandonaram nas sete primeiras voltas, muito por conta do engavetamento marcante em uma das relargadas. Russell estava vivo na corrida e, pasmem, na zona de pontos. Só que a dificuldade em ritmo de corrida, aliada a uma estratégia que não funcionou muito bem, George caiu para 11° nas voltas finais. Não foi dessa vez.

Outra grande chance, só em Ímola. Em uma corrida acima da média, Russell entrou na zona de pontos após o abandono de Max Verstappen. Em décimo, o piloto da Williams teria de se defender com pneus velhos ao fim do período de safety-car. E um desastre aconteceu: o britânico cometeu um erro imperdoável ao bater sozinho enquanto aquecia os pneus. A corrida terminou com a dupla da Alfa Romeo na zona de pontos e com o pupilo britânico merecendo todas as críticas.

George Russell terminou o GP de Sakhir decepcionado, mas aplaudido (Foto: Mercedes)

A chance de redenção só viria para valer no GP de Sakhir, e de uma forma altamente inesperada. Mesmo com todos os cuidados, Lewis Hamilton contraiu Covid-19 e precisou se afastar. Russell, piloto desenvolvido pela Mercedes, foi escolhido como substituto. Era um momento de pressão para Valtteri Bottas, que seria comparado com seu provável substituto em um futuro não muito distante.

Curiosamente, foi um GP de opostos. Russell perdeu o 100% de aproveitamento contra companheiros de equipe no sábado, mas começou o domingo muito bem. O piloto largou melhor que Bottas e virou líder, dominando a maior parte da corrida. A derrocada veio de forma impensável: a Mercedes errou feio ao misturar pneus e essencialmente jogou a chance de vitória na lata de lixo. Mesmo que o resultado final seja um nono lugar com um dos carros mais dominantes da história, não se deixe enganar: o GP de Sakhir foi a redenção de George e a pedra fundamental para um futuro mais brilhante na F1.

Russell segue na Williams em 2021, mas em uma posição diferente. O britânico está valorizado no mercado, mostrando que vai ser no mínimo melhor que Bottas para o futuro. É cedo para dar um rótulo de novo Hamilton, mas o futuro promete. George termina com a pecha de leão de treino, mas dentro de alguns anos isso será coisa de um passado distante para alguém que pode voar alto na F1.

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